Burguesia

Burguesia é a classe social que vive do comércio. Ela foi formada a partir da crise do feudalismo e do surgimento de novas cidades e existe até hoje.
Representantes da burguesia.
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Burguesia é uma classe social que surgiu na Europa no fim da Idade Média com a crise do feudalismo, formando-se nos burgos, cidades construídas fora dos feudos quando estes estavam em decadência. Ela tomou espaço nas cidades por meio do comércio e é composta por aqueles que são os donos dos meios de produção.

Tendo como principal característica a posse dos meios de produção, a burguesia é uma classe social que foi consolidada no sistema capitalista e que ainda existe, mas de maneira expandida e com capital internacional, com a existência, por exemplo, de bancos e de empresas multinacionais.

Leia também: Capitalismo — o sistema econômico que se consolidou a partir da Primeira Revolução Industrial

Resumo sobre burguesia

  • A burguesia é uma classe social que surgiu no final da Idade Média, nos burgos, cidades construídas fora dos feudos quando estes estavam em decadência. O modo econômico burguês tomou espaço nas cidades por meio do comércio. Essa classe existe até hoje, tendo passado por várias mudanças ao longo do tempo.

  • A principal característica da burguesia é a posse. São os burgueses os donos dos meios de produção.

  • A origem da burguesia se deu com o fim do feudalismo, a Peste Negra, a fuga de servos para os burgos, o crescimento demográfico da Europa, as Cruzadas e os produtos vindos do Oriente para serem comercializados.

  • A burguesia se desenvolveu e se dividiu em alta, média e pequena burguesia. A alta burguesia se aproximou da aristocracia para obter poder. A média burguesia era composta por profissionais liberais, e a pequena era formada, em sua maioria, por artesãos, que, para competirem com os grandes comerciantes da alta burguesia, se associavam em corporações de ofício.

  • A burguesia mercantil foi caracterizada pelo comércio em outros países com o início da Era Moderna e as Grandes Navegações. Passou a adotar também ideais iluministas e do Renascimento, como o metalismo, acúmulo de capitais e balança comercial favorável.

  • A burguesia industrial foi responsável pela Revolução Industrial, pois burgueses da alta burguesia possuíam capital suficiente para investir na formação das primeiras grandes fábricas. Passaram, também, a explorar com mais afinco os trabalhadores, cujo conjunto é chamado de proletariado.

  • A luta de classes entre burguesia e proletariado se deu principalmente pós-Revolução Industrial, quando autores como Marx e Engels passaram a denominar as duas classes como irreconciliáveis, já que uma vivia da venda de sua força de trabalho em troca de um salário enquanto a outra explorava e lucrava valores enormemente desproporcionais ao que era pago aos que trabalhavam.

  • Burguesia e nobreza foram rivais até a Revolução Francesa, quando a burguesia, até então considerada terceiro Estado (os outros dois eram resquícios feudais: nobres e clero), se revoltou e tomou o poder, acabando com os privilégios estamentais dos outros dois.

  • Hoje, a burguesia é globalizada, com burgueses ricos, milionários e bilionários que continuam vivendo da exploração da força de trabalho por meio da detenção dos meios de produção, havendo ampliação de seus investimentos em outros países diferentes dos seus, como no caso das empresas multinacionais.

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O que é burguesia?

Burguesia é a classe social composta pelos donos dos meios de produção (o que abrange comércio, indústria, proprietários de imóveis e terras, banqueiros). Surgiu com a crise do feudalismo na Idade Média e passou a ser dominante no sistema capitalista após a Revolução Francesa.

Principais características da burguesia

As principais características da burguesia são a posse dos meios de produção e a acumulação de riquezas via lucro. Porém, há questões também no que diz respeito aos costumes, que foram mudados a partir de sua ascensão, substituindo a forma de viver do feudalismo.

Passou-se, então, de uma cultura fechada para organizações de corporações e divisão do trabalho. A burguesia também mudou a forma das cidades, que antes existiam só dentro dos feudos. Com o comércio por ela praticado, as rotas foram se expandindo, bem como as cidades, que não ficavam mais enclausuradas em muralhas.

Origem da burguesia

A origem da burguesia remete à Baixa Idade Média e à crise do feudalismo após a Peste Negra, principalmente, já que depois da epidemia, com a morte de um terço da população, houve, de início, uma fase de superexploração dos servos nos feudos, que, revoltados, fugiram para as cidades que começavam a ser formadas fora dos muros. Ou seja, ocorreu uma fuga dos servos para os burgos.

Posteriormente, houve o incentivo de repovoamento do continente. Com isso, ocorreu um boom de nascimentos e consequente crescimento demográfico. Essas pessoas, tanto alguns ex-servos fugidos que aprenderam ofícios, sobretudo artesanato, quanto novas pessoas que já nasciam e constituíam suas vidas nos burgos (cidades fora do feudo), foram chamadas de burgueses. Os burgueses viviam primordialmente do comércio.

Esse comércio começou a ser mais dinamizado desde as Cruzadas, ainda na Idade Média. As guerras santas também envolviam questões econômicas, e grandes trocas aconteciam. Assim, começaram a chegar na Europa produtos do Oriente, que passaram a ser vendidos por alto custo. Foi dessa maneira que a burguesia começou a obter seus lucros.

A Igreja Católica, a princípio, não via com bons olhos essa novidade social e econômica, pois retirava-lhe o grande poder que teve durante todo o feudalismo e, para justificar, não dizendo diretamente que era uma disputa de poder, a Igreja começou a condenar o lucro como pecado.

