Adolf Hitler
Adolf Hitler foi o grande líder do nazismo e o responsável por um regime de terror que levou o mundo à Segunda Guerra Mundial e promoveu o Holocausto.
Por Daniel Neves Silva
Adolf Hitler foi um militar e político austríaco-alemão que ficou marcado como um dos grandes nomes do século XX e da história. Seu nome, porém, não ficou conhecido por feitos positivos, mas pelo fato de o austríaco ter comandado um regime tirânico que mergulhou a Alemanha no ódio e mobilizou o país contra outros povos.
As ações de Hitler como líder do nazismo e governante da Alemanha levaram o mundo à Segunda Guerra Mundial e ao maior genocídio da história: o Holocausto. Antes de tornar-se o líder do nazismo, Hitler pertenceu a uma família de classe média austríaca e tentou seguir carreira nas artes e na arquitetura.
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Resumo sobre Adolf Hitler
- Adolf Hitler foi um militar e político que nasceu na Áustria, mas adquiriu nacionalidade alemã.
- Nasceu em uma família de classe média austríaca, mas tornou-se órfão na adolescência.
- Tentou carreira como artista e arquiteto em Viena, mas fracassou.
- Lutou na Primeira Guerra Mundial e depois desse conflito se tornou um agitador político.
- Foi preso depois de tentar realizar um golpe na Baviera, em 1923.
- Tornou-se líder do nazismo na década de 1920, assumindo o poder da Alemanha em 1933.
- Nutria um profundo antissemitismo, sendo um dos responsáveis por um dos maiores genocídios da história: o Holocausto.
- Cometeu suicídio, em 1945, por conta da sua iminente derrota na Segunda Guerra Mundial.
Videoaula sobre quem foi Adolf Hitler
Biografia de Hitler
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Nascimento de Hitler
Adolf Hitler nasceu no dia 20 de abril de 1889, sendo originário da cidade de Braunau am Inn, localizada na Áustria. Ele foi o quarto filho do casal formado por Alois Hitler e Klara Pölzl, sendo o primeiro dessas quatro crianças a sobreviver a infância. Adolf Hitler ainda teve uma irmã mais nova, chamada Paula Hitler (nascida em 1960).
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Infância de Hitler
Adolf Hitler cresceu em um ambiente de classe média, com sua família tendo um bom padrão de vida. Essa boa condição financeira era fruto do trabalho do patriarca como funcionário público em um posto alfandegário. No entanto, apesar dessa situação estável, o ambiente familiar que Hitler viveu era afetado negativamente pelo temperamento do pai. A relação com sua mãe era considerada muito boa.
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Juventude de Hitler
A adolescência de Hitler foi marcada por dois grandes reveses: a morte prematura de seus pais. Alois Hitler foi o primeiro a falecer, vítima de um derrame pleural em 3 de janeiro de 1903. O evento encerrou uma grande questão na vida de Hitler, pois ele tinha um enorme desentendimento com o pai a respeito de sua profissão futura.
Alois Hitler queria que o filho seguisse a carreira de funcionário público e assumisse uma posição na alfândega também, mas Hitler tinha o desejo de seguir o caminho das artes. Poucos anos depois da morte do pai, foi a vez de Klara Hitler falecer, vítima de um câncer em 21 de dezembro de 1907. Órfão, Adolf Hitler decidiu se mudar para Viena para ingressar na Academia de Belas Artes ou então seguir carreira como arquiteto.
Depois do falecimento de sua mãe, Hitler teve acesso às economias que ela deixou para ele e com esse dinheiro ele decidiu se sustentar em Viena. Lá na capital austríaca ele não procurou emprego e viveu às custas da herança. Os historiadores acreditam que parte do pensamento político de Hitler e os preconceitos que ele nutria se estabeleceram nos tempos que ele esteve em Viena.
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Casamento de Hitler
Adolf Hitler casou-se apenas uma vez e o matrimônio foi realizado nos últimos momentos de sua vida. Sua única esposa foi Eva Braun, e o casamento deles foi realizado no dia 15 de abril de 1945. Hitler conheceu Eva Braun em Munique no ano de 1929.
Quando Hitler a conheceu, ela tinha apenas 17 anos, enquanto ele já tinha 40. Os historiadores apontam que uma relação amorosa entre os dois se iniciou provavelmente em 1932. Eles mantiveram o relacionamento em segredo, e, nos dias finais da Segunda Guerra, quando a Alemanha estava prestes a ser derrota, se casaram. Poucos dias depois do casamento, ambos cometeram suicídio.
