A Revolução de Outubro (1917) é o primeiro exemplo da História de tomada de poder que instituiu um governo socialista. A sua realização mudou e redefiniu o cenário político e social do século XX. Diante do contexto de insatisfação política e social e crescente impopularidade do czar Nicolau II, com a promessa de retirar a Rússia da Guerra, promover a geração de empregos, acabar com a fome e realizar a reforma agrária, sob os slogans: “todo o poder aos sovietes” e “paz, terra e pão”, a Revolução de Outubro eclodiu na Rússia promovendo a queda do regime absolutista instaurando um governo socialista.
Dentre os seus principais acontecimentos, podemos citar o recrutamento em Petrogrado da Guarda Vermelha para a tomada do Palácio de Inverno; a realização da reunião do Congresso Pan-Russo dos Sovietes, reunindo os membros bolcheviques e constituindo o Conselho dos Comissários do Povo; a retirada da Primeira Guerra Mundial, por meio da assinatura do Tratado de Brest-Litovisk em 1918; a nacionalização dos bancos e indústrias; a entrega da gestão das terras aos comitês de camponeses; a execução do czar Nicolau II e sua família; e a adoção de uma Nova Política Econômica (NEP).
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Resumo sobre a Revolução de Outubro
- A Revolução de Outubro foi a tomada de poder seguida da instituição de um regime socialista pelo Partido Bolchevista na Rússia, em 1917.
- Entre as causas da Revolução de Outubro de 1917, estão: os privilégios do clero, de proprietários de terras e de oficiais, a fome e a desigualdade no campo, as péssimas condições de vida e trabalho dos operários, o alto índice de desemprego e a permanência da Rússia na Primeira Guerra Mundial.
- A Revolução de Outubro foi liderada por: Lev Davidovich Bronstein, conhecido como Leon Trotski, e Vladimir Ilyich Ulianov, conhecido como Lenin.
- Com Lenin no poder, a Rússia foi retirada da Primeira Guerra Mundial por meio da assinatura do tratado de Brest-Litovisk em 1918. Os bancos e indústrias foram nacionalizados, as gestões das terras foram entregues aos comitês de camponeses e a Nova Política Econômica (NEP) foi adotada.
- No Brasil, ela influenciou a formação do Partido Comunista Brasileiro, em 1922, e do Partido Comunista do Brasil, em 1962.
Contexto histórico da Revolução de Outubro
Desde o início do século XVII, a Dinastia Romanov governava a Rússia sob o regime absolutista. Entretanto, no início do século XX, durