Revolução Francesa

A Revolução Francesa, ocorrida entre 1789 e 1899, foi uma revolta liderada pela burguesia da França a fim de romper com os aspectos sociopolíticos estipulados pelo Antigo Regime.

Por Cassio Remus de Paula

Mulher hasteando bandeira da França, cercada por homens armados, em pintura sobre a Revolução Francesa.
“A Liberdade guiando o povo”, icônica pintura de Eugene Delacroix, de 1830, que celebra a Revolução Francesa.
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A Revolução Francesa foi um período de manifestações ocorridas na França, entre 1789 e 1799, que tinham como objetivo a dissolução do Antigo Regime a favor de uma república democrática baseada nas ideologias fundamentadas pelo Iluminismo. Sob o lema de “Liberdade, igualdade e fraternidade”, a revolução passou por diversos momentos conflituosos e relativamente bem-sucedidos, colocando um fim definitivo no Antigo Regime,  mas foi encerrada com um golpe de Estado liderado por Napoleão Bonaparte.

Leia também: Era Napoleônica — fatos marcantes desse período da história francesa

Resumo sobre Revolução Francesa

  • A Revolução Francesa foi uma revolta liderada pela burguesia francesa a fim de romper com o Antigo Regime.
  • O Antigo Regime estratificava as classes econômicas francesas em três estamentos.
  • Na década de 1780, a dívida do tesouro francês refletiu na miséria do povo e na alta cobrança de impostos da classe burguesa.
  • Uma Assembleia dos Estados Gerais foi convocada a fim de apaziguar as exigências do Terceiro Estado, formado por aqueles que não compunham o clero ou a nobreza.
  • A discrepância de pesos nos votos levou o Terceiro Estado a fundar uma Assembleia Nacional, de onde se fundamentou a primeira Constituição de uma república francesa.
  • Na assembleia, a estrutura do Antigo Regime foi dissolvida.
  • Os objetivos da assembleia foram inspirados no Iluminismo e na independência dos EUA.
  • Havia objetivos em desacordo dentro da própria assembleia, o que levou a maioria dos representantes, formada por jacobinos, a perseguir os seus rivais girondinos.
  • O líder jacobino, Robespierre, iniciou um governo autoritário de eliminações físicas em massa de todos os opositores de seus ideais revolucionários.
  • Com a desaprovação geral do governo instaurado, Robespierre foi executado, e os girondinos passaram a liderar a assembleia.
  • Novas tensões entre as facções políticas francesas levaram o general Napoleão Bonaparte a executar um golpe de Estado, pondo fim à revolução no ano de 1799.
  • A Revolução Francesa inspirou revoltas em todo o Ocidente, inclusive nas Américas, onde foram obtidas diversas conquistas de independência.
  • Essa revolução redefiniu os perfis ideológico, cívico e político de grande parte do Ocidente, marcando o fim da Idade Moderna e o início da Idade Contemporânea.

Videoaula sobre Revolução Francesa

O que foi a Revolução Francesa?

A Revolução Francesa foi um período de manifestações populares organizadas pela burguesia da França entre os anos de 1789 e 1799. O seu principal objetivo era romper com a estrutura sociopolítica estabelecida pelo Antigo Regime do país, ou seja, a estrutura dividida em três Estados que beneficiava o clero e a nobreza, em detrimento da burguesia e das camadas mais pobres. Essa revolução foi tão impactante para a história da Europa, que significou o término da Idade Moderna e o início da Idade Contemporânea.

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Antecedentes históricos da Revolução Francesa

Desde o advento da Idade Moderna até o final da década de 1780, a estrutura social da França era dividida em três estamentos:

  • o Primeiro Estado, composto pelo clero,
  • o Segundo Estado, formado pela nobreza, e
  • o Terceiro Estado, que englobava todos os demais, ou seja, cerca de 98% da população.

