Guerra Civil Espanhola
A Guerra Civil Espanhola foi um conflito que foi travado na Espanha entre 1936 e 1939. Nesse conflito, republicanos e nacionalistas lutaram pelo poder do país.
Por Daniel Neves Silva

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A Guerra Civil Espanhola foi um conflito travado na Espanha entre os anos de 1936 e 1939. Esse conflito foi iniciado em um contexto de enorme crise institucional da Espanha, sendo iniciado a partir de um golpe de Estado que foi realizado pelos militares e apoiado por grupos ultraconservadores da Espanha.
A Guerra Civil Espanhola foi travada por republicanos — apoiados por socialistas, anarquistas, entre outros — e por nacionalistas — formados por grupos ultraconservadoras, incluindo grupos fascistas. Esse conflito foi resultado também da polarização política da década de 1930, encerrando-se em 1939 com a vitória dos nacionalistas.
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Resumo sobre a Guerra Civil Espanhola
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A Guerra Civil Espanhola foi um conflito travado na Espanha entre 1936 e 1939.
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Esse conflito foi motivado pela disputa que ocorria entre republicanos e nacionalistas.
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O estopim foi um golpe militar conduzido pelos nacionalistas.
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Esse conflito foi considerado um prelúdio da Segunda Guerra Mundial.
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Os nacionalistas venceram esse conflito, levando o general Franco ao poder da Espanha.
O que foi a Guerra Civil Espanhola?
A Guerra Civil Espanhola foi um conflito que ocorreu na Espanha entre 1936 e 1939, sendo causado em um cenário de disputa pelo poder realizado por dois grandes grupos que foram definidos como republicanos e nacionalistas. O conflito, no entanto, sofreu forte influência do contexto entreguerras.
Os historiadores apontam a Guerra Civil Espanhola como um prelúdio para a Segunda Guerra Mundial, uma vez que o conflito colocou grupos de orientação progressista, como socialistas e anarquistas, contra grupos de orientação nazifascista. Inclusive, o cenário de guerra na Espanha foi explorado pelos nazistas como laboratório para teste de suas armas.
O fato de esse conflito ter inserido-se em um cenário de disputa internacional entre socialismo e as ideologias fascistas fez com que o campo de batalha na Espanha contasse com a atuação de grupos internacionais. Além disso, a guerra foi marcada pelo elevado nível de violência, resultando em cerca de 500 mil mortes.
Esse conflito foi marcado pela vitória dos fascistas no intitulado grupo dos nacionalistas. Isso permitiu que Francisco Franco ascendesse ao poder da Espanha, estabelecendo uma ditadura nacionalista, conservadora e considerada fascista até a década de 1970.
Contexto histórico da Guerra Civil Espanhola
A Guerra Civil Espanhola é resultado de um choque de interesses que eram travados por grupos da sociedade espanhola desde o século XIX. A Espanha era uma nação em decadência desde o período das Guerras Napoleônicas, não conseguindo se modernizar e mantendo uma política extremamente conservadora e autoritária.
A decadência espanhola no século XIX foi marcada por duas guerras civis, além da perda de suas últimas posses coloniais: Cuba, Porto Rico e Filipinas. A decadência da Espanha contribuiu para a polarização da sociedade entre grupos de tendências mais progressistas e liberais e grupos conservadores e nacionalistas.
A crise espanhola também era política, e um dos sintomas disso foi a implantação de uma ditadura no país a partir de 1923, quando Primo Rivera realizou um golpe de Estado no país. O governo de Primo Rivera foi autoritário, usando da violência para perseguir críticos, como os socialistas e os anarquistas.
Em 1930, Primo Rivera abandonou o poder da Espanha, ampliando a crise política do país e fazendo com que o rei Afonso XIII abdicasse do trono. Esse evento permitiu que socialistas e anarquistas avançassem na política espanhola. Essa crise política trouxe descrédito para os grupos políticos conservadores e nacionalistas, permitindo com que as forças liberais conquistassem espaço no país a partir da década de 1930.
Esse fortalecimento dos grupos progressistas e liberais resultou em uma vitória eleitoral que deu origem à Segunda República Espanhola em 1931. Essa república teve dois presidentes: Niceto Alcalá-Zamora e Manuel Azaña.
Quais as causas da Guerra Civil Espanhola?
A Guerra Civil Espanhola foi motivada por diversos fatores, sendo que o principal deles foi a disputa política travada entre as forças liberais e progressistas e os grupos nacionalistas e ultraconservadores no país. A Segunda República Espanhola foi inteiramente marcada pela disputa entre os republicanos e os nacionalistas, como se nomeou os dois grupos.
Os nacionalistas, apoiados por militares, constantemente conspiravan para a derrubada dessa república e o estabelecimento de um governo autoritário. Essa disputa refletia a profunda divisão que existia no interior da Espanha e era fruto da desigualdade social que existia no país. Havia muita pobreza entre os camponeses, com os republicanos buscando promover reforma agrária no país, além de outras reformas significativas.
Além disso, a disputa existente no interior da Espanha foi resultado da radicalização política que o mundo vivia nas décadas de 1920 e 1930, com a ascensão do nazismo e do fascismo italiano, bem como com a ascensão do stalinismo na União Soviética. Essa radicalização política se manifestou na Espanha, fazendo do país um palco na disputa entre Alemanha e Itália contra a União Soviética.
Como foi a Guerra Civil Espanhola?