É bom lembrar que, antes, no feudalismo, o regime era de senhores feudais (nobres), clero (Igreja) e servos (trabalhadores), sendo que os dois primeiros tinham privilégios e os que trabalhavam tinham direito apenas ao usufruto da terra e de pequenas produções em terras comunais.

Desenvolvimento da burguesia

Após essa fase inicial de venda, em feiras de burgos, de produtos do Oriente e artesanatos, além de itens colhidos nas terras onde ainda conseguia plantar, a burguesia urbana passou a se organizar, surgindo, assim, as corporações de ofício, em que pessoas que produziam um mesmo produto se associavam, se apoiavam e se protegiam.

Essas organizações também ordenavam a produção, que já tomava outras proporções e precisava de regras, padrões e normas. Quem executava essa função eram os mestres de ofícios — por exemplo, mestres artesãos. Esse setor se desenvolveu e se organizou primeiramente para a produção têxtil de lã e seda.

Nas oficinas, a hierarquia na divisão do trabalho também começou a ser percebida, à medida que os trabalhadores se tornavam funcionários do mestre. Eles eram chamados de “jornaleiros” e chegavam a morar nas oficinas. Abaixo deles, na microdivisão de poder de uma oficina, existiam os aprendizes, que eram bem jovens e estavam lá para aprender sobre o ofício, muitas vezes não recebendo nada além de comida e lugar para dormir.

Tal organização também tinha um fim político: enfrentar os grandes mercadores, tomando deles o poderio econômico e político. Começavam a ser definidas ali divisões dentro da própria nova classe social:

  • Alta burguesia: composta pelos grandes mercadores que já existiam e eram ricos e poderosos por terem se envolvido na aristocracia. Muitos deles começaram a abrir os primeiros bancos.

  • Média burguesia: composta pelos profissionais liberais (como foram chamados mais tarde), como, por exemplo, os médicos.

  • Pequena burguesia: composta pelos membros das corporações, donos de pequenos comércios e pequenas propriedades de terra.

Representação dos burgueses.
Representação dos burgueses.

Burguesia mercantil

A partir do século XV, na Europa, aconteceram os primeiros movimentos do Iluminismo e Renascimento, que atingiram a cultura, mas também a economia. Nesse período que marca o início da Idade Moderna, a burguesia adotou ideias mercantilistas, como o metalismo, a balança comercial favorável (vender mais do que comprar) e o acúmulo de capital (riqueza composta de metais preciosos). O comércio marítimo também é uma marca do período, que teve as Grandes Navegações.

Acesse também: Mercantilismo — o conjunto de práticas econômicas utilizado durante a Idade Moderna

Burguesia industrial

A alta burguesia foi diretamente responsável pela Revolução Industrial e passou a ser chamada de burguesia industrial. Movida pelo ímpeto de aumentar seus lucros, criou as primeiras fábricas, pois detinha os meios de produção e capital para investir. Nesse período, essa subdivisão da classe burguesa, que já tinha se aproximado antes da aristocracia, começou a adotar modos de vida e até roupas dos antigos nobres. Também realizava casamentos com estes para selar acordos e negócios.

Burguesia x proletariado

Estátua representando uma pessoa do proletariado trabalhando para a burguesia. [1]
Estátua representando uma pessoa do proletariado trabalhando para a burguesia. [1]

Para os autores Karl Marx e Friedrich Engels, passaram a existir apenas duas classes a partir do surgimento da burguesia e são duas classes que estão em constante oposição (luta de classes):

  • Burguesia: a classe detentora dos meios de produção.

  • Proletariado: a classe que trabalha para a burguesia, sendo explorada em troca de um salário.

Para os marxistas (autores que surgiram depois de Marx e formaram uma linha de estudos em variadas áreas do conhecimento), essa divisão da sociedade em classes é desigual, pois os lucros obtidos pela burguesia em cima do que é produzido pelos que trabalham é desproporcionalmente maior. Essas ideias foram as que balizaram mais tarde, por exemplo, a Revolução Russa em seus anos iniciais e diversas outras insurreições no mundo ao longo do tempo.

Burguesia x nobreza

Mesmo com todas as inovações trazidas por novos modos e costumes da burguesia e da vida nas cidades, ainda eram mantidos os poderes dos nobres e do clero. O Estado era absolutista na Idade Moderna.

Assim, a burguesia, por mais que tivesse se aproximado da aristocracia e conseguido furar um pouco essa conformação, foi, até a Revolução Francesa, considerada como terceiro Estado — o que não era mais visto como interessante, principalmente porque a burguesia era a classe que dava suporte financeiro à nobreza e Igreja, já que não pagavam impostos.

Mas, a partir de 1789, com o processo revolucionário francês, burgueses se opuseram definitivamente a continuar assim e tomaram o poder, combatendo a monarquia, com apoio popular. Os privilégios dos dois estamentos, ainda feudais, acabaram a partir de então.

Saiba mais: Absolutismo — o sistema político que defendia o poder absoluto do monarca sobre o Estado

Burguesia nos dias de hoje

Pode-se dizer que hoje a burguesia é globalizada, pois os burgueses continuam vivendo da exploração da força de trabalho por meio da detenção dos meios de produção. Além das grandes empresas nacionais, como os bancos, há hoje uma característica marcante do próprio sistema capitalista e da globalização: a existência de empresas multinacionais.

Em relação a essas empresas, os donos dos meios de produção, ou seja, donos de fábricas e grandes empresas, montam-nas em outros países, com trabalhadores que vendem sua mão de obra por menor preço, fazendo com que os burgueses aumentem mais ainda seus lucros.

Crédito de imagem

[1] Blik Sergey / Shutterstock

Por Mariana de Oliveira Lopes Barbosa

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