O Terceiro Estado era composto pelas diversas camadas da burguesia (a alta, formada por banqueiros, industriais e grandes comerciantes; a média, representada por profissionais liberais e empresários de menor posse; e a baixa, constituída por camponeses, operários, pequenos comerciantes e artesãos) e pelas camadas mais pobres da sociedade, incluindo os miseráveis, desempregados e moradores de rua (apesar dessas camadas serem negligenciadas pelo próprio Terceiro Estado).

O Terceiro Estado era formado por cerca de 20 milhões de pessoas que eram obrigadas a pagar altos tributos ao rei (cerca de 50% de seus ganhos) que, nos momentos que antecederam a revolução, era um cargo ocupado por Luís XVI. Em contrapartida, o Segundo Estado era isento de impostos, assim como o Primeiro Estado que, aliás, detinha cerca de 20% das terras francesas e outros privilégios negados para a burguesia.

Homem carregando outros dois, representando a estrutura social na época da Revolução Francesa.
Na charge francesa de 1789, o Terceiro Estado sustentando o clero e a nobreza.

Crise financeira na França

A partir da segunda metade do século XVIII, a França passou a encarar uma grave crise financeira, oriunda do esforço econômico aplicado pelo rei em conflitos como a Guerra dos Sete Anos e a Guerra da Independência dos Estados Unidos, ambas travadas principalmente em disputa contra a Inglaterra. Consequentemente, a crise recaiu sobre o Terceiro Estado, que se viu assolado por um colapso no setor alimentício de subsistência, ou seja, pela fome.

Assembleia dos Estados Gerais 

Com a crise, as camadas mais pobres passaram a protestar por toda a França. Ciente de sua influência, a burguesia passou a apoiar o povo e a tomar medidas para combater as injustiças cometidas pelo rei, bem como pelos Primeiro e Segundo Estados. Temeroso com a pressão do Terceiro Estado, a fim de apaziguá-lo, o rei concordou em convocar a Assembleia dos Estados Gerais no ano de 1789, medida que havia sido tomada pela última vez apenas em 1614.

As reivindicações propostas pelo Terceiro Estado para combater o reflexo da crise não foram aprovadas de início porque, apesar de a maioria dos representantes da burguesia estar presente na assembleia, apenas um voto por Estado era levado em consideração para encerrar as decisões. Ou seja, nesse caso, o clero e a nobreza se sobressaíram contra a burguesia, o que acarretou uma intensa desaprovação dos representantes do Terceiro Estado.

→ Assembleia Nacional Constituinte

Percebendo que a opinião popular apoiava a burguesia diante do impasse, os representantes do Terceiro Estado anunciaram uma assembleia própria, a Assembleia Nacional, sem a participação dos demais. Consequentemente, os Primeiro e Segundo Estado protestaram contra a cisão, mas como não obtiveram sucesso, aceitaram participar da nova conferência (após muita insistência de Luís XVI), dessa vez presidida por membros do Terceiro Estado.

Em 9 de julho de 1789, tinha-se início a Assembleia Nacional Constituinte, que tinha como objetivo a elaboração de uma Constituição francesa que garantisse a ascensão social e política do Terceiro Estado, dissolvendo-se os poderes do clero e da nobreza.

→ Queda da Bastilha

Gravura representando a queda da Bastilha, primeiro momento da Revolução Francesa.
A queda da Bastilha marcou o primeiro momento da Revolução Francesa.[1]

Inquietos com o progresso da assembleia, em 14 de julho de 1789, diversos cidadãos pegaram em armas e invadiram a fortaleza de Bastilha, em Paris. A fortificação era vista como um símbolo da imponência absolutista, e sua tomada não apenas libertou os insurgentes ali aprisionados e abasteceu os revoltosos com as armas de seu arsenal, mas também significou uma afronta à hegemonia do rei, marcando o que é considerado oficialmente como início da Revolução Francesa.

Veja também: Criação do Estado moderno e suas principais características

Líderes da Revolução Francesa

Entre os líderes da Revolução Francesa, destacaram-se:

  • Maximilien Robespierre

Líder dos jacobinos, Robespierre era o principal representante do Terceiro Estado nas assembleias. Influenciado pelo Iluminismo, foi um dos defensores mais enfáticos de um governo republicano e democrático, assim como da abolição da escravidão e da garantia de direitos de propriedade e liberdade para o povo, apesar de se voltar apenas ao sexo masculino da população.

