Terrorismo
O terrorismo é uma prática deliberada de violência ou ameaça com o objetivo de alcançar fins políticos, religiosos ou ideológicos.
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O terrorismo é uma prática deliberada de violência ou ameaça, com o objetivo de alcançar fins políticos, religiosos ou ideológicos, caracterizada por causar impacto psicológico desproporcional aos danos físicos e pelo uso do medo como arma central. Suas principais características incluem a imprevisibilidade, a espetacularidade e a crueldade, com alvos frequentemente simbólicos.
Tipos de terrorismo variam entre terrorismo de Estado, religioso, revolucionário e patrocinado por Estados, todos com o objetivo de desestabilizar estruturas políticas e sociais. Suas causas estão relacionadas a desigualdades sociais, econômicas e culturais, muitas vezes alimentadas por exclusão social e tensões étnicas. Com objetivos como desestabilizar governos, disseminar ideologias e mobilizar seguidores, o terrorismo tem marcado o cenário global com atos devastadores, como os ataques de 11 de setembro de 2001.
Leia também: Al-Qaeda — organização fundamentalista islâmica responsável pelo 11 de setembro
Resumo sobre terrorismo
- O terrorismo é o uso planejado de violência ou ameaças contra alvos específicos para atingir objetivos políticos, religiosos ou ideológicos.
- Destaca-se pela imprevisibilidade, espetacularidade e crueldade, utilizando alvos simbólicos para gerar medo em populações amplas.
- O terrorismo é categorizado em formas como terrorismo de Estado, religioso, revolucionário e patrocinado por Estados.
- Desigualdades sociais, econômicas e políticas, combinadas com tensões culturais e religiosas, criam as condições para o terrorismo, que, muitas vezes, emerge como resposta à exclusão social, à opressão étnica e a intervenções externas.
- Os objetivos do terrorismo incluem desestabilizar governos, disseminar ideologias e mobilizar seguidores, usando o medo e a violência para pressionar mudanças políticas e atrair atenção internacional.
- Atos como os ataques de 11 de setembro de 2001 nos EUA e o atentado com gás sarin no metrô de Tóquio em 1995 ilustram a capacidade do terrorismo de causar destruição física, psicológica e geopolítica em larga escala.
Videoaula sobre o terrorismo
O que é terrorismo?
O terrorismo é o uso deliberado de violência ou ameaça contra alvos específicos, com o objetivo de alcançar fins políticos, religiosos ou ideológicos. No entanto, encontrar uma definição precisa e universalmente aceita para o termo é um desafio, como apontado pelo cientista político Eugênio Diniz no artigo “Compreendendo o fenômeno do terrorismo”, que destaca a ausência de consenso sobre o que constitui um ato terrorista.
Isso ocorre porque o conceito é frequentemente usado de maneira política para deslegitimar adversários. Por exemplo, grupos considerados terroristas em um país podem ser vistos como “movimentos de libertação” em outro, dependendo do contexto e dos interesses envolvidos.
Historicamente, o termo surgiu durante a Revolução Francesa, referindo-se ao “reinado do terror”, liderado por Robespierre entre 1793 e 1794, quando o Estado usou o medo e a violência para consolidar o poder. Desde então, o terrorismo evoluiu, adaptando-se às mudanças sociais, tecnológicas e geopolíticas, mas mantendo o uso do medo como arma central.
Características do terrorismo
O terrorismo tem diversas características distintivas. Uma delas é a espetacularidade, na qual os atos são planejados para gerar máxima visibilidade e impacto emocional. A crueldade, que amplifica o sofrimento das vítimas, também é uma característica marcante. Além disso, o elemento de imprevisibilidade desempenha um papel crucial, criando um clima de constante insegurança.
Outra característica essencial é o simbolismo. Alvos escolhidos, como edifícios governamentais ou figuras públicas, têm valor simbólico, representando ideologias, sistemas de poder ou nações inteiras. Por exemplo, os ataques de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos não foram apenas destrutivos fisicamente, mas também altamente simbólicos, atacando ícones da economia e da segurança nacional: o World Trade Center e o Pentágono.
Além disso, o terrorismo é frequentemente associado à violação de normas éticas, legais e humanitárias. Seus métodos incluem assassinatos, sequestros, bombardeios e ataques químicos, todos projetados para maximizar o medo. Por outro lado, sua definição muitas vezes exclui ações de Estados ou grupos considerados “legítimos”, levantando questões sobre a parcialidade nas análises.