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Filhos de Hitler
Adolf Hitler não teve filhos com sua esposa, Eva Braun, nem com nenhuma outra mulher com quem se envolveu amorosamente.
Hitler e a Primeira Guerra Mundial
Em 1913, Hitler mudou-se de Viena para Munique, e, no ano seguinte, com o início da Primeira Guerra Mundial, voluntariou-se para o Exército Alemão. A partida para a Alemanha aconteceu após receber a sua herança por parte de pai, uma quantia total de 819 coroas|1| (uma soma considerável na época), e também porque ele estava fugindo do alistamento militar austríaco.
No exército alemão, Hitler assumiu o posto de mensageiro e teve desempenho destacado, recebendo por isso duas condecorações importantes no exército alemão. No que se refere à patente, Hitler nunca superou a patente de cabo, a mais alta que era permitida para um estrangeiro no exército alemão daquela época (lembrando: Hitler era austríaco).
A associação de Hitler com movimentos da extrema-direita na Alemanha consolidou-se após a derrota dos alemães na Primeira Guerra Mundial. Hitler estava na enfermaria (vítima de um ataque de gás mostarda) quando os alemães assinaram a rendição com franceses e ingleses. Ele nunca aceitou a derrota e aderiu a teorias da conspiração.
Uma das teorias da conspiração a que Hitler aderiu e que foi muito forte na Alemanha Pós-Primeira Guerra Mundial foi a “teoria da punhalada nas costas”. Essa teoria afirmava que a derrota alemã havia sido parte de uma conspiração de socialistas e judeus para sabotar a Alemanha na guerra. Essa teoria conspiratória foi explorada por movimentos da extrema-direita, entre eles o nazismo.
Leia mais: Joseph Goebbels — importante figura da ideologia nazista e ministro da Propaganda no governo de Hitler
Hitler e o nazismo
O pós-guerra na Alemanha ficou marcado pelo surgimento de diversos movimentos de extrema-direita, que abraçaram uma retórica conspiracionista, ultranacionalista, antissemita e autoritária. A situação política e econômica da Alemanha tornou o ambiente mais conturbado ainda, reforçando a retórica extremista desses grupos.
Um dos grupos que surgiram nesse contexto foi o Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães, em 1919. Esse foi o partido que deu origem ao nazismo, uma ideologia radical que se baseou em ideais antiliberais, antissocialistas, ultranacionalistas, antissemitas, supremacistas e que via na violência e na guerra um meio de impor os seus objetivos para a Alemanha. Entre as propostas defendidas pelos nazistas, e estabelecidas no programa inicial do Partido Nazista, estavam:
[…] exigência de uma Alemanha Maior, [com mais] terras e colônias, discriminação contra os judeus e negação de cidadania a eles, rompimento da “escravidão dos juros”, confiscos de lucros de guerra, reforma agrária, proteção da classe média, perseguição dos especuladores e regulamentação rígida da imprensa […].|2|
Hitler ingressou nesse partido ainda em seu início e viu sua vida ser transformada enquanto membro dele. Ele adotou um discurso que explorava os problemas que o país enfrentava: a crise econômica do pós-guerra, a instabilidade política da República de Weimar, a suposta traição que o país tinha sofrido na Primeira Guerra e a humilhação alemã com o Tratado de Versalhes.
Seus discursos também foram incorporados de antissemitismo. Os judeus foram acusados por Hitler de serem os sabotadores da Alemanha, promovendo um discurso de ódio que defendia a eliminação desse grupo.
Foi nessa época que Hitler descobriu o seu grande talento: a oratória. A capacidade de discursar em frente às multidões foi o que garantiu o seu sucesso, além do sucesso do partido. A capacidade de convencimento de Hitler era tão grande que, em cerca de um ano e meio, o partido aumentou seu número de membros de 190 para 3300.|2| Foi o seu papel no crescimento do partido que o fez alcançar a liderança em 1921.
Em 1923, Hitler coordenou uma tentativa de golpe na Baviera, estado no sul da Alemanha que foi o berço dos movimentos conservadores de extrema-direita no país. Essa tentativa de golpe é conhecida como “Putsch da Cervejaria” e fracassou quando as forças do partido de Hitler foram dispersadas pelas forças do governo da Baviera. Hitler foi preso e ficou em cárcere por um ano.
Foi na cadeia que Hitler escreveu o livro que se tornou o guia ideológico do nazismo, Mein Kampf (Minha Luta, em português). Apesar disso, declarações contra judeus e contra o marxismo já haviam sido registradas em outro momento. A primeira declaração antissemita de Hitler de que os historiadores têm registro é de 1919 e a primeira declaração antimarxista é de 1920.
