Primavera Árabe

A Primavera Árabe foram protestos populares que se espalharam pelas nações árabes entre os anos de 2010 e 2013. A Primavera Árabe se iniciou na Tunísia.
Multidão protestando nas ruas do Egito no contexto da Primavera Árabe.
O Egito foi um dos países da Primavera que registaram os maiores protestos.[1]
Imprimir
Texto:
A+
A-

A Primavera Árabe foi uma série de protestos populares que se espalharam entre as nações árabes do Norte da África e do Oriente Médio. Esses protestos se iniciaram no final de 2010, na Tunísia, espalhando-se por dezenas de países. Foram motivados pela insatisfação popular com regimes autoritários e com a falta de perspectiva econômica nesses países.

 O estopim foi a morte de um vendedor tunisiano após ser vítima constante do assédio policial na Tunísia. Os protestos populares na Tunísia resultaram na destituição do presidente e em uma reforma constitucional no país. Alguns países acabaram se lançando em guerras civis como consequência da Primavera Árabe, sendo os casos de Síria, Iêmen e Líbia.

Leia também: Qual a origem dos conflitos entre Israel e Palestina?

Resumo sobre a Primavera Árabe

  • A Primavera Árabe foi uma série de protestos populares que se espalharam pelos países árabes do Norte da África e Oriente Médio.

  • Os protestos se iniciaram na Tunísia em 2010, espalhando-se por dezenas de países.

  • Seu estopim foi a morte de um vendedor de frutas tunisiano chamado Mohamed Bouazizi.

  • Teve como motivação a insatisfação contra regimes autoritários e o desejo por emprego e melhores condições de vida.

  • Alguns países envolvidos se lançaram em sangrentas guerras civis, como a Líbia, o Iêmen e a Síria.

Videoaula sobre a Primavera Árabe

O que foi a Primavera Árabe?

A Primavera Árabe é como conhecemos os protestos populares que se espalharam entre as nações árabes do Norte da África e do Oriente Médio entre os anos de 2010 e 2013. Os protestos se iniciaram espontaneamente na Tunísia e se espalharam para os demais países da região. A população demonstrou sua insatisfação com os governos corruptos e autoritários de seus países.

A Primavera Árabe espalhou-se rapidamente para outros países graças à internet, meio de comunicação que facilitou a mobilização e canalizou a revolta popular. As ruas de muitos países foram tomadas por protestantes exigindo melhores condições de vida e reformas políticas em seus países.

A Primavera Árabe possibilitou mudanças políticas e econômicas em alguns países, embora a maioria das mudanças tenha sido insatisfatória para a população deles. Em alguns casos, a repressão promovida por alguns governos levou a guerras civis sangrentas, como no caso da Síria e do Iêmen.

Não pare agora... Tem mais depois da publicidade ;)

Causas da Primavera Árabe

Embora a Primavera Árabe deva ser analisada levando-se em consideração o contexto social, político e econômico de cada país envolvido nesse acontecimento, os historiadores pontuam que algumas questões foram fundamentais para que o movimento se difundisse com tanta força por diversos países árabes.

Os principais motivos que explicam o início da Primavera Árabe são os seguintes:

  • alto nível de desemprego, sobretudo entre os jovens;

  • corrupção disseminada no governo;

  • autoritarismo político e falta de liberdades individuais;

  • qualidade de vida ruim.

Os historiadores apontam que os efeitos da crise econômica de 2008 foram bastante nocivos para as nações árabes, agravando a pobreza da população e reduzindo mais ainda as oportunidades de trabalho nesses locais. A insatisfação com a falta de perspectiva se agravava pelo fato de todos esses países viveram regimes autocráticos.

Os países árabes, em geral, eram marcados por serem governados por autocratas que se mantinham no poder por décadas. Além disso, a população era privada de direitos básicos, não podendo escolher seus governantes nem tendo liberdade de expressão e de manifestação. Nesse sentido, a busca por melhorias na qualidade de vida e por cidadania explica o acontecimento da Primavera Árabe.

Leia também: Guerra Irã-Iraque — a tentativa iraquiana de conter a Revolução Islâmica

História da Primavera Árabe

  • Tunísia: onde tudo começou

Os protestos que marcaram a Primavera Árabe começaram na Tunísia, país do Norte da África. Lá, tudo se iniciou com a morte de Mohamed Bouazizi, um vendedor de frutas que morava na cidade de Sidi Bouzid. Na ocasião, Bouazizi tinha 26 anos e vinha sofrendo com o assédio policial, que o proibia de vender frutas na rua por não possuir uma licença para isso.

