Estado Islâmico

O Estado Islâmico é uma organização jihadista radical que se autodeclara califado, visando estabelecer um Estado regido pela sharia.

Bandeira do Estado Islâmico.
Bandeira do Estado Islâmico.
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O Estado Islâmico é uma organização jihadista radical que se autodeclara califado, visando estabelecer um Estado regido pela sharia e usando extrema violência e propaganda digital para recrutar adeptos globalmente. Originado a partir da Al-Qaeda no Iraque, durante a ocupação americana e em um contexto de marginalização sunita, o grupo cresceu aproveitando os conflitos na Síria e no Iraque. Sua ideologia baseia-se no salafismo jihadista, defendendo o retorno às práticas islâmicas originais e justificando a violência extrema como meio de purificação da sociedade e de expansão do califado. Estruturado de forma hierárquica, o EI administra suas áreas ocupadas com setores militares e administrativos, atuando como um pseudo-Estado com divisões de segurança, inteligência e propaganda. O grupo busca unificar o mundo muçulmano sob a sharia, eliminando fronteiras coloniais e confrontando o Ocidente e seus aliados. Para financiar suas operações, utiliza o tráfico de petróleo, extorsão, sequestros e doações, explorando o mercado negro e impostos nas regiões controladas.

Leia também: O que é a Al-Qaeda?

Resumo sobre Estado Islâmico

  • O Estado Islâmico é uma organização jihadista radical que se autodeclara califado e busca estabelecer um Estado regido pela sharia, utilizando extrema violência e propaganda digital para recrutar adeptos ao redor do mundo.
  • A origem do Estado Islâmico está ligada à Al-Qaeda no Iraque, fundada por Abu Musab al-Zarqawi durante a ocupação americana, crescendo a partir de um contexto de marginalização sunita e conflitos na Síria e Iraque.
  • A ideologia do Estado Islâmico se baseia no salafismo jihadista, pregando um retorno às práticas islâmicas originais e justificando o uso de violência extrema para estabelecer um califado e purificar a sociedade islâmica.
  • O Estado Islâmico possui uma estrutura hierárquica que abrange desde setores militares até administrativos, controlando áreas ocupadas como um pseudo-Estado, com divisões de segurança, inteligência e propaganda.
  • O principal objetivo do Estado Islâmico é a criação de um califado que unifique o mundo muçulmano sob a sharia, eliminando fronteiras coloniais e expandindo sua influência, com confrontos diretos contra o Ocidente e aliados.
  • O Estado Islâmico se financia através do tráfico de petróleo, extorsão, sequestros e doações, aproveitando o mercado negro e impostos em áreas ocupadas para garantir autonomia financeira e expandir suas atividades.
  • A atuação do Estado Islâmico se estende do Iraque e Síria a territórios internacionais, perseguindo minorias e realizando ataques terroristas, impondo a sharia e recrutando seguidores através de propaganda global.
  • Atualmente, o Estado Islâmico enfrenta enfraquecimento devido a perdas territoriais, mas continua a operar em células descentralizadas, inspirando ataques e mantendo influência através de propaganda e alianças em várias regiões.

O que é o Estado Islâmico?

Selo de Maomé, o símbolo do Estado Islâmico.
Selo de Maomé, o símbolo do Estado Islâmico.

Conhecido como EI, ISIS (Islamic State of Iraq and Syria) ou Daesh (sua sigla árabe), o Estado Islâmico é uma organização jihadista que se autodeclara califado, isto é, um Estado islâmico regido pela lei religiosa, ou sharia. Surgindo com o objetivo de criar um território unificado para muçulmanos sunitas, o grupo utiliza métodos de extrema violência, que incluem execuções públicas, sequestros e ataques terroristas. O EI combina uma estrutura de Estado, com setores administrativo, militar e de segurança, a uma ideologia radical, buscando conquistar e governar territórios. Ele utiliza a mídia, especialmente redes sociais, para se promover e recrutar adeptos em diferentes partes do mundo, atraindo milhares de jovens e formando uma rede global de apoio e seguidores.

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Origem do Estado Islâmico

As origens do Estado Islâmico remontam à Al-Qaeda no Iraque (AQI), grupo criado por Abu Musab al-Zarqawi em 2004 durante a ocupação americana. Zarqawi promoveu uma estratégia de ataques contra civis xiitas, o que causou atritos com a liderança da Al-Qaeda, que preferia focar em alvos ocidentais. Esse foco em ataques sectários permitiu ao grupo fortalecer seu domínio sobre regiões sunitas, ganhando apoio entre sunitas marginalizados no Iraque. Após a morte de Zarqawi em 2006, a AQI se reorganizou e eventualmente assumiu a identidade de Estado Islâmico do Iraque e do Levante (ISIS), sob a liderança de Abu Bakr al-Baghdadi​.

O vácuo de poder deixado pela invasão do Iraque pelos Estados Unidos em 2003 e o consequente desmantelamento das instituições locais contribuíram para a ascensão do grupo. A exclusão política e econômica dos sunitas, dominados pelo governo xiita de Nouri al-Maliki, e a guerra civil na Síria também abriram espaço para o crescimento do EI. Além disso, o apoio estrangeiro à oposição síria contra o presidente Bashar al-Assad fortaleceu as fileiras do EI, que encontrou nas tensões regionais uma oportunidade para se expandir e conquistar territórios​.