Com a supremacia dos jacobinos sobre a Convenção Nacional, tornou-se líder autoritário da França entre 1793 e 1794, período que ficou conhecido como o “Terror”, em decorrência do alto número de decapitações por guilhotina dos possíveis traidores do novo regime. A desaprovação popular o levou a ser deposto por um golpe e à sua subsequente execução.

  • Jean-Paul Marat

O jacobino Marat representava a camada mais pobre do Terceiro Estado, formada pelos sans-culottes. Assim como Robespierre, defendia uma revolução violenta e impiedosa a todos os que se opunham aos ideais de uma república democrática. No entanto, em julho de 1793, foi assassinado por uma simpatizante dos girondinos, tornando-se mártir da causa revolucionária. Sua morte serviu de bode expiatório para a intensificação das perseguições aos opositores políticos de Robespierre.

  • George-Jacques Danton

Danton foi o primeiro chefe do Comitê de Salvação Pública (grupo de centenas de milhares de franceses com o objetivo de conter as insurgências contrarrevolucionárias) e importante disseminador do Terror. Representava um dos principais oradores da revolução, incitando à queda oficial da monarquia em 1792, a fundação da Convenção Nacional e a consolidação da República naquele mesmo ano.

Apesar de ser um importante aliado de Robespierre, as suas reprovações ao regime autoritário o levaram a ser condenado e executado na guilhotina, uma perda para os ideais jacobinos que levou à rápida queda de seu líder.

  • Olympe de Gouges

Uma das precursoras do movimento feminista de toda a história, de Gouges era uma proeminente escritora francesa que redigiu a “Declaração dos Direitos da Mulher e da Cidadã”, em resposta à “Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão”, promulgada em 1789, que garantia a liberdade e a igualdade dos franceses apenas do sexo masculino. As suas reivindicações por igualdade de gênero na república francesa passaram a confrontar Robespierre, que ordenou a sua execução na guilhotina em 1793.

Olympe de Gouges, uma precursora do feminismo que atuou na Revolução Francesa.
Olympe de Gouges, uma precursora do feminismo que atuou na Revolução Francesa.
  • Camille Desmoulins

Foi um dos principais incitadores da ocupação da Bastilha e importante disseminador dos ideais da revolução, divulgados por meio de panfletos abertamente críticos ao Antigo Regime (como o La France Libre). A sua reprovação pela violência do Terror o levou a ser guilhotinado em 1794.

  • Marquês de Lafayette

Veterano da Guerra da Independência norte-americana contra os ingleses, Lafayette foi nomeado líder da Guarda Nacional francesa em 1789, após a queda da Bastilha, e tornou-se coautor da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão. Favorável a uma monarquia constitucional, fugiu do Terror em 1792, mas retornou à França após se encerrar a revolução. Após anos de crítica a Napoleão, foi também um dos responsáveis por dissolver a dinastia Bourbon em 1830.

Causas da Revolução Francesa

As principais causas da Revolução Francesa foram o Iluminismo e a conquista da independência dos Estados Unidos sobre os colonos ingleses. Neste sentido, o Iluminismo contestava diversos aspectos do Antigo Regime em defesa de valores contrários à estrutura sociopolítica definida, em sua maioria, pela Europa moderna.

Entre os ideais defendidos pelos iluministas do século XVIII, podem-se citar diversos preceitos relacionados à liberdade, como:

  • o direito à vida e à propriedade,
  • o livre pensamento,
  • o uso da razão em oposição aos dogmas religiosos,
  • os princípios da democracia e da república,
  • a cientificidade e, por fim,
  • o comércio exercido sem a interferência do Estado, o que inclui a extinção de altos impostos — aspectos que se tornaram cruciais para a recém-formada classe burguesa.