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Ascensão de Adolf Hitler ao poder
Após sair da prisão, em 1925, Hitler começou a trabalhar na reconstrução do Partido Nazista. Apesar do discurso radical, atuou para alcançar o poder na Alemanha pela via democrática. Desse momento em diante, o nazismo tomou uma série de ações para ampliar sua influência sobre a população e atrair membros.
O historiador Lionel Richard, por exemplo, fala que os nazistas criaram uma série de associações para atrair as pessoas. Segundo ele:
Pouco a pouco, os nazistas se esforçam por atrair a população por meio de uma rede de organizações destinadas especificamente a cada categoria social. Em julho de 1926, nasce a Juventude Hitlerista. Seis meses mais tarde, uma Associação dos Estudantes Nacional-Socialistas surge nas universidades. Em 1928, cria-se uma liga de combate pela cultura alemã, destinada às profissões artísticas e sob a direção de Alfred Rosenberg. A seguir, surgem ligas de médicos, de juristas, de professores e de estudantes nazistas. Para as mulheres, a Ordem Feminina da Cruz Gamada Vermelha reúne as associações animadas por Elsbeth Zander, promovida a responsável pelas questões femininas na direção do Partido Nazista. A partir de 1927, uma política sindical dirigida aos operários é lançada, com pouco sucesso, por intermédio da Organização das Células da Empresa.|3|
Por meio de medidas como essa e, novamente, de seu discurso populista — que prometia uma Alemanha forte novamente e criava bodes expiatórios para todos os males do país —, Hitler teve bastante sucesso. Após garantir a cidadania alemã em 1932, concorreu nas eleições presidenciais do país.
Nessa eleição, Hitler concorreu diretamente contra Paul von Hindenburg, um militar alemão muito conhecido por ter liderado as tropas alemãs durante a Primeira Guerra Mundial. Apesar de derrotado, Hitler saiu fortalecido, pois conseguiu assegurar-se como um dos grandes nomes da política alemã.
Na eleição citada, no segundo turno, Hitler obteve quase 37% dos votos, e Hindenburg, o vencedor, teve 53%. Apesar da derrota, pouco tempo depois (em 1933), Hitler ascendeu ao poder da Alemanha como chanceler por causa da crise em que o país se encontrava e da grande pressão exercida sobre Hindenburg para nomeá-lo chanceler alemão.
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Adolf Hitler no poder da Alemanha
Uma vez no poder, Hitler começou a tomar medidas para impedir o fortalecimento de uma coalizão democrática contrária ao Partido Nazista e iniciou a perseguição aos seus opositores. Junto de Hitler, os nazistas ocuparam outros dois cargos importantes no governo alemão: Wilhelm Frick foi nomeado para o Ministério do Interior e Hermann Göring foi nomeado para o Ministério do Interior da Prússia.
Com o poder nas mãos, Hitler calou seus opositores. Comunistas e social-democratas começaram a ser presos em massa e muitos foram enviados para campos de concentração. O primeiro campo de concentração criado pelos nazistas foi o de Dachau, em 1933, que recebeu comunistas e social-democratas.
Um evento que marcou a guinada autoritária dos nazistas no poder da Alemanha foi o incêndio do Reichstag (Parlamento alemão), em fevereiro de 1933. Historiadores como Ian Kershaw e Richard J. Evans apontam que o responsável pelo incêndio foi Marinus van der Lubbe, um comunista holandês que resolveu agir por conta própria (uma vez que não tinha vínculo com nenhum partido comunista e socialista na Alemanha). Alguns historiadores, no entanto, apontam que o incêndio do Reichstag foi causado pelos próprios nazistas em uma operação de bandeira falsa.
A partir de 1934, Hitler passou a consolidar a sua ditadura sobre a Alemanha. Os partidos políticos (inclusive os de direita) passaram a ser perseguidos. O Partido Nazista ficou sendo o único em funcionamento na Alemanha. Além disso, nesse ano, Hindenburg faleceu, o que deu a Hitler os poderes de presidente e chanceler.
A partir daí, Hitler passou a tomar medidas para recuperar a economia alemã, e isso foi feito à custa dos expurgos contra judeus. Milhares de famílias judias começaram a ter os seus bens tomados pelo governo alemão, que também incentivou a impressão de papel-moeda e promoveu obras públicas para empregar a massa de desempregados.
Hitler também passou a tomar medidas contra o que havia sido acordado no Tratado de Versalhes. A Alemanha passou por um processo de remilitarização, seu exército foi reformulado e extrapolou a quantidade máxima de 100 mil soldados estipulada pelo Tratado de Versalhes. Uma marinha e uma aviação de guerra foram criadas, e a Renânia foi remilitarizada. Hitler também ordenou o fim do pagamento da indenização do tratado.
