Fascismo

O fascismo é uma ideologia de extrema-direita que se baseia em ideais conservadores, sendo uma manifestação política radicalizada, que usa a violência para chegar ao poder.
Jovens militantes do fascismo uniformizados e reunidos em frente aos portões de um edifício.
Jovens militantes do fascismo italiano na cidade de Capri, em 1927.[1]
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Fascismo é uma ideologia política de extrema-direita que defende posições políticas conservadoras, manifesta um nacionalismo extremado, atua de maneira radicalizada e vê na violência uma forma de alcançar e sustentar o poder. É uma ideologia que se adapta muito bem às diferentes realidades políticas.

O fascismo enquanto ideologia política surgiu na Itália, em 1919, por meio de uma organização paramilitar liderada por Benito Mussolini. Os fascistas estiveram no poder italiano entre os anos de 1922 e 1943, sendo retirados, em 1945, com a derrota do Eixo na Segunda Guerra Mundial. Benito Mussolini foi morto por fuzilamento.

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Resumo sobre fascismo

  • O fascismo é uma ideologia política de extrema-direita com viés conservador e radicalizado.

  • Adapta-se muito bem às diferentes realidades políticas, embora possua características básicas.

  • Defende mudanças radicais no sistema político mas também a manutenção do estado de coisas no campo econômico, como forma de manter os privilégios da elite.

  • Surgiu em 1919, na Itália, sob um movimento liderado por Benito Mussolini.

  • O fascismo italiano governou a Itália entre 1922 e 1943, e Mussolini foi morto em 1945.

Videoaula sobre fascismo e Benito Mussolini

O que é fascismo?

Em geral, quando falamos de fascismo, trata-se de ideologias ou regimes políticos que adotam práticas conservadoras e atuam de maneira radicalizada e violenta. Entretanto, uma definição única do que é fascismo é muito difícil, pois ele se adapta muito facilmente à realidade política de cada país, podendo haver algumas diferenças pontuais nos diferentes movimentos fascistas que surgem.

De toda forma, é importante estabelecer algumas noções básicas quando se aborda esse tema. Essa ideologia é conservadora e nasceu dentro da direita política, e, por ser uma manifestação radicalizada dos ideais conservadores, é entendida como vinculada à extrema-direita do espectro político.

Movimentos políticos fascistas adotam uma retórica populista, defendem pautas morais, atacam a corrupção (com base num viés moralista) e a política tradicional, ao mesmo tempo que estabelecem bodes expiatórios para os problemas da nação. No poder são autoritários, violentos, não aceitam contestação e combatem ferramentas de transparência, além de aparelhar as instituições a fim de usar o Estado para impor os seus objetivos e minar a democracia.

Defendem mudanças políticas profundas, estabelecendo governos autocráticos ou verdadeiramente ditatoriais, mas, do ponto de vista econômico, são fortes defensores da manutenção do status quo, defendendo os interesses da elite e adotando medidas antipovo. O fascismo surgiu enquanto ideologia na Itália, em 1919, conforme veremos. Outro governo classificado como fascista foi o nazismo alemão.

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Quais são as características do fascismo?

Entendemos neste artigo que o fascismo é uma ideologia política conservadora e radicalizada e que possuí algumas características muito importantes. Essas características são fundamentais para que sejam identificados ideologias e movimentos políticos que bebem delas. Algumas características básicas do fascismo são as seguintes:

  • obediência cega;

  • desprezo pela democracia liberal e pela política tradicional;

  • oposição ferrenha ao socialismo;

  • militarização da sociedade;

  • culto à personalidade do líder;

  • apelo à violência como forma de alcançar seus objetivos;

  • rejeição dos valores do iluminismo etc.

O fascismo italiano de Mussolini

O fascismo italiano foi um governo que controlou a Itália entre os anos de 1922 e 1943, sendo caracterizado por suas posições conservadoras e por implantar uma ditadura totalitária nesse país europeu. Seu fundador e líder foi Benito Mussolini, também primeiro-ministro italiano até 1943 (de 1943 e 1945, ele foi governante de um Estado satélite da Alemanha Nazista).