Esses fundamentos iluministas se mostraram eficazes para a burguesia norte-americana primeiramente, quando da independência dos Estados Unidos (1776), cuja Constituição, aprovada em 1787, passou a vigorar dois anos mais tarde. A ruptura do país com a Inglaterra não apenas inspirou os revolucionários franceses, como também contou com a participação de alguns dos heróis da independência estadunidense como o Marquês de Lafayette.

Quais os objetivos da Revolução Francesa?

Os objetivos da Revolução Francesa consistiam em abolir o Antigo Regime estratificado em três estamentos para dar poder social à burguesia, ainda que pretendesse universalizar direitos aos cidadãos franceses até das classes mais pobres (desde que do sexo masculino). Por “revolução”, compreende-se que a França precisaria passar por um radical processo de transição que redistribuísse a estrutura social de maneira menos injusta, ao menos em teoria.

“Liberdade, igualdade, fraternidade”, lema da Revolução Francesa gravado em uma pilastra.
Liberdade, igualdade, fraternidade, o lema francês eternizado pela revolução.

Entre esses objetivos, podemos citar principalmente:

  • a dissolução do absolutismo e subsequente instauração de uma república democrática (ou, pelo menos, uma monarquia constitucional),
  • a extinção dos privilégios para a nobreza e o clero (cujas riquezas deveriam ser confiscadas pelo Estado reformado),
  • a separação entre Estado e Igreja (laicização) e
  • a dissolução do sistema econômico feudal.

Para alcançar esses objetivos, muitos revolucionários como Robespierre, Danton e Marat, em maior e menor grau, eram a favor da eliminação física de seus contestadores — algo que passou a ser exercido entre 1793 e 1794, com a decapitação de milhares de girondinos, realistas e até mesmo jacobinos.

Fases da Revolução Francesa

As fases da Revolução Francesa estão relacionadas a seus respectivos conjuntos de eventos. Elas podem ser divididas da seguinte forma:

→ Assembleia Nacional (1789-1791)

Os primeiros momentos da revolução foram marcados pelas decisões tomadas na Assembleia Nacional, que refletiram principalmente nas ruas da cidade de Paris. Por meio dessa assembleia, registraram-se as primeiras tentativas de ruptura com os antigos costumes feudais mantidos pelo absolutismo, da qual se originou, pouco tempo depois, a Assembleia Nacional Constituinte, que formulava a primeira Constituição republicana da França, bem como a promulgação da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, o confisco dos bens da Igreja Católica e sua submissão ao Estado (por meio da Constituição Civil do Clero). Nesse período, a queda da Bastilha marcou oficialmente o início da revolução.

Representação da assembleia em 1789, na primeira fase da Revolução Francesa, reproduzida ao final do século XIX.
Representação da assembleia em 1789, na primeira fase da Revolução Francesa, reproduzida ao final do século XIX.

→ Monarquia Constitucional (1791-1792)

Temeroso com os revolucionários, o rei pretendia fugir com sua família para a Áustria, onde se reuniria com os aliados para retomar o poder absoluto da França, mas, no caminho, foi reconhecido, aprisionado e levado de volta a Paris. Com a publicação da Constituição de 1791, iniciou-se o breve período da monarquia constitucional francesa, o que significava que o poder do rei Luís XVI havia sido reduzido devido à separação do Estado em três poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário).

Doravante, criou-se a Convenção Nacional, ocupada por três grupos principais que, anteriormente, representavam o Terceiro Estado:

  • os jacobinos, liderados por Robespierre, Marat e Danton, que representavam as classes trabalhadora (majoritariamente sans-culottes) e a pequena burguesia;
  • os girondinos, chefiados por Jacques-Pierre Brissot e Madame Roland, que consistiam na alta burguesia formada pelos grandes donos de terras, negócios ou indústrias; e
  • os planícies, representantes que defendiam reivindicações mistas, geralmente compostos por membros da média burguesia.