A Guerra Civil Espanhola iniciou-se em 1936, logo depois que o candidato das forças progressistas, Manuel Azanã, conquistou a presidência. Meses depois, assumiu a função de primeiro-ministro um socialista chamado Largo Caballero. A subida de Azaña ao poder gerou mais uma tentativa de golpe das forças ultraconservadoras.
Um dos grupos ultraconservadores que atuavam na Espanha era a Falange Espanhola, um movimento de orientação fascista que foi criado em 1934. Os militares anunciaram um golpe de Estado, chamado de pronunciamento em 18 de julho de 1836. Isso deu início ao conflito militar na Espanha.
Essa tentativa de golpe militar foi resultado da mobilização da elite conservadora da Espanha, temerosa com as mudanças sociais propostas pelos socialistas no governo de Azaña. O golpe foi anunciado pelo general José Sanjurjo, sendo apoiado por outros nomes do exército espanhol, entre os quais estava Francisco Franco.
Os nacionalistas começam a avançar por diferentes partes da Espanha, conquistando locais como Sevilha, na Andaluzia, por exemplo. Os republicanos reuniram-se em tropas formadas por socialistas e por anarquistas e contaram com enorme apoio das Brigadas Internacionais, tropas formadas por estrangeiros que foram para a Espanha defender os republicanos.
A guerra na Espanha tornou-se um verdadeiro laboratório para a Alemanha. Os nazistas apoiaram as forças nacionalistas, fornecendo armamentos e treinando táticas militares, como a blitzkrieg, por exemplo. Um dos locais que foram marcados pelos conflitos na Guerra Civil Espanhola foi a cidade de Madrid, palco de uma disputa intensa entre republicanos e nacionalistas.
Em 1937, cidades importantes foram conquistadas pelos nacionalistas, como Bilbao, Gijón e Málaga. Os republicanos resistiam como podiam, mas sofriam com as divisões internas e com seus recursos limitados. À medida que o tempo foi passando, os territórios em posse dos republicanos foram tornando-se escassos.
Fim da Guerra Civil Espanhola
O ano de 1939 marcou o fim da Guerra Civil Espanhola. Os republicanos foram derrotados em locais estratégicos, como Barcelona e Madrid, duas das cidades mais importantes da Espanha. Os republicanos buscaram contornar a política francesa e a política inglesa de não intervenção para buscar apoio com essas nações, mas não obteve sucesso.
Depois da queda de Madrid, em 26 de março de 1939, os republicanos viram os nacionalistas conquistarem Valência, Alicante e Múrcia. No dia seguintes, após a derrota em Múrcia (que ocorreu em 31 de março de 1939), a guerra acabou. Com o final da guerra, o general Francisco Franco ascendeu ao poder, iniciando a ditadura franquista.
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Quem ganhou a Guerra Civil Espanhola?
A Guerra Civil Espanhola foi vencida pelos nacionalistas em 1º de abril de 1939. Com isso, um dos líderes das forças ultraconservadoras, o general Francisco Franco, subiu ao poder. O general Franco estabeleceu uma ditadura, permitindo que o país tivesse apenas um partido: a Falange Espanhola. Muitos historiadores apontam que Franco manteve um governo de orientação fascista.
Consequências da Guerra Civil Espanhola
Entre as consequências da Guerra Civil Espanhola destacam-se os seguintes fatos:
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cerca de 500 mil mortos ao longo dos três anos do conflito;
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estabelecimento de uma ditadura conservadora no país que resultou na perseguição de opositores e na limitação das liberdades na Espanha;
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estagnação econômica motivada pela destruição da infraestrutura da Espanha;
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obtenção de experiência, sobretudo pelos nazistas, que usaram esse conflito como laboratório, testando armas e táticas militares;
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reforço das divisões étnicas que existem na Espanha.
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Exercícios resolvidos sobre a Guerra Civil Espanhola
Questão 1
O pintor espanhol Pablo Picasso pintou um dos quadros mais famosos do século XX: Guernica, cuja representação pode ser vista na imagem abaixo:
Essa pintura foi produzida no contexto da Guerra Civil Espanhola, representando:
A) a aversão de Picasso aos nacionalistas.
B) uma imagem de apoio ao general Francisco Franco.
C) uma crítica às brigadas internacionais.
D) uma crítica à guerra e ao bombardeio de Guernica.
E) uma lamentação pela derrota dos republicanos.
Resolução:
Alternativa D.
A pintura Guernica, foi produzida por Pablo Picasso em 1937, sendo um de seus quadros mais famosos. A pintura crítica o conflito e retrata o bombardeio massivo que a cidade de Guernica sofreu de aviões alemães que participavam do conflito para apoiar os nacionalistas.
Questão 2
As Brigadas Internacionais foram tropas formadas por voluntários estrangeiros que foram à Espanha defender a causa dos republicanos contra o avanço fascista. Um escrito muito famoso que ficou marcado por ter participado dessas brigadas foi:
A) Charles Dickens.
B) Aldous Huxley.
C) George Orwell.
D) Jean-Paul Sartre.
E) Albert Camus.
Resolução:
Alternativa C.
Durante a Guerra Civil Espanhola, George Orwell juntou-se ao Partido Operário de Unificação Marxista, ingressando no esforço de guerra contra os nacionalistas. Esteve na Espanha durante seis meses, auxiliando na luta, mas abandonou o conflito após ser ferido no pescoço. De sua experiência, ele escreveu um livro que chegou no Brasil com o nome de Lutando na Espanha.
Fontes
GILBERT, Martin. A história do século XX. São Paulo: Planeta, 2016.
HOBSBAWM, Eric. Era dos extremos: o breve século XX 1914-1991. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.