No espectro político, o fascismo é identificado como uma ideologia política de extrema-direita. O termo pode ser aplicado tanto para o governo fascista italiano, o original, por assim dizer, mas também para ideologias políticas conservadoras, radicalizadas e violentas, assim como foram o fascismo italiano e o nazismo.

O fascismo enquanto governo autoritário desprezava a liberdade de expressão e exigia da população italiana obediência total. Naturalmente, desprezava as características das democracias liberais e era contrário à existência de partidos políticos, de eleições regulares, bem como de um sistema político que estabelecesse a rotatividade do poder.

Mussolini e os fascistas buscaram algo definido como o “destino fatal de Roma”, isto é, transformar a Itália em uma nação poderosa e dominadora de um grande império, tal qual havia sido o Império Romano.

A apropriação e a mitificação do passado romano também eram encontradas no termo fascismo. Isso porque fascismo é originário de fascio, uma palavra no italiano que se refere a um feixe de varas de madeira unidas e presas a um machado. Esse feixe era um símbolo da ideia de força porque, sozinha, uma vara é facilmente quebrada, mas, junto a outras, em um feixe, quebrá-la se torna mais difícil.

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Por que o fascismo foi criado?

O surgimento do fascismo se deu no pós-Primeira Guerra Mundial, com as consequências desse conflito em solo italiano contribuindo diretamente para o surgimento desse partido político. A Primeira Guerra Mundial foi um acontecimento que dividiu a sociedade italiana, com uma parte desejando ardentemente o conflito e com outra rejeitando o envolvimento de seu país na guerra.

Um dos defensores árduos do envolvimento italiano na guerra foi Benito Mussolini, até então um militante socialista. Ao longo do conflito, Mussolini abandonou seus ideais socialistas e tornou-se uma pessoa cada vez mais conservadora e nacionalista, chegando ao ponto de rejeitar totalmente o socialismo, em que um dia ele havia acreditado.

O surgimento e o crescimento do fascismo na Itália são entendidos pelo contexto de crise e incertezas que o país vivia no começo da década de 1920.

Crise na economia italiana

Primeiramente, após a Primeira Guerra Mundial, teve início na economia italiana um período de crise, em especial para a indústria, que sentiu os impactos na redução da produção e do consumo após o conflito. Pois bem, milhares de italianos abandonavam o campo e iam para as cidades atrás de empregos nas indústrias, mas, chegando lá, também não encontravam ocupação.

Um dos grupos mais afetados por essa falta de emprego e crise industrial foi o dos veteranos do conflito, soldados italianos que lutaram na Primeira Guerra Mundial e que, quando retornaram à Itália, não tinham emprego nem como se sustentar. Certo ressentimento se estabeleceu nessa classe por defender o seu país e não receber nenhum auxílio quando voltou para casa.

Esse grupo de veteranos acabou se reunindo, em grande número, em organizações paramilitares que nutriam ideologias ultraconservadoras, nacionalismo extremado e agiam com grande violência — uma das quais era o próprio fascismo. No entanto, a crise italiana não era apenas econômica mas também política.

Crescimento do socialismo

Havia um forte sentimento de descrédito em relação ao sistema de representatividade parlamentar da Itália. Uma parcela da sociedade italiana passou a considerar essa democracia representativa liberal um modelo insuficiente para representar os interesses e os anseios da população.

A Itália ainda enfrentava o grande baque de não ter tido todas as suas exigências territoriais atendidas, especialmente a exigência por colônias no continente africano. Percebemos, portanto, que a Itália era uma sociedade marcada por ressentimentos e incertezas, e esse clima se agravou porque uma parcela dela ainda se preocupava com o crescimento do socialismo no país.