→ A Primeira República e o “Terror” (1792-1794)

Apesar de a Primeira República francesa ter sido declarada em setembro de 1792, os jacobinos estavam insatisfeitos com as exigências de seus rivais. Com isso, passaram a adotar medidas radicais, como a execução de Luís XVI e a expulsão dos girondinos da Convenção Nacional. Em 1793, o líder jacobino Robespierre proclamou-se chefe do Estado francês, exercendo um governo autoritário de perseguição e decapitação de milhares de opositores girondinos, realistas e, até mesmo, outros jacobinos, no período conhecido como o “Terror”.

Guilhotina, principal meio de execução usado na Revolução Francesa, especialmente durante o Terror.
Guilhotina, principal meio de execução usado na Revolução Francesa, especialmente durante o Terror.

→ Reação Termidoriana e o Diretório (1794-1799)

A desaprovação a Robespierre o levou ao aprisionamento e subsequente execução por guilhotina, colocando os girondinos no poder da Convenção Nacional. Doravante, diversas medidas jacobinas foram revogadas, como o voto universal masculino e abolição da escravidão em colônias francesas. Em 1795, foi lançada uma nova Constituição, fundando-se o período do Diretório, que até o ano de 1799, foi governado por uma burguesia moderada; mas nem todas as medidas da revolução foram dissolvidas, mantendo-se a exclusão do poder político aos clérigos e nobres.

O excesso de corrupção e uma nova crise econômica gerou novas insurgências contra o Diretório, o que levou à solicitação, por parte de alguns de seus membros, do auxílio do mais bem-sucedido general francês do final do século XVIII, Napoleão Bonaparte. Por meio do Golpe de 18 Brumário, ocorrido em 9 de novembro de 1799, Napoleão colocava um fim à Revolução Francesa.

Consequências da Revolução Francesa

Entre as consequências quase imediatas da Revolução Francesa, podemos citar a ascensão de um governo republicano em oposição ao Antigo Regime, o que significou a dissolução do sistema feudalista e a ruptura de benefícios garantidos ao clero e à nobreza; ao mesmo tempo, significou a primeira reconfiguração de modelo cívico dedicado a proteger seus cidadãos tanto jurídica quanto democraticamente, tendo-se como resultado a primeira formulação dos direitos humanos.

Apesar de a maioria de seus autores não ter considerado, ainda, a igualdade para as mulheres na França, muitas das conquistas foram revogadas com a Reação Termidoriana. Dessa revolução, fortaleceu-se a classe burguesa, que passou a substituir o poder econômico deixado pela nobreza.

O evento também significou novos conflitos entre a França e coligações monarquistas, receosas com a influência da revolução. Mesmo assim, seus ideais, literalmente, atravessaram o oceano Atlântico, resultando em movimentos revolucionários nas Américas (primeiro no Haiti, e depois por toda a América Latina).

As tensões resultadas da revolução também levaram à ascensão de Napoleão Bonaparte, que formaria um império e conquistaria quase toda a Europa no início do século XIX, o que resultou também em mudanças sociopolíticas no continente americano (o rei D. João VI de Portugal, por exemplo, fugiu para o Brasil para escapar das conquistas napoleônicas).

A Revolução Francesa foi tão impactante para o mundo ocidental que seu advento significou o fim da Idade Moderna e o início da Idade Contemporânea.

Saiba mais: Independência da América Espanhola — uma consequência da Revolução Francesa

Exercícios resolvidos sobre Revolução Francesa

1. (IFSP) Antes de 1789, inúmeros problemas devastavam a França, o que a levou à grande revolução de 14 de julho. Assinale a alternativa que contém os fatores que propiciaram o surgimento da Revolução.

a) O decreto do Bloqueio Continental por Napoleão Bonaparte, o que levou praticamente toda a Europa a uma guerra. Esta, fazendo milhares de vítimas entre os franceses, trouxe um colapso à economia (pela diminuição da mão de obra), o que levou o país à revolução de 14 de julho.

b) A coroação de Luís XIV como o “rei Sol”. Monarca vaidoso e perdulário, construiu Versalhes, solapando as finanças francesas, o que levou o país a imensos déficits. Descontentes com a situação, filósofos iluministas pregavam a substituição da monarquia por uma república e a luta entre monarquistas e republicanos levou ao início da revolução.

