Franquismo

O franquismo foi o período de governo ditatorial fascista de Francisco Franco na Espanha e ocorreu durante os anos de 1939 e 1975.
Fotografia de Francisco Franco, o líder do governo ditatorial espanhol que ficou conhecido como franquismo.

O franquismo foi o governo ditatorial fascista de Francisco Franco na Espanha entre os anos de 1939 e 1975. Seu governo chegou ao poder após a Guerra Civil Espanhola (1936-1939) e tinha como objetivos restaurar o que entendia como valores tradicionais espanhóis, pautados na tradição católica, e combater o comunismo.

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Resumo sobre o franquismo

  • Foi o período de governo ditatorial fascista de Francisco Franco na Espanha, entre 1939 e 1975.

  • Tinha por objetivo restabelecer os valores tradicionais espanhóis, como os religiosos e morais católicos, e proteger o país do que seus adeptos interpretavam como uma ameaça comunista.

  • Suas principais características foram o nacionalismo, o autoritarismo, a valorização da moral e religião católica, a supressão aos direitos de algumas culturas espanholas, o militarismo, o corporativismo fascista, o anticomunismo e o antianarquismo.

  • Iniciou-se com a Guerra Civil Espanhola (1936-1939).

  • Após a Segunda Guerra Mundial, a ONU exigiu que a Espanha dissolvesse a ditadura franquista e realizasse eleições, o que não aconteceu. Com a morte de Francisco Franco, em 1975, ocorreu a sucessão e chegou ao poder o rei Juan Carlos I.

  • Juan Carlos I iniciou a transição para uma monarquia parlamentarista.

  • Franquismo e salazarismo foram regimes semelhantes, nacionalistas e fascistas, e sua maior diferença é o local onde ocorreram: o franquismo na Espanha e o salazarismo em Portugal.

O que foi o franquismo?

O franquismo foi o período de governo ditatorial fascista de Francisco Franco na Espanha, entre 1939 e 1975. Franco ascendeu ao poder na Espanha após a Guerra Civil Espanhola (1936-1939), na qual recebeu apoio do governo fascista italiano e nazista alemão, e permaneceu até sua morte, em 1975, quando foi sucedido por Juan Carlos I, que promoveu a transição do país para a democracia parlamentar.

Francisco Franco, líder do franquismo, conversando com Benito Mussolini, líder do fascismo italiano, e Serrano Súñer.

Quais eram os objetivos do franquismo?

Durante o início do século XX, a Espanha foi palco de diversos movimentos socialistas, comunistas e anarquistas. Diante desse cenário, o franquismo despontou como um movimento que tinha por objetivos restabelecer os valores tradicionais espanhóis, como os religiosos e morais católicos, e proteger o país do que seus adeptos interpretavam como uma ameaça comunista.

Características do franquismo

O franquismo é a versão espanhola do movimento fascista, comum na Europa do entreguerras. Sua ideologia tinha por característica:

  • nacionalismo;

  • autoritarismo;

  • valorização da moral e religião católica, supressão aos direitos de outras culturas espanholas (como a basca e a catalã) em favor da castelhana;

  • militarismo;

  • corporativismo fascista;

  • anticomunismo;

  • antianarquismo.

O líder da autocracia espanhola, Francisco Franco, por ser oriundo das forças armadas, era conhecido como El Generalíssimo. Seu governo não substituiu a monarquia espanhola, mas figurou como a chefia de governo, ou seja, a instituição que efetivamente exercia o poder Executivo e Legislativo no país.

 Francisco Franco ao lado de Heinrich Himmler, um dos principais nomes da Alemanha Nazista.

História do franquismo

A história do franquismo teve início em 18 de julho de 1936, com o golpe militar que encerrou a Segunda República espanhola e iniciou a Guerra Civil Espanhola (1936-1939). Com o objetivo de restabelecer os valores tradicionais espanhóis e afastar movimentos comunistas, Franco recebeu apoio de Benito Mussolini e de Adolf Hitler, que puderam testar em campo estratégias e tecnologias posteriormente empregadas na Segunda Guerra Mundial.

Guernica, de Pablo Picasso, retrata os horrores da Guerra Civil Espanhola, cuja principal consequência foi o desenvolvimento do franquismo. [1]

Após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), a ONU exigiu que a Espanha dissolvesse a ditadura franquista e realizasse eleições. Contudo, a resolução 39 de 1946, com base na qual a ONU fez essa determinação, não previa um prazo para isso, indicando apenas que deveria se tratar de um tempo razoável. Assim, o regime franquista se estendeu até a década de 1970.

Em 1947, Franco anunciou que, após sua morte, o país voltaria a ser governado pela monarquia, determinação que foi aprovada pelas Cortes Espanholas (órgão análogo a um Parlamento) e referendada pela população em julho do mesmo ano.

Dada a característica anticomunista do regime, foi confortável para a geopolítica mundial manter o franquismo saudável durante a Guerra Fria (1947-1991). Os Estados Unidos, por exemplo, emprestaram mais de 110 milhões de dólares para o regime com o objetivo de combater o comunismo na Guerra da Coreia (1950-1953).

Fotografia de 1959 que retrata Francisco Franco e o presidente dos EUA, Dwight D. Eisenhower, em Madri.

Com a morte de Francisco Franco em 1975, ocorreu a sucessão e chegou ao poder o rei Juan Carlos I. O monarca realizou o que ficou conhecido por Reforma Política Espanhola de 1977, iniciada com uma consulta popular acerca da aceitação da transição para a democracia, aceite dado por 94% da população. Modificou-se então o regime de governo e houve a consolidação da monarquia parlamentarista pela Constituição de 1978, vigente até os dias de hoje.

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Diferenças entre o franquismo e o salazarismo

A principal diferença entre franquismo e salazarismo era geográfica: enquanto o franquismo foi o regime fascista espanhol, o salazarismo foi o regime fascista português. O salazarismo foi consolidado no Estado Novo português (1933-1974), época de governo com inspiração fascista, corporativista e nacionalista chefiada por Antônio Salazar (1932-1968) e Marcello Caetano (1968-1974).

Outra diferença importante é que, enquanto no caso espanhol, o desmonte do regime e a transição democrática foram feitos sem grandes traumas; no caso português, o desmonte do regime e a transição democrática ocorreram por meio da Revolução dos Cravos (1974), que abalou as estruturas do salazarismo e do império colonial português.

Crédito de imagem

[1] Papamanila / Wikimedia Commons (reprodução)

Fontes

PINTO, António Costa. O Estado Novo de Salazar: uma Terceira Via na era do Fascismo. Coimbra: Edições 70, 2022.

SAZ, Ismael. Fascismo y Franquismo. Valencia: Publicacions de la Universitat de València, 2004.

VILAR, Pierre. La Guerra Civil Española. Madrid: Editorial Critica, 2017.

Por Tiago Soares Campos