Islamismo

O islamismo surgiu no século VII, na Península Arábica, por meio das pregações do profeta Maomé (Muhammad). É atualmente a segunda maior religião do planeta.
Visitar Meca uma vez na vida é um dos pilares mais importantes do islamismo.[1]

O islamismo é uma das principais religiões do mundo, sendo muito popular na África, Ásia e está em franco crescimento na América do Norte e na Europa. É atualmente a segunda maior religião do planeta, com quase dois bilhões de fiéis espalhados nos cinco continentes. Seu surgimento remonta ao século VII por meio da ação do profeta Muhammad.

Trata-se de uma religião monoteísta, portanto, os fiéis dessa religião acreditam na existência de apenas um deus, chamado por eles de Allah. A palavra “islã” vem do termo árabe islam, que significa submissão, e esse termo deriva de “salam”, que significa paz, conceito que no árabe denota uma condição de espírito.

O adepto do islamismo é conhecido como muçulmano ou muçulmana, termo que vem de “muslim”, palavra árabe que significa submisso. Sendo assim, na lógica da fé islâmica, o muçulmano é aquele que é submisso a Allah. Os muçulmanos professam em sua religião cinco pilares básicos.

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Como foi o surgimento do islamismo?

O surgimento do islamismo aconteceu no começo do século VII por meio das ações de Muhammad (conhecido em português como Maomé), o grande profeta do islã. Muhammad tornou-se profeta do islã após a revelação de Allah por meio do anjo Gabriel, quando o profeta era apenas um comerciante.

Muhammad nasceu em Meca, em 570, e perdeu seus pais ainda na infância. Foi criado pelo tio chamado Abu Talib. Na vida adulta, tornou-se comerciante, casou-se com uma viúva rica, que se chamava Khadija, e passou a ser o representante dos negócios de sua esposa. Depois que sua primeira esposa faleceu, Muhammad casou-se com outras mulheres.

A tradição islâmica conta que o profeta tinha a prática de retirar-se para orar e meditar em montes e desertos aos arredores de Meca. Em um desses retiros, o anjo Gabriel apareceu para Muhammad e pediu que ele recitasse um texto. Conta-se que o anjo referiu-se ao profeta como “rasul Allah”, traduzido como “enviado de Deus”.

Muhammad imediatamente recitou o texto pedido pelo anjo (embora não soubesse qual texto era). A recitação de Muhammad é localizada atualmente na 96ª surata do Alcorão, o livro sagrado do islamismo. Uma observação importante é que as traduções dessa recitação podem variar bastante. De toda forma, a recitação foi:

 

Em nome de Deus, Muito bom e Misericordioso:

Recita em nome do teu Senhor que criou

Que criou o homem de um grumo de sangue coagulado

Recita, teu senhor é o Muito Generoso,

Que ensinou graças ao junco para escrever,

Que ensinou ao homem o que este não sabia.|1|

 

Essa revelação é conhecida no islamismo como Noite do Destino e iniciou as revelações de Allah para o profeta. Após um período de confusão, Muhammad passou a receber novas revelações a partir de 612, e essas revelações foram depois compiladas no que é conhecido como Alcorão. Esse livro sagrado foi escrito pelos seguidores de Muhammad à medida que Allah lhe revelava sua mensagem.

Os primeiros convertidos à fé islâmica foram seu primo, chamado Abu Talib; Khadija, a esposa de Muhammad; e Abu Bakr (amigo que, posteriormente, tornou-se sogro do profeta). Em 612, foi também o ano em que Muhammad iniciou suas pregações, e isso aconteceu em Meca, a cidade em que o profeta nasceu e onde ele morava. O período de ação do profeta é conhecido como “nubuwwa”, algo como “época da profecia”.

As pregações da mensagem de uma religião monoteísta acabaram por incomodar as autoridades de Meca porque se voltavam contra os valores tradicionais da cidade e poderiam prejudicar a peregrinação em homenagem aos deuses pagãos, a qual trazia riqueza para Meca. A Arábia pré-islâmica era, portanto, politeísta, e esse período é conhecido na tradição islâmica de “jahiliah”, ou “época da ignorância”.

Essa perseguição começou a colocar em risco não só Muhammad, como também os convertidos ao islamismo. O profeta então incentivou que os novos convertidos buscassem abrigo na Etiópia, enquanto ele se refugiou na cidade de Medina.

As autoridades de Medina mostraram receptividade às pregações de Muhammad, por isso o profeta mudou-se para essa cidade em 622. Esse acontecimento é conhecido como Hégira e foi um marco para os muçulmanos, pois é considerado o momento que deu início à contagem do calendário islâmico.