c) O enorme déficit causado por altos gastos com a corte e o pagamento de dívidas aliado às baixas receitas, recaindo todo o ônus dos impostos sobre o Terceiro Estado. Além disso, o ideário iluminista adotado pela burguesia fez que esta se dispusesse a lutar por uma igualdade jurídica.

d) A França estava devastada pelas guerras de religião, havendo perseguições e assassinatos de huguenotes pelos católicos. Buscando a paz social, o rei Luís XIV estabeleceu o Édito de Nantes, trazendo a liberdade religiosa. Descontentes com a medida real, os católicos depuseram e aprisionaram o rei, o que deu início à revolução.

e) O surgimento da Revolução Industrial na França, o que levou milhares de camponeses às cidades, em busca de melhores condições de vida. Não encontrando trabalho (não conheciam o trabalho fabril), vivendo nas ruas e lançados à miséria, grande parte da população de Paris invadiu a Bastilha, buscando um teto para se abrigar do rigoroso inverno francês. O rei reagiu expulsando os invasores, o que deu início à revolução.

Resposta: C. A Corte havia, recentemente, reduzido o Tesouro Nacional com o investimento em guerras ultramarinas. O meio para sanar a dívida foi o aumento os impostos sobre a burguesia, do Terceiro Estado, consolidada sobre aspectos dos ideais iluministas de liberdade econômica e social.

2. (UEM-PR) No final do século XVIII, a Revolução Francesa colocou fim ao Antigo Regime na França. Sobre esse processo revolucionário, assinale a(s) alternativa(s) correta(s).

a) (    ) A Revolução Francesa foi animada por princípios tais como a liberdade, a igualdade e a fraternidade, além do direito à propriedade. No entanto, em distintos contextos e para diferentes grupos sociais, esses princípios têm significados diferentes.

b) (   ) Às vésperas da Revolução, a sociedade francesa era caracterizada pela desigualdade jurídica. Naquela sociedade os direitos e deveres do clero, da nobreza e do Terceiro Estado eram distintos.

c) (   ) A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, de 1789, constitui-se em uma afirmação de princípios tais como: igualdade jurídica, liberdade e proteção do indivíduo contra o arbítrio do Estado, entre outros.

d) (    ) Ao final do processo revolucionário, o estabelecimento da República Popular da França (RPF) significou uma vitória dos ideais políticos dos girondinos, grupo liderado pelos sans-culottes.

e) (   ) Com a vitória final dos revolucionários, em 1798, a República foi estabelecida na França. Desde então impera naquele país uma democracia, com o poder sendo exercido conjuntamente pelo Primeiro-Ministro e pelo Presidente.

Respostas corretas: A, B e D

A) Os princípios de liberdade, igualdade e fraternidade adaptavam-se aos interesses da burguesia, insatisfeitas com as imposições econômicas do Antigo Regime.

B) O Terceiro Estado era o único a arcar com pesados impostos e sustentar os Primeiro e Segundo Estados, os quais, por sua vez, detinham a grande maioria de propriedades por toda a França.

D) A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão tornou-se um dos primeiros documentos a legitimar diversas das teorias políticas e sociais fundamentadas pelo Iluminismo, garantindo diversas convenções reconhecidas posteriormente pelas demais repúblicas democráticas do mundo.

Créditos da imagem

[1] Wikimedia Commons

Fontes

CHARTIER, Roger. Origens culturais da Revolução Francesa. São Paulo: UNESP, 2009.

HOBSBAWM, Eric. A Era das Revoluções. Rio de Janeiro: Editora Paz e Terra, 1996.

HUNT, Lynn. Política, cultura e Revolução Francesa. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.

LEFEBVRE, Georges. 1789: O surgimento da Revolução Francesa. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2019.

MICELI, Paulo. As revoluções burguesas. São Paulo: Editora Atual, 1994.

PINSKY, Carla B. História da cidadania. São Paulo: Editora Contexto, 2015.

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