Tipos de terrorismo
O terrorismo é categorizado em diversas formas, dependendo de seus objetivos, métodos e atores envolvidos. Entre as principais categorias, estão:
- Terrorismo de Estado: praticado por governos para reprimir opositores ou controlar populações. Um exemplo histórico é o “reinado do terror” na França revolucionária, período da Revolução Francesa, entre 1793 e 1794, caracterizado pela radicalização do regime revolucionário sob o controle do Comitê de Salvação Pública, liderado por Robespierre. Durante essa fase, houve intensa repressão política e social, com julgamentos sumários e execuções em massa, especialmente na guilhotina, de opositores reais ou presumidos da revolução. O objetivo era consolidar as conquistas revolucionárias e eliminar ameaças internas e externas, mas o clima de medo e violência culminou na queda de Robespierre, encerrando o período.
- Terrorismo revolucionário: conduzido por grupos que buscam derrubar regimes existentes. Exemplos incluem as Brigadas Vermelhas na Itália, grupo armado de extrema-esquerda que atuou na Itália entre as décadas de 1970 e 1980, durante um período conhecido como “anos de chumbo”. Formadas em 1970, elas tinham como objetivo a derrubada do sistema capitalista e a implantação de uma ditadura do proletariado. Inspiradas pelo marxismo-leninismo, realizaram ações violentas, incluindo sequestros, atentados e assassinatos, como forma de combater o governo, grandes corporações e figuras que consideravam representantes do “Estado burguês”. O evento mais emblemático foi o sequestro e assassinato do ex-primeiro-ministro Aldo Moro, em 1978. As atividades das Brigadas Vermelhas geraram forte repressão estatal e culminaram na prisão de seus principais líderes, resultando no declínio do grupo no final da década de 1980.
- Terrorismo religioso: motivado por interpretações teológicas extremistas que utilizam a religião para justificar atos de violência. Um exemplo são as ações da Al-Qaeda, organização terrorista internacional fundada em 1988. A organização ganhou notoriedade global após os ataques de 11 de setembro de 2001, nos Estados Unidos.
- Terrorismo patrocinado por Estados: envolve governos que financiam ou apoiam grupos terroristas para promover interesses estratégicos, como o apoio dado pelo Irã a organizações no Oriente Médio. O Irã financia organizações como o Hezbollah, no Líbano; o Hamas e a Jihad Islâmica Palestina, nos territórios palestinos; os Houthis, no Iêmen; e milícias xiitas no Iraque, como a Kataib Hezbollah. Esses grupos recebem armas, treinamento e recursos como parte da estratégia iraniana de expandir sua influência no Oriente Médio e desafiar adversários como Israel, Arábia Saudita e Estados Unidos. Embora o Irã justifique esse apoio como auxílio a “movimentos de resistência”, muitos países consideram essas ações uma ameaça à estabilidade regional e global.
Leia também: Estado Islâmico — organização fundamentalista responsável por diversos ataques terroristas
Causas do terrorismo
As causas do terrorismo são variadas. Entre os fatores estruturais estão o sentimento de injustiça. Além disso, fatores culturais e religiosos, como o fundamentalismo, alimentam tensões entre grupos.
Segundo o cientista político Eugênio Diniz, no artigo “Compreendendo o fenômeno do terrorismo”, o terrorismo também pode ser uma resposta a intervenções externas ou à ocupação de territórios. Um exemplo é o terrorismo nacionalista, no qual grupos lutam contra ocupações percebidas como ilegítimas. A exclusão social, a opressão étnica e a alienação política também são causas recorrentes, levando indivíduos e grupos a adotarem a violência como uma forma de resistência ou expressão.
Objetivos do terrorismo
Os objetivos do terrorismo vão além da destruição física; eles incluem a desestabilização de governos, a disseminação de ideologias e a conquista de poder político. Por meio do medo, os grupos terroristas buscam pressionar governos a atender suas demandas ou enfraquecer o apoio público às políticas governamentais. Além disso, o terrorismo é usado para mobilizar seguidores, atrair atenção internacional e desafiar o status quo.
Principais atos terroristas do mundo
Abaixo, estão descritos, em ordem cronológica, alguns dos atentados mais notórios da história, detalhando seus contextos, execuções e impactos.
1. Massacre de Munique (1972) - Alemanha
Durante os Jogos Olímpicos de Munique, em setembro de 1972, o grupo Setembro Negro, ligado à causa palestina, invadiu a Vila Olímpica e sequestrou 11 membros da delegação israelense. O objetivo era negociar a libertação de prisioneiros palestinos em Israel. Após tensas negociações e uma tentativa fracassada de resgate no aeroporto de Fürstenfeldbruck, todos os reféns foram assassinados juntamente dos cinco sequestradores e um policial alemão.
O massacre chocou o mundo e mudou a forma como a segurança em grandes eventos esportivos é planejada, além de reforçar o uso do terrorismo como instrumento político. Para saber mais sobre o atentado, clique aqui.
2. Ataque ao Aeroporto de Lod (1972) - Israel
Em 30 de maio de 1972, o Aeroporto de Lod (atual Aeroporto Ben Gurion), em Israel, tornou-se palco de um ataque terrorista brutal. Três membros do Exército Vermelho Japonês, em aliança com a Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP), desembarcaram como passageiros e, pouco depois, abriram fogo indiscriminado com fuzis e lançaram granadas contra pessoas na área de desembarque.
O ataque resultou em 26 mortos e 80 feridos, incluindo muitos peregrinos religiosos cristãos. Esse evento marcou um novo capítulo no terrorismo internacional, pois mostrou como grupos ideologicamente distintos podiam colaborar para ampliar seu impacto, criando uma ameaça global que transcendeu fronteiras nacionais.
3. Atentado ao metrô de Tóquio (1995) - Japão
Em 20 de março de 1995, a seita apocalíptica Aum Shinrikyo realizou um ataque com gás sarin no metrô de Tóquio. Líderes da seita acreditavam que o ataque apressaria um apocalipse que eles desejavam provocar. Membros liberaram o gás tóxico em cinco linhas do metrô, causando 13 mortes, além de milhares de feridos, com sequelas físicas e psicológicas. Esse evento revelou a ameaça representada por grupos religiosos extremistas e o potencial devastador de armas químicas.
4. Atentado de Oklahoma City (1995) - EUA
Em 19 de abril de 1995, Timothy McVeigh, um veterano de guerra e extremista antigoverno, estacionou um caminhão-bomba carregado com explosivos caseiros em frente ao Edifício Federal Alfred P. Murrah, em Oklahoma City. Às 9h02, a explosão destruiu grande parte do edifício, matando 168 pessoas, incluindo 19 crianças que estavam em uma creche no prédio, e ferindo mais de 680. Esse ataque foi motivado pelo descontentamento de McVeigh com o governo federal.
5. Atentados de Beirute (1983) - Líbano
Em 23 de outubro de 1983, dois caminhões-bomba atingiram quartéis das forças americanas e francesas em Beirute, Líbano. O ataque, atribuído ao Hezbollah, matou 307 pessoas, incluindo 241 militares americanos e 58 soldados franceses. Foi um dos primeiros atentados suicidas em larga escala e levou à retirada das forças americanas do Líbano. Esse evento marcou uma mudança na dinâmica dos conflitos no Oriente Médio, com o uso de atentados-suicidas como tática central.
6. Atentado à embaixada dos EUA em Nairóbi e Dar es Salaam (1998) - Quênia e Tanzânia
Em 7 de agosto de 1998, explosões simultâneas atingiram as embaixadas americanas em Nairóbi (Quênia) e Dar es Salaam (Tanzânia). Os atentados, reivindicados pela Al-Qaeda, mataram mais de 200 pessoas e feriram milhares. Embora os alvos fossem diplomáticos, a maioria das vítimas era de civis locais. Esse ataque chamou a atenção mundial para a ameaça representada pela Al-Qaeda, levando os EUA a retaliarem com bombardeios em campos de treinamento no Afeganistão e no Sudão.
7. Ataque ao USS Cole (2000) - Iémen
Em 12 de outubro de 2000, o destróier americano USS Cole foi alvo de um ataque suicida enquanto reabastecia no porto de Áden, no Iémen. Um pequeno barco carregado com explosivos se aproximou e detonou ao lado do navio, abrindo um enorme buraco em seu casco. O ataque, orquestrado pela Al-Qaeda, matou 17 marinheiros e feriu 39. Esse incidente foi um prenúncio do crescente perigo representado pelo terrorismo internacional, antecipando os eventos de 11 de setembro de 2001.