Veja também: Talibã — grupo fundamentalista islâmico que se originou da etnia pachto, no Afeganistão

Ideologia do Estado Islâmico

Estado Islâmico em ataque militar em 2014. [1]
Estado Islâmico em ataque militar em 2014. [1]

O Estado Islâmico adota uma interpretação extremista do Islã, baseada no salafismo jihadista. Essa ideologia defende um retorno às práticas islâmicas originais e considera legítimo o uso da violência para restabelecer um Estado islâmico puro. Diferente de outros grupos jihadistas, como a própria Al-Qaeda, o Estado Islâmico utiliza uma abordagem mais brutal e literal na aplicação da sharia, promovendo execuções públicas, decapitações e ataques contra minorias religiosas, como os cristãos e os yazidis. O califado declarado em 2014 representa a tentativa do Estado Islâmico de reviver um sistema de governo islâmico medieval, reivindicando autoridade sobre todos os muçulmanos. Esse apelo tem atraído indivíduos de diversas partes do mundo, especialmente jovens em busca de um propósito ideológico e espiritual​.

Estrutura do Estado Islâmico

O Estado Islâmico se organiza de forma hierárquica, com Abu Bakr al-Baghdadi (até sua morte) como califa, uma figura de autoridade máxima. O grupo possui divisões internas que coordenam atividades militares, judiciais, de inteligência e de propaganda.

Além disso, o Estado Islâmico atua como um "pseudo-Estado", com uma administração que controla infraestruturas básicas, como fornecimento de energia, saúde e educação nos territórios ocupados. O aparato militar do Estado Islâmico inclui tanto combatentes locais quanto estrangeiros, muitos dos quais são ex-militares iraquianos com experiência em táticas de guerra. Essa estrutura complexa reflete o alto nível de profissionalismo e organização que distingue o Estado Islâmico de outras organizações terroristas​.

Objetivos do Estado Islâmico

O Estado Islâmico possui um objetivo central de estabelecer um califado regido pela sharia, expandindo suas fronteiras e consolidando seu poder sobre o mundo muçulmano. O grupo deseja apagar as divisões fronteiriças do Oriente Médio, consideradas ilegítimas e arbitrárias, e formar uma unidade islâmica. Al-Baghdadi, em seu discurso de proclamação do califado, enfatizou que o objetivo é restaurar o poder islâmico, abrangendo territórios que vão desde o Oriente Médio até a Europa. Em longo prazo, o Estado Islâmico busca exportar sua visão de um Estado islâmico para diferentes regiões do globo, visando confrontar diretamente o Ocidente e seus aliados​.

Quem financia o Estado Islâmico?

A sustentabilidade financeira do Estado Islâmico é garantida por diversas fontes de receita, que incluem o tráfico de petróleo, extorsão, sequestros com pedidos de resgate e, ocasionalmente, doações de simpatizantes estrangeiros. Em 2014, o controle das áreas de produção de petróleo na Síria e no Iraque permitiu ao Estado Islâmico gerar milhões de dólares, vendendo petróleo no mercado negro, inclusive para governos locais e intermediários, evidenciando a complexidade de sua rede financeira. Além disso, o grupo impõe impostos e confisca propriedades nas regiões que controla, funcionando como uma máfia que explora a economia subterrânea da região​.

Atuação do Estado Islâmico

Ataque do Estado Islâmico em Kobane, na Síria.
Ataque do Estado Islâmico em Kobane, na Síria.

O Estado Islâmico atua principalmente em zonas de conflito, como Iraque e Síria, onde instaurou um regime de violência e repressão sobre as populações locais. Em suas campanhas de terror, o grupo persegue minorias religiosas, realiza execuções públicas e pratica escravidão sexual, especialmente contra mulheres yazidis, justificando essas ações sob a perspectiva de sua interpretação radical da sharia. Além dos territórios locais, o Estado Islâmico se expandiu internacionalmente através de ataques terroristas, inspirando “lobos solitários” e células locais, especialmente na Europa. Em sua estratégia global, o EI visa espalhar o medo e demonstrar sua capacidade de atacar fora de seus territórios principais, alcançando simpatizantes e seguidores em diversas partes do mundo​.

Estado Islâmico na atualidade

Atualmente, o Estado Islâmico enfrenta dificuldades devido à perda de território no Iraque e na Síria, após operações militares de coalizões internacionais, como a liderada pelos Estados Unidos. A pressão de forças locais e de coalizões aliadas reduziu significativamente o controle do Estado Islâmico sobre áreas estratégicas, limitando sua capacidade de manter um Estado físico. No entanto, o grupo continua a operar em células descentralizadas, realizando ataques esporádicos e mantendo uma forte presença online para propaganda e recrutamento.

O Estado Islâmico agora se adapta a uma nova realidade, incentivando ataques individuais em países ocidentais e alianças com grupos jihadistas em outras regiões, como a África e o Sudeste Asiático, demonstrando que, embora enfraquecido, o Estado Islâmico mantém sua ideologia e capacidade de influência​.

Crédito de imagem

[1] Qasioun News Agency / Youtube / Wikimedia Commons (reprodução)

Fontes

CALFAT, N. N. O Estado Islâmico do Iraque e do Levante: fundamentos políticos à violência política. Conjuntura Austral, [S. l.], v. 6, n. 31, p. 6–20, 2015. DOI: 10.22456/2178-8839.53819. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/index.php/ConjunturaAustral/article/view/53819. Acesso em: 12 nov. 2024.

FOTTORINO, Éric (Org.). Quem é o Estado Islâmico? Compreendendo o novo terrorismo. Tradução de Fernando Scheibe

WEISS, Michael; HASSAN, Hassan. Estado Islâmico: desvendando o exército do terror. Tradução de Jorge Ritter. São Paulo: Seoman, 2015.

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