Capitalismo

O capitalismo é o sistema econômico dominante no mundo desde pelo menos o século XVIII. Seus principais pilares são a propriedade privada, o lucro e o trabalho assalariado.
Representação do acúmulo de riquezas no capitalismo

Capitalismo é um sistema econômico que tem as suas raízes no final do período feudal europeu, tendo se consolidado a partir da Primeira Revolução Industrial, que aconteceu na Europa no século XVIII. O capitalismo corresponde ao sistema dominante no mundo atual, baseado na propriedade privada, no lucro, no trabalho assalariado, na economia de mercado e em uma sociedade formada por classes.

Veja também: Transição do feudalismo para o capitalismo — como a indústria redelineou o modo de produção

Resumo sobre o capitalismo

  • Capitalismo é o sistema econômico predominante no mundo atual.

  • Suas origens remontam ao final do feudalismo e à ascensão do mercantilismo.

  • Instalou-se de forma definitiva à época da Primeira Revolução Industrial, no século XVIII.

  • Tem como principais características: propriedade privada dos meios de produção, busca pela obtenção de lucro, trabalho assalariado, divisão da sociedade em classes e uma economia de mercado.

  • Divide-se em três fases: comercial, industrial e monopolista (ou financeira).

  • O socialismo surgiu como um sistema alternativo ao capitalismo.

Videoaula sobre o capitalismo

O que é o capitalismo?

O capitalismo é um sistema econômico que se consolidou a partir da Primeira Revolução Industrial, ocorrida no século XVIII, e é atualmente predominante entre todos os países do mundo. As bases do capitalismo estão fundadas na propriedade privada dos meios de produção, no lucro que é obtido por meio do processo produtivo e na divisão da sociedade em diferentes classes, sendo elas a burguesia e o proletariado.

A presença do capitalismo na sociedade não se restringe somente à estrutura da economia. Ela permeia a organização e estrutura política dos territórios, principalmente na atual fase do capitalismo monopolista (ou financeiro), com a coexistência do Estado e do mercado no âmbito da tomada de decisões e com as relações socioculturais em todo o mundo, o que pode ser observado, por exemplo, nos padrões e velocidade de consumo.

Origem do capitalismo

Embora o capitalismo tenha se consolidado de fato somente a partir do século XVIII, no que ficou conhecida como a sua fase industrial, as suas origens remontam a períodos anteriores, ainda quando o sistema feudal de organização social, política e econômica era predominante no continente europeu. Mais precisamente, muitos sociólogos e historiadores argumentam que esse novo sistema começou a surgir no momento de crise e posterior fim do feudalismo, o que decorreu entre os séculos XIV e XV.

Entre as transformações sociais e econômicas que estavam ocorrendo no período estava a formação de pequenas oficinas de produção artesanal, o que fez com que o trabalhador antes detentor de um pedaço de terra agora vendesse a sua força de trabalho para a garantia de sua subsistência, sendo isso uma forma incipiente de trabalho (assalariado), que é característico do capitalismo. Esse período foi descrito por Karl Marx como o da acumulação primitiva.

Os donos dessas instalações que conseguiram prosperar e aumentar os seus estabelecimentos acabaram formando depois a classe burguesa, detentora do capital e dos meios de produção. Os trabalhadores, que são a classe proletária, ficaram cada vez mais alienados dos meios produtivos e empobrecidos, sendo detentores somente da sua própria força de trabalho.

O capital acumulado nesse primeiro momento permitiu o surgimento das primeiras indústrias, o que aconteceu na Inglaterra durante o século XVIII, iniciando uma nova fase do sistema capitalista. Foi a partir do século XIX, principalmente, que o capitalismo avançou em maior escala pelo espaço mundial, tornando-se cada vez mais robusto até chegar no seu atual estágio.

Leia também: Mercantilismo — o conjunto de práticas econômicas europeias entre os séculos XV e XVIII

Quais são as características do capitalismo?

O capitalismo apresenta características importantes que nos permitem distingui-lo de outros sistemas econômicos. Listamos algumas delas abaixo.

  • Propriedade privada dos meios de produção: Essa talvez seja a principal característica do capitalismo. Os meios de produção, que são as instalações fabris e todos os equipamentos utilizados no desenvolvimento de uma determinada atividade, são de propriedade de um indivíduo ou grupo, e não do conjunto de trabalhadores ou do Estado. Em um sentido mais amplo, a propriedade privada ou individual se encontra no cerne no capitalismo.

  • Obtenção de lucro e acumulação de riquezas: a obtenção de lucro sobre a produção é um dos aspectos do capitalismo em todas as suas mais diferentes fases.

  • Divisão da sociedade em classes: no sistema capitalista, as duas principais classes em que a sociedade está dividida são a burguesia, que é detentora dos meios de produção, e o proletariado, que corresponde à mão de obra.

  • Trabalho assalariado: o proletário, uma vez que não detém os meios de produção, vende a sua força de trabalho, recebendo assim um pagamento periódico, que é o salário.

  • Economia de mercado pautada pelas leis da demanda e da procura: não há, em tese, intermediários entre os consumidores e os produtores. O mercado consumidor é responsável por gerar uma demanda, atendida ou não pela produção, o que é determinante também no custo daquele produto ou serviço para o consumidor final. Nesse sentido, o sistema se baseia ainda na livre concorrência entre os estabelecimentos.

Tipos de capitalismo

A história de formação do capitalismo nos mostra que ele se desenvolveu por meio de fases que refletem o período histórico e técnico em que se inserem. Diante disso, identificam-se três tipos de capitalismo.