Bouazizi era constantemente solicitado a pagar propina para que fosse deixado em paz pelos policiais, até que seu carrinho de frutas foi confiscado por eles. Ele foi à sede do governo de sua cidade para tentar retirar os produtos, mas não conseguiu. Bouazizi então decidiu realizar um protesto individual incendiando a si mesmo em dezembro de 2010.

Ele faleceu no dia 4 de janeiro de 2011. O protesto e a eventual morte de Bouazizi espalharam protestos pela Tunísia, exigindo-se mudanças no país. Os protestos na Tunísia foram inicialmente reprimidos com violência, mas resultaram na renúncia do presidente do país, Zine el-Abidine Ben Ali. Uma eleição foi convocada para formar uma Constituinte e dar andamento às mudanças necessárias para o país.

  • Egito

No Egito, a população foi às ruas das grandes cidades do país protestar contra o governo de Hosni Mubarak, governante do Egito por quase três décadas. Os protestos também foram reprimidos com violência, mas Mubarak renunciou à presidência devido à pressão popular. O Egito elegeu um novo presidente, chamado Mohamed Morsi, mas ele também passou a ser questionado por promover reformas islamizantes no país. No final, o movimento no Egito se encerrou com um golpe promovido pelos militares.

  • Síria

Na Síria, os protestos se iniciaram, no começo de 2011, com a população demonstrando sua insatisfação contra o governo de Bashar al-Assad, governante do país há décadas. A falta de liberdade e a pobreza da população eram grandes críticas ao governo. A resposta do governo foi violenta, gerando embates contra a população. A violência escalou, e, ainda em 2011, a Síria iniciou uma guerra civil, ainda está em curso no ano de 2023. Contudo, o governo sírio mantém controle sobre grande parte do território do país.

  • Iêmen

Outro país abalado pelos protestos da Primavera Árabe foi o Iêmen, no sul da Península Arábica. A população se rebelou contra o presidente Ali Abdullah Saleh, que governava o país havia mais de três décadas. O vice, Abdrabbuh Mansour Hadi, assumiu, mas também foi fortemente pressionado pelos protestos. A situação escalou para uma guerra civil, quando o movimento xiita Houthi decidiu se rebelar em 2014. A situação no Iêmen segue crítica em 2023, com o país vivendo graves crises humanitárias por conta desse conflito.

  • Líbia

Na Líbia, a população se rebelou contra o governo de Muamar Khadafi, que conduzia uma ditadura no país do Norte da África desde que assumiu o poder, em 2011. A repressão do governo aos movimentos populares resultou em uma guerra civil. O Conselho de Segurança interveio na situação em curso na Líbia.

Aviões e navios do Reino Unido, França, Estados Unidos e Canadá foram autorizados pela ONU a bombardear as posições e unidades militares do governo líbio. Um grupo rebelde se aproveitou do enfraquecimento de Khadafi e conduziu ataques contra o governo, tomando o poder em agosto de 2011.

Khadafi fugiu na ocasião, mas foi capturado em outubro de 2011. Ele foi espancado e morto pelos rebeldes líbios. A derrubada do governo de Khadafi desestabilizou o país, permitindo a ascensão de grupos fundamentalistas islâmicos no território.

  • Primavera Árabe em outros países

Além dos países citados, a Primavera Árabe alcançou países árabes como:

  • Argélia;

  • Jordânia;

  • Omã;

  • Arábia Saudita;

  • Emirados Árabes Unidos;

  • Sudão;

  • Iraque;

  • Bahrein;

  • Kuwait;

  • Marrocos;

  • Líbano.

Consequências da Primavera Árabe

Entre as consequências da Primavera Árabe, destacam-se:

  • repressão governamental;

  • derrubada de governos;

  • melhorias constitucionais e abertura democrática (no caso da Tunísia);

  • reformas políticas;

  • guerras civis;

  • instabilidade política;

  • fortalecimento do fundamentalismo religioso.

Créditos da imagem

[1]MidoSemsem / Shutterstock

Fontes

ELIAS, Alice. Primavera Árabe. Disponível em: https://www.fflch.usp.br/50927.

SIMÕES, Rogério. O que foi e como terminou a Primavera Árabe? Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/internacional-55379502.

GIOVANAZ, Daniel. Da euforia à realidade: os descaminhos da Primavera Árabe, dez anos depois. Disponível em: https://www.brasildefato.com.br/2021/02/24/da-euforia-a-realidade-os-descaminhos-da-primavera-arabe-dez-anos-depois.

ESPINOSA, Ángeles. Primavera Árabe completa uma década com desfecho em aberto. Disponível em: https://brasil.elpais.com/internacional/2021-01-02/primavera-arabe-completa-uma-decada-com-desfecho-em-aberto.html.  

Por Daniel Neves Silva