8. Atentado de 11 de setembro (2001) - EUA
Na manhã de 11 de setembro de 2001, os Estados Unidos enfrentaram o maior ataque terrorista de sua história. A Al-Qaeda, liderada por Osama bin Laden, coordenou o sequestro de quatro aviões comerciais. Dois deles foram deliberadamente colididos contra as Torres Gêmeas do World Trade Center, em Nova York, provocando incêndios intensos que levaram ao colapso dos edifícios em questão de horas. O terceiro avião atingiu o Pentágono, sede do Departamento de Defesa, enquanto o quarto, o voo United 93, caiu em um campo na Pensilvânia após uma tentativa heroica dos passageiros de retomar o controle da aeronave.
No total, cerca de 3000 pessoas morreram, incluindo passageiros, equipes de emergência e civis. O evento gerou um impacto global, levando os EUA a lançarem a Guerra ao Terror, que resultou em intervenções militares no Afeganistão e no Iraque, além de medidas rigorosas de segurança doméstica e internacional. Para saber mais sobre o atentado, clique aqui.
9. Explosões em Bali (2002) - Indonésia
Na noite de 12 de outubro de 2002, duas explosões atingiram Kuta, uma popular área turística em Bali, Indonésia. Uma bomba explodiu em uma boate lotada, enquanto outra foi detonada em um carro próximo. O ataque, realizado pela Jemaah Islamiyah (grupo terrorista islamista do Sudeste Asiático e vinculado à Al-Qaeda), matou 202 pessoas, a maioria turistas estrangeiros. Esse evento foi um marco na luta contra o terrorismo no Sudeste Asiático e destacou o impacto devastador do extremismo em destinos turísticos.
10. Atentados de Madrid (2004) - Espanha
Na manhã de 11 de março de 2004, uma série de bombas explodiu em trens de passageiros em Madrid, Espanha, durante o horário de pico. Extremistas islâmicos, inspirados pela ideologia da Al-Qaeda, colocaram 13 mochilas com explosivos nos vagões. As explosões mataram 193 pessoas e feriram mais de 2000, tornando-se o ataque terrorista mais letal da história do país. O atentado, que ocorreu apenas três dias antes das eleições gerais espanholas, teve consequências políticas significativas, incluindo a retirada das tropas espanholas do Iraque. Além disso, destacou a vulnerabilidade dos sistemas de transporte público a ataques coordenados.
11. Atentados de Londres (2005) - Reino Unido
Em 7 de julho de 2005, quatro explosões atingiram o sistema de transporte público de Londres em ataques coordenados realizados por extremistas islâmicos. Três bombas explodiram no metrô, enquanto uma quarta atingiu um ônibus de dois andares, matando 52 pessoas e ferindo mais de 700. Esse foi o ataque mais mortal no Reino Unido desde a Segunda Guerra Mundial. Os perpetradores, cidadãos britânicos radicalizados, destacaram a ameaça crescente do terrorismo doméstico na Europa. O evento também expôs falhas de segurança e gerou debates sobre a integração de comunidades imigrantes.
12. Atentados em Bombaim (2008) - Índia
Entre 26 e 29 de novembro de 2008, Bombaim foi alvo de uma série de ataques coordenados realizados pelo grupo paquistanês Lashkar-e-Taiba. Terroristas armados invadiram hotéis de luxo, a estação ferroviária Chhatrapati Shivaji e um centro judaico, entre outros locais. O cerco durou 60 horas e resultou em 175 mortos e centenas de feridos. Os ataques foram cuidadosamente planejados, utilizando comunicação via satélite e alvos simbólicos para atrair atenção internacional. Esse evento expôs as falhas de segurança da Índia e intensificou as tensões com o Paquistão.
Terrorismo no Brasil
Embora o Brasil não seja tradicionalmente associado a atos terroristas de grande escala, há preocupações relacionadas ao financiamento de grupos terroristas em áreas como a tríplice fronteira. A Tríplice Fronteira é a região onde os territórios do Brasil, Argentina e Paraguai se encontram, tendo como ponto de convergência as cidades de Foz do Iguaçu (Brasil), Puerto Iguazú (Argentina) e Ciudad del Este (Paraguai).
