Primeiro Reinado

O Primeiro Reinado foi o período da monarquia brasileira, iniciado após a Independência do Brasil, em que Dom Pedro I governou o país.
Pintura de Dom Pedro I, o governante do Brasil durante o Primeiro Reinado.
Dom Pedro I foi o governante do Brasil durante o Primeiro Reinado.
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O Primeiro Reinado (1822-1831) foi o período da monarquia brasileira que marcou os anos iniciais do Brasil como nação independente após o processo de independência ter sido conduzido por intermédio de Dom Pedro I. Com esse acontecimento, o Brasil se transformou em uma monarquia – a única da América Latina – e foi governado por Dom Pedro I de maneira autoritária. Teve fim com a abdicação de Dom Pedro I em 1831.

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Resumo sobre o Primeiro Reinado

  • O Primeiro Reinado foi o período da monarquia brasileira em que Dom Pedro I governou o país.

  • Teve início após a Independência do Brasil em 1822.

  • Foi marcado pelo governo autoritário de Dom Pedro I e pela insatisfação em relação a essa postura, principalmente entre as elites do Nordeste.

  • Alguns dos acontecimentos ligados a esse período foram a Constituição de 1824, a Confederação do Equador e a Guerra da Cisplatina.

  • Teve fim em 1831, com a abdicação de Dom Pedro I em favor de seu filho, Pedro de Alcântara.

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O que foi o Primeiro Reinado?

O Primeiro Reinado foi o período da monarquia brasileira, iniciado após a Independência do Brasil e ocorrido entre 1822 e 1831, no qual Dom Pedro I governou o país.

Antecedentes históricos do Primeiro Reinado

Pintura mostrando o momento que Dom Pedro declarou a independência do Brasil, que deu início ao Primeiro Reinado.
O Primeiro Reinado teve início com a Independência do Brasil, declarada por Dom Pedro em 1822 às margens do Rio Ipiranga.

O processo de independência do Brasil foi resultado das pressões exercidas pelas Cortes portuguesas sobre Dom Pedro I, que se tornou regente do Brasil quando seu pai, Dom João VI, retornou para Portugal em 1821. As Cortes portuguesas haviam sido formadas durante a Revolução Liberal do Porto e pressionavam as autoridades reais por mudanças em Portugal.

Essas pressões sobre o regente levaram-no à liderança do processo de ruptura entre Brasil e Portugal. Assim, incentivado por D. Leopoldina e José Bonifácio, o próprio Dom Pedro I declarou a Independência do Brasil no dia 7 de setembro, às margens do Rio Ipiranga. Seguiu-se, então, uma guerra de independência travada em diferentes partes do Brasil, com combates de baixa intensidade.

A Independência do Brasil apenas foi reconhecida de fato por Portugal em 1825, após as negociações mediadas pela Inglaterra que previam o pagamento de 2 milhões de libras como indenização e a exigência de que o Brasil não reivindicasse, incentivasse ou liderasse a independência de outras colônias portuguesas.

Com a Independência do Brasil, Dom Pedro foi coroado imperador sob o nome de Dom Pedro I. Isso fez da nação uma monarquia – a única existente na América Latina após os processos de independência. A escolha pelo regime monárquico foi explicada pelos historiadores como falta de interesse das elites do sudeste brasileiro em realizar as mudanças no quadro socioeconômico que um sistema republicano poderia gerar.

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Acontecimentos do Primeiro Reinado

Constituição do Primeiro Reinado

Os primeiros dois anos do Brasil como nação independente tiveram como principal debate (além da procura pelo reconhecimento internacional) a elaboração de uma constituição para o país. Esse documento seria elaborado por uma Assembleia Constituinte que havia sido escolhida em eleições realizadas após a independência.

A Assembleia Constituinte assumiu suas funções em maio de 1823, e a elaboração da Constituição gerou desentendimentos profundos entre os deputados e Dom Pedro I. O grande debate era acerca do alcance dos poderes políticos do imperador. Os constituintes queriam que os poderes do imperador fossem limitados e que ele não tivesse a permissão de dissolver a Constituinte quando bem entendesse. Essa postura dos constituintes, de procurar limitar o poder real, naturalmente gerou insatisfação em Dom Pedro I, que defendia que seu poder fosse centralizador e autoritário sobre a nação.

Essa disputa entre os constituintes e o imperador resultou em um evento conhecido como Noite da Agonia. No dia 12 de novembro de 1823, por ordens de Dom Pedro I, militares invadiram a Assembleia Constituinte e prenderam os deputadores opositores do imperador. Com isso, a constituição que havia sido elaborada foi barrada por Dom Pedro I.

Essa medida de Dom Pedro I aconteceu porque, em setembro do mesmo ano, a Constituinte havia finalizado a elaboração da constituição que, além de possuir um caráter liberal, também limitava os poderes reais. A partir da prisão de seus opositores e da impugnação desse documento, Dom Pedro I formou um Conselho de Estado e passou a elaborar uma constituição que lhe agradasse.