Em seguida, Hitler intensificou sua violência contra os judeus criando leis discriminatórias que reduziam os direitos civis dessa comunidade e tornavam-na alvo de violência constante pelas tropas a serviço do nazismo (a SS e a SA). No que se refere à política externa, a partir de 1938, Hitler passou a tomar medidas para a constituição do Lebensraum (o “espaço vital” dos arianos).
Esse “espaço vital” fazia parte da ideologia nazista e consistia basicamente em uma terra que seria de “direito” dos alemães (arianos). Seria o espaço mínimo necessário para constituir um Terceiro Reich (império) próspero, no qual os arianos viveriam à custa da exploração do trabalho dos eslavos. A ambição de Hitler voltou-se para a Áustria e Tchecoslováquia (anexadas em 1938 e 1939). O último passo foi contra a Polônia.
Britânicos e franceses haviam aceitado a invasão de Áustria e Tchecoslováquia, mas foram taxativos sobre a não aceitação da invasão da Polônia. A invasão da Polônia aconteceu em 1º de setembro de 1939 e marcou o início da Segunda Guerra Mundial.
Leia mais: Como foi a invasão da Polônia promovida por Hitler?
Hitler na Segunda Guerra Mundial
Durante toda a Segunda Guerra, Hitler comandou as tropas alemãs. A participação da Alemanha na Segunda Guerra Mundial ficou marcada por dois momentos distintos: um período de avanços rápidos, entre 1939 e 1941, e outro de gradativa derrota para os Aliados, iniciado em 1942 e finalizado em 1945.
Ao longo de toda a Segunda Guerra, historiadores apontam diversas decisões tomadas por Hitler que foram cruciais para a derrota alemã. A principal delas foi a invasão da União Soviética em 1941. Hitler sabia que a Alemanha não tinha recursos para um conflito prolongado contra os soviéticos. Sua insistência resultou na derrota alemã ao final desse conflito.
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Hitler e o Holocausto
O ódio de Hitler pelos judeus era algo que ele trazia desde a sua juventude. Os historiadores debatem sobre o momento da vida em que Hitler adotou esse ressentimento, e a maioria acredita que foi durante sua estadia em Viena. Ao assumir o poder da Alemanha, Hitler tomou medidas contra os judeus alemães.
O antissemitismo cultivado por Hitler em toda a Alemanha resultou no Holocausto. Os nazistas debateram formas de lidar com a “questão judia”, e o Holocausto ocorreu em fases diferentes. Primeiramente os nazistas aprisionaram os judeus em guetos e campos de concentração. Foram debatidas também formas de lidar com os judeus, expulsando-os para locais como Madagáscar.
O antissemitismo nazista transformou-se em genocídio quando Hitler ordenou, em 1941, a execução dos judeus na Europa. A primeira fase do Holocausto ocorreu com os fuzilamentos em massa promovidos pelos grupos de extermínio (Einsatzgruppen). Depois, adotou-se o uso dos campos de extermínio para execução dos judeus nas câmaras de gás. O resultado do Holocausto foi a morte de seis milhões de judeus.
Morte de Hitler
Com suas forças à beira da derrota e as tropas soviéticas dentro de Berlim, Hitler casou-se com Eva Braun e optou pelo suicídio para que não fosse capturado por seus inimigos. Em seu abrigo subterrâneo, em 30 de abril de 1945, atirou na própria cabeça. Depois, seu corpo foi cremado por soldados nazistas.
Notas
|1| KERSHAW, Ian. Hitler. São Paulo: Companhia das Letras, 2010, p. 119.
|2| Idem, p. 123.
|3| RICHARD, Lionel. A República de Weimar 1919-1933. São Paulo: Companhia das Letras, 1988, p. 127-128.
Créditos da imagem
[1] Andreas Wolochow e Shutterstock
[2] Bundesarchiv, B 145 Bild-F051673-0059 / CC-BY-SA | Commons
[3] Bundesarchiv, Bild 183-S55480 / CC-BY-SA 3.0 | Commons
Fontes
EVANS, Richard J. A chegada do Terceiro Reich. São Paulo: Planeta, 2016.
HASTINGS, Max. Inferno: o mundo em guerra 1939-1945. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2012.
KERSHAW, Ian. Hitler. São Paulo: Companhia das Letras, 2010.
RICHARD, Lionel. A República de Weimar 1919-1933. São Paulo: Companhia das Letras, 1988.