Visões radicalizadas passaram a ganhar força nesse cenário. O socialismo cresceu rapidamente na Itália ao longo da década de 1910, em especial depois do sucesso da Revolução Russa de 1917. O fortalecimento do socialismo e de movimentos de trabalhadores se deu em diversas partes do território italiano e gerou forte oposição de grupos como os industriais, os grandes fazendeiros e os liberais.

Sob influência do conservadorismo e do nacionalismo, Mussolini fundou, em 1919, o Fasci Italiani di Combattimento, um grupo paramilitar que se transformou no Partido Nacional Fascista, em 1921.

Os fascistas utilizaram esses sentimentos de ressentimento, incerteza e medo para fazer com que parte da população italiana, em especial no centro e norte do país, passasse a apoiá-los. O apoio ao fascismo cresceu quando uma parcela do país identificou nele o principal meio de combate ao crescimento do socialismo.

Tanto os governantes liberais italianos quanto uma parcela da sociedade italiana apoiaram os fascistas na luta contra o socialismo e não se importaram em ver a violência sendo utilizada para tanto. O crescimento do fascismo alcançou um nível tão expressivo que se transformou em partido político em 1921.

Marcha sobre Roma

Os fascistas chegaram ao poder em 1922, quando Mussolini foi nomeado primeiro-ministro. Isso aconteceu porque eles organizaram uma estratégia para pressionar a monarquia italiana a fazer essa nomeação. Esse evento recebeu o nome de Marcha sobre Roma e mobilizou fascistas de todas as partes da Itália.

Estima-se que 40 mil fascistas ficaram nos limites da cidade de Roma esperando ordens de Mussolini para adentrar na cidade. Isso gerou uma crise no governo italiano, e o então primeiro-ministro, Luigi Facta, tentou resolver a situação declarando estado de emergência e mobilizando o exército para expulsar os fascistas de Roma.

O rei italiano não autorizou a ação de Luigi Facta, demitiu-o da posição de primeiro-ministro e convidou Mussolini (que estava em Milão) para ir a Roma. Mussolini fez a viagem de trem e, no dia 30 de outubro de 1922, foi nomeado primeiro-ministro italiano. O fascismo chegava ao poder.

Saiba mais: Antifascismo — movimentos de combate à ideologia de extrema-direita

Colapso do fascismo

A subida de Mussolini ao poder permitiu que ele implantasse a ditadura fascista em território italiano, destruindo o sistema político do país, fechando todos os partidos, acabando com as eleições e silenciando e perseguindo os opositores. O Estado passou a ter um grande controle sobre aquela sociedade.

A queda do fascismo se deu como um desdobramento da Segunda Guerra Mundial. Em 1943, tropas aliadas invadiram o sul da Itália e foram avançando aos poucos no território do país. Em julho de 1943, Mussolini foi demitido da função de primeiro-ministro pelo rei e preso em seguida. Foi resgatado pelos alemães e recolocado no poder de uma república satélite da Alemanha Nazista.

Em abril de 1945, com o colapso do Eixo na guerra, Mussolini tentou fugir da Itália em direção à Suíça. Ele foi capturado, em 27 de abril de 1945, por guerrilheiros da resistência italiana, que lutavam contra o fascismo. No dia seguinte, ele foi fuzilado e seu corpo foi levado a Milão, onde foi colocado em exposição de cabeça para baixo.

Isso, no entanto, não significou o fim do fascismo enquanto ideologia política. O modelo italiano foi derrotado ao final da Segunda Guerra Mundial, mas as posições radicais e o modo violento de pensar dos fascistas permaneceram em algumas mentes, dando origem aos movimentos neofascistas. Esses são movimentos que bebem ideologicamente no fascismo italiano, mas que se adaptam às questões da atualidade. O neofascismo se estabeleceu após a Segunda Guerra Mundial.

Créditos da imagem

[1] photofilmVAN e Shutterstock

Por Daniel Neves Silva
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