A constituição elaborada por Dom Pedro I e seu conselho foi outorgada, isto é, foi imposta por vontade do imperador no dia 25 de março de 1824. Portanto, a primeira constituição brasileira foi produto do autoritarismo e definida de cima para baixo. Esse conjunto de regras também possuía alguns princípios liberais, porém dava poderes irrestritos ao imperador brasileiro. A Constituição de 1824 tinha como principais fundamentos estabelecidos:

  • Existência de quatro Poderes: o Executivo, Legislativo, Judiciário e o Poder Moderador. O Poder Moderador representava unicamente a figura do imperador e cedia-lhe direitos políticos plenos.

  • O imperador foi considerado figura sagrada e inviolável.

  • A forma de governo escolhida foi a monarquia, com a transmissão do poder feita de maneira hereditária.

  • As eleições foram estabelecidas como indiretas, e o direito ao voto era censitário, ou seja, foram estabelecidos critérios de renda para determinar quem teria direito ao voto. Além desses critérios, foi estabelecido que somente homens livres e com mais de 25 anos poderiam votar.

  • A constituição também garantiu alguns direitos individuais importantes, como tolerância religiosa (foi permitido o culto privado a outras religiões que não fossem o catolicismo), proteção à propriedade privada etc.

Conflitos do Primeiro Reinado

As posturas autoritárias de Dom Pedro I geraram forte insatisfação, principalmente entre as elites do Nordeste. Essa insatisfação foi intensificada nessa região com a influência de Cipriano Barata e Joaquim do Amor Divino, também conhecido como Frei Caneca. Eles veiculavam suas críticas ao imperador em jornais que circulavam em Pernambuco, chamados Sentinela da Liberdade (Cipriano Barata) e Tífis Pernambucano (Frei Caneca).

Além do autoritarismo do imperador, os altos impostos e os impactos ideológicos que a Revolução Pernambucana de 1817 ainda geravam nessa região levaram a província de Pernambuco a uma nova rebelião, a Confederação do Equador. Essa revolta iniciou-se em 2 de julho de 1824 e foi liderada por Frei Caneca e Manoel de Carvalho Paes de Andrade.

A Confederação do Equador, assim como a Revolução Pernambucana, possuía caráter separatista e defendia o republicanismo. Essa revolta espalhou-se por outras regiões do Nordeste brasileiro, como as províncias da Paraíba, do Ceará e do Rio Grande do Norte. Em setembro de 1824, as tropas imperiais já haviam retomado Recife e controlado essa revolta. Os envolvidos foram duramente reprimidos, e Frei Caneca, por exemplo, foi executado.

Além da Confederação do Equador, outra revolta eclodiu na Cisplatina, província ao sul que havia sido integrada por D. João VI ao invadir a região e derrotar José Artigas na década de 1810. A revolta na Cisplatina declarava a separação dessa região do Brasil e sua anexação às Províncias Unidas do Rio da Prata (atual Argentina). Isso deu início, em 1825, a um conflito conhecido como Guerra da Cisplatina.

A Guerra da Cisplatina foi, portanto, um conflito travado entre o Império brasileiro contra o governo de Buenos Aires pelo controle da Cisplatina. Essa guerra estendeu-se de maneira desgastante durante três anos e, por mediação da Inglaterra, um acordo de paz foi assinado em 1828 entre os dois governos. Ambos os países abriram mão da Banda Oriental, e foi concedida a independência para a região sob o nome de República Oriental do Uruguai.

Esse acordo foi visto como uma derrota, pois o Brasil não conseguiu retomar o controle sobre a Cisplatina. Além disso, o envolvimento do Brasil nessa guerra prejudicou enormemente a economia, e a soma dos fatores (autoritarismo político, derrota na guerra e crise econômica) resultou no enfraquecimento da posição de Dom Pedro I.

Acesse também: Constituição de 1824 — mais detalhes sobre a primeira constituição da história do país

Fim do Primeiro Reinado

Dom Pedro I procurou reforçar sua posição alinhando-se cada vez mais ao lado do “Partido Português”, isto é, portugueses que haviam sido contrários à independência e que agora defendiam a manutenção de Dom Pedro I no poder. A aproximação de Dom Pedro I ao “Partido Português” agravou o quadro de insatisfação política, e os desentendimentos entre o “Partido Português” e o “Partido Brasileiro” intensificaram-se. Com isso, Dom Pedro I abdicou do trono do Brasil em 7 de abril de 1831 em favor de seu filho, Pedro de Alcântara.

A abdicação de Dom Pedro I do trono brasileiro em favor de seu filho deu início a um período da história brasileira conhecido como Período Regencial, no qual Pedro de Alcântara tinha apenas cinco anos, portanto não tinha idade legal para assumir o trono brasileiro. Para saber mais detalhes sobre o Período Regencial, clique aqui.

Por Daniel Neves Silva

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