Essa área é um importante polo econômico e turístico, especialmente pela proximidade com as Cataratas do Iguaçu, mas também é conhecida por suas vulnerabilidades em termos de segurança, devido à combinação de fatores como grande fluxo de pessoas, controle fronteiriço limitado e intensa atividade comercial.
A Tríplice Fronteira tem sido alvo de atenção internacional, especialmente dos Estados Unidos, por suspeitas de que grupos terroristas, como o Hezbollah, possam utilizar a região para atividades ilícitas. As razões incluem:
- Fluxo financeiro ilícito e contrabando: A região é um conhecido centro de contrabando, incluindo mercadorias falsificadas, drogas e armas. Essa economia paralela é vista como uma possível fonte de financiamento para organizações terroristas, que poderiam lavar dinheiro ou arrecadar fundos por meio de atividades ilegais.
- Comunidade árabe e libanesa: A região abriga uma grande comunidade de imigrantes árabes, muitos deles de origem libanesa. Embora a maioria seja de comerciantes legítimos, autoridades internacionais suspeitam que pequenos grupos possam estar ligados ao Hezbollah, uma organização considerada terrorista por países como os EUA e Israel.
- Falta de fiscalização rigorosa: A Tríplice Fronteira é caracterizada por um controle fronteiriço mais frágil, o que facilita a circulação de pessoas e bens. Essa vulnerabilidade poderia ser explorada por grupos criminosos ou terroristas para movimentar dinheiro, recursos e agentes.
- Histórico de investigações internacionais: As suspeitas ganharam força após investigações ligarem a região a ataques como o atentado à Associação Mutual Israelita Argentina (AMIA) em Buenos Aires, em 1994, atribuído ao Hezbollah. Embora a conexão direta com a Tríplice Fronteira nunca tenha sido totalmente comprovada, a área permanece sob monitoramento.
Leia também: Atentados terroristas de 13 de novembro em Paris
Consequências do terrorismo
As consequências do terrorismo incluem impactos econômicos, políticos e sociais. Países afetados frequentemente enfrentam recessões econômicas devido à destruição de infraestrutura e à perda de investimentos. Politicamente, o terrorismo pode levar a uma maior militarização, a restrições às liberdades individuais e coletivas e à polarização social. Psicologicamente, o medo e a insegurança gerados podem ter efeitos duradouros nas populações afetadas.
História do terrorismo
O terrorismo, enquanto estratégia de disseminação do medo para fins políticos, sociais ou religiosos, evoluiu ao longo dos séculos. Embora o termo tenha ganhado definição moderna apenas no século XIX, suas práticas remontam à Antiguidade, adaptando-se às mudanças nas estruturas sociais, políticas e tecnológicas. Essa linha do tempo explora o conceito de terrorismo em diferentes épocas, mostrando como ele foi utilizado e transformado até os dias atuais.
1. Antiguidade: os primórdios da violência política
Na Antiguidade, o terrorismo era entendido como uma forma de violência organizada, geralmente ligada à resistência contra invasores ou à imposição de autoridade por meio do medo, ainda que sem uma ideologia formalizada. São exemplos de ações consideradas terroristas na Antiguidade:
- Sicarii: No século I d.C., os Sicarii usaram assassinatos políticos contra romanos e colaboradores judeus, buscando libertar a Judeia da ocupação romana. Suas ações visavam causar medo e desestabilizar a ocupação.
- Assassinos da Pérsia: Entre os séculos XI e XIII, os Hashshashin (ou Assassinos), uma seita ismaelita, utilizavam táticas de assassinato para atingir líderes políticos e religiosos, espalhando o temor como forma de enfraquecer seus inimigos.
2. Idade Média: violência religiosa e controle social
Durante a Idade Média, a violência sistemática e religiosa buscava a imposição de ideais espirituais ou a manutenção do poder político, frequentemente por meio de ações que provocavam medo coletivo. São exemplos de ações consideradas terroristas na Idade Média:
- Cruzadas e Jihad: As Cruzadas (1096–1291) usaram massacres e intimidações para impor domínio religioso e territorial. Embora o conceito moderno de terrorismo ainda não existisse, práticas de medo em massa foram características do período.
- Inquisição: A Igreja Católica usava tortura e execuções para suprimir a heresia e fortalecer sua hegemonia, criando um sistema que utilizava o medo como ferramenta de controle.