Nessa ocasião, o islamismo ainda era uma religião pequena e sem muita força, mas, em Medina, a situação alterou-se drasticamente. Lá, Muhammad tornou-se chefe da cidade e organizou forças para guerrear contra Meca. Inúmeras caravanas de Meca começaram a ser atacadas por Medina, e um momento marcante nesse conflito foi a Batalha de Badr, em 624.

Formou-se em Medina um Estado muçulmano, que passou a defender a conversão total daquela sociedade. Os judeus que moravam em Medina começaram a ser pressionados para que se convertessem e, por isso, acabaram aliando-se a Meca, mas as sucessivas derrotas de Meca fizeram com que a comunidade judaica se enfraquecesse.

Uma trégua foi assinada com Meca em 628 e estendeu-se até 630, quando Medina acusou Meca de rompê-la e deu início a um ataque, que levou à conquista de Meca. Na cidade onde nasceu Muhammad, foi iniciado o processo de conversão da população local ao islamismo.

A Caaba, construção sagrada que existe em Meca, foi transformada em um centro de adoração islâmica, e o culto pagão que lá existia foi extinto. Em seguida, os muçulmanos trataram de expandir sua fé por toda a Península Arábica, o que resultou na conversão de toda essa região. Muhammad faleceu em 632, e seus seguidores deram continuidade à expansão da religião.

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Quais são as principais crenças do islamismo?

Novamente, é importante reforçar o fato de que o islamismo é uma religião monoteísta, e a crença em Allah é um ponto basilar da fé islâmica. Os muçulmanos creem que não existem outro deus que não seja Allah, e o reconhecimento disso é um dos cinco pilares básicos do islamismo, conforme veremos neste texto. A profissão de fé em Allah por meio da recitação de um credo é conhecida como shahadah.

Para os muçulmanos, Allah é um deus todo-poderoso, eterno, criador do Universo, bom e misericordioso com seus seguidores, mas severo contra os infiéis. Dentro do islamismo, existe a crença de que os seguidores da religião serão julgados e salvos conforme suas ações e aqueles que não acreditarem em Allah serão condenados ao fogo eterno.

O livro sagrado dos muçulmanos é conhecido como Alcorão.

Os muçulmanos também acreditam na existência de seres sobrenaturais. Afirmam que os djinn são os seres maléficos que podem influenciar uma pessoa, mas acreditam também nos anjos. Acreditam que cada ser humano possui dois anjos que o protegem e consideram que o anjo Gabriel foi o responsável por trazer a revelação de Allah ao profeta.

Acreditam na existência de livros sagrados, como a Torá, os Salmos e o Evangelho, além, claro, do Alcorão, o livro escrito como resultado da revelação de Allah. Além disso, acreditam na existência dos profetas, pessoas usadas por Allah para revelar sua verdade. Alguns dos profetas que os muçulmanos acreditam são Noé, Moisés, Abraão, Davi, Jesus, além do próprio Muhammad.

Para os muçulmanos, existem três cidades sagradas, que são Meca, Medina e Jerusalém. Meca possui a Caaba, uma construção sagrada e local da peregrinação de muçulmanos de todo o planeta. Medina é a cidade onde está localizado o templo do profeta, e Jerusalém foi o local no qual Muhammad foi transportado por um ser mítico em uma noite.

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Pilares do islamismo

Um dos locais mais importantes da religião islâmica é o túmulo de Muhammad, que está localizado em Medina, na Arábia Saudita.[2]

O muçulmano tem em sua religião cinco pilares básicos que ele deve respeitar ao longo de toda a sua vida. Os cinco pilares são:

  1. recitação da shahadah: “não existe nenhum deus além de Allah e Muhammad é seu profeta”;

  2. realizar as cinco orações diárias voltando-se para a direção de Meca;

  3. realizar o jejum obrigatório durante o período do Ramadã;

  4. realizar a zakat, a doação de 2,5% de seus lucros para as pessoas mais pobres;

  5. visitar Meca ao menos uma vez na vida (ação que só deve ser realizada se a pessoa tiver condição financeira para tal).

 

Créditos das imagens

[1] mohamedsha e Shutterstock

[2] RAMLAN BIN ABDUL JALIL e Shutterstock

Notas

|1| JOMIER, Jacques. Islamismo: história e doutrina. Petropólis: Vozes, 1992, p. 19.

Por Daniel Neves Silva
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