  • Capitalismo comercial: caracteriza o princípio da formação do sistema capitalista e a expansão da atividade comercial em escala inicialmente regional e depois global, com o advento do mercantilismo e das Grandes Navegações do século XVI.

  • Capitalismo industrial: corresponde à segunda fase do capitalismo. Se desenvolveu na Inglaterra do século XVIII, com o surgimento da indústria e da mecanização dos processos de produção, além do rearranjo da economia internacional em uma nova divisão do trabalho.

  • Capitalismo monopolista ou financeiro: esse tipo de capitalismo se desenvolveu entre o final do século XIX e início do século XX, com o advento do sistema financeiro internacional e o gradativo aumento da atuação do capital bancário e especulativo. A partir dos anos 1970, o aperfeiçoamento das tecnologias da comunicação e da informação aliado à expansão das multinacionais ampliou o escopo da presença do mercado em escala internacional, reforçando o processo de financeirização do sistema econômico vigente.

O capitalismo se encontra na sua fase monopolista, caracterizada pela financeirização e especulação no mercado de ações.

Diferenças entre capitalismo e socialismo

O socialismo surgiu como um contraponto ao capitalismo durante o século XVIII, questionando as condições de trabalho oferecidas nas unidades industriais e o aprofundamento das desigualdades de classe que se observava no período.

Ele visava uma reforma profunda nas estruturas social e econômica típicas do sistema capitalista para o estabelecimento de uma sociedade igualitária sob um novo sistema econômico, característica comum entre as duas vertentes do socialismo: utópico e científico. No entanto, enquanto a primeira propõe uma espécie de adaptação sistemática, a segunda é conhecida como corrente revolucionária por propor uma luta de classes e o fim da propriedade privada.

Leia também: Crise de 1929 — uma das maiores crises econômicas da história do capitalismo

Quais são as vantagens e desvantagens do capitalismo?

O capitalismo apresenta as suas vantagens e desvantagens. Dentre as vantagens desse sistema econômico podemos citar a grande diversificação do mercado que é proporcionada pela livre concorrência, cabendo ao consumidor a escolha de qual marca e produto ele vai adquirir. Da perspectiva empresarial, esse sistema de concorrência favorece os avanços tecnológicos da produção e a busca por melhorias constantes.

Em contrapartida, o capitalismo é um sistema que apresenta crises periódicas que afetam a sociedade como um todo e que podem demandar muitos anos para a retomada da economia a patamares tidos como normais, a exemplo das crises econômicas mundiais de 1929 e de 2008. Além disso, há uma acumulação muito desigual das riquezas sob o capitalismo, o que cria e aprofunda as desigualdades sociais, sobretudo se consideramos os grupos que se encontram nos extremos — os mais abastados e os mais pobres.

Exercícios resolvidos sobre capitalismo

Questão 1

(Enem) Quanto mais complicada se tornou a produção industrial, mais numerosos passaram a ser os elementos da indústria que exigiam garantia de fornecimento. Três deles eram de importância fundamental: o trabalho, a terra e o dinheiro. Numa sociedade comercial, esse fornecimento só poderia ser organizado de uma forma: tornando-os disponíveis à compra. Agora eles tinham que ser organizados para a venda no mercado. Isso estava de acordo com a exigência de um sistema de mercado. Sabemos que em um sistema como esse, os lucros só podem ser assegurados se se garante a autorregulação por meios de mercados competitivos interdependentes.

POLANYI, K. A grande transformação: As origens de nossa época. Rio de Janeiro: Campus, 2000 (Adaptado).

A consequência do processo de transformação socioeconômica abordada no texto é a

a) expansão das terras comunais.

b) limitação do mercado como meio de especulação.

c) consolidação da força de trabalho como mercadoria.

d) diminuição do comércio como efeito da industrialização.

e) adequação do dinheiro como elemento padrão das transações.

Resolução:

Alternativa C

Uma das consequências do processo de transformação mencionado no texto é o surgimento da mão de obra assalariada, uma dinâmica em que o trabalhador vende a sua força de trabalho como uma mercadoria.

Questão 2

(Unicamp) O ano de 2008 assistiu ao início de uma crise capitalista mundial que se prolonga até os dias atuais. É uma crise similar, em sua amplitude, à Grande Depressão de 1929. Contudo, apesar de receber a mesma designação (crise), essa crise capitalista prolongada difere em seu contexto mundial e em traços específicos daquela de 1929, sobretudo pelo processo de financeirização que emergiu ao final do século XX e que permite imensas acumulações de capitais.

Sobre essa crise capitalista financeirizada é correto afirmar que

a) é derivada da superprodução de bens manufaturados, especialmente ligados à indústria de base, em crise com a expansão dos financiamentos.

b) é produzida pela alta demanda do consumo nos países pobres, o que tem levado a uma ampliação dos financiamentos para a compra de bens.

c) resulta de especulações financeiras que, sem passarem pelos sistemas produtivos, propiciam acumulações em capitais fictícios.

d) procede de especulação financeira, gerando excedentes na indústria de bens de capital e exigindo maiores somas em financiamentos.

Resolução:

Alternativa C

A crise financeirizada é aquela decorrente de uma estrutura baseada na especulação, em que muitas vezes se assume riscos muito altos baseados em um capital fictício (que ainda não existe) com uma promessa de retorno que, por falta de capital real, não será concretizada, como ocorreu no caso da crise das hipotecas que desencadeou uma crise econômica mundial em 2008.

Por Paloma Guitarrara
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