3. Era Moderna: terrorismo como estratégia revolucionária
Na transição para a Modernidade, o terrorismo passou a ser associado a ações de grupos revolucionários e a Estados que usavam a violência para consolidar ideologias e combater opositores. São exemplos de ações consideradas terroristas na Idade Moderna:
- Revolução Francesa (1793-1794): O “reino do terror” representou o uso sistemático da violência pelo Estado, com a execução de opositores para consolidar a revolução.
- Movimentos nacionalistas: Grupos nacionalistas do século XIX, como os carbonários italianos, usavam o terrorismo contra regimes opressores, buscando mudanças políticas e sociais.
4. Século XIX: a era do terrorismo anarquista
O terrorismo no século XIX foi marcado por ações individuais ou de pequenos grupos que visavam desestabilizar estruturas políticas autoritárias, frequentemente com um caráter ideológico e anarquista. Grupos anarquistas europeus, por exemplo, utilizaram ataques a líderes políticos e a elite como forma de protesto. O assassinato do czar Alexandre II, em 1881, é um exemplo emblemático.
5. Século XX: terrorismo no contexto de conflitos globais
O século XX viu o terrorismo assumir dimensões globais, associado a ideologias, nacionalismos e lutas contra a opressão colonial. Ele se tornou uma estratégia de guerra, usada tanto por Estados quanto por grupos insurgentes. São exemplos:
- Pós-guerra e movimentos coloniais: Grupos como o FLN argelino usaram o terrorismo para pressionar potências coloniais, enquanto o Irgun, em Israel, realizou ataques contra os britânicos.
- Guerra Fria: A Guerra Fria fomentou o terrorismo ideológico, com grupos como a RAF alemã e as Brigadas Vermelhas italianas promovendo ações violentas contra o Estado e empresas.
6. Anos 1970-1990: a era do terrorismo transnacional
Com a globalização, o terrorismo tornou-se transnacional, rompendo fronteiras geográficas e utilizando meios como sequestros e ataques coordenados para atingir objetivos políticos e religiosos. São exemplos:
- Aeronaves como armas: O sequestro de aviões se tornou uma prática comum, com casos como o ataque às Olimpíadas de Munique em 1972. Grupos como o Setembro Negro mostraram como o terrorismo podia alcançar audiência global.
- Ascensão de grupos religiosos: A emergência de grupos islamistas, como o Hezbollah, trouxe uma nova dimensão ao terrorismo, combinando ideologia religiosa e violência organizada.
7. Século XXI: terrorismo global e tecnológico
No século XXI, o terrorismo assumiu uma escala global, combinando fanatismo religioso, uso de tecnologias avançadas e comunicação digital para promover seus ideais e ações. São exemplos:
- 11 de setembro de 2001: Os ataques da Al-Qaeda redefiniram o terrorismo global, demonstrando a capacidade de um grupo não estatal de causar destruição em larga escala.
- Estado Islâmico: Na década de 2010, o Isis usou propaganda digital, violência extrema e terrorismo como ferramentas centrais para a criação de um califado.
- Terrorismo cibernético: Ataques cibernéticos e a radicalização online tornaram-se novas frentes do terrorismo, aumentando sua complexidade e alcance.
8. Terrorismo contemporâneo
Atualmente, o terrorismo é compreendido como um fenômeno complexo, envolvendo indivíduos, grupos e Estados que utilizam a violência para intimidar populações e alcançar objetivos políticos, religiosos ou ideológicos. São características do terrorismo contemporâneo:
- Radicalização online: O uso da internet para propaganda, recrutamento e planejamento ampliou a influência de grupos terroristas.
- Terrorismo doméstico: A ascensão de ideologias extremistas e supremacistas renovou os debates sobre segurança interna em países como os Estados Unidos e em nações europeias.
- Cooperação internacional: A luta contra o terrorismo envolve a coordenação entre governos e organizações internacionais, mas enfrenta dilemas éticos e desafios à privacidade e aos direitos humanos.
Créditos das imagens
[1] Government Press Office (Israel) / Wikimedia Commons
Fontes
WELLAUSEN, Saly da Silva. Terrorismo e os atentados de 11 de setembro. Tempo Social: Revista de Sociologia da USP, São Paulo, v. 14, n. 2, p. 83-112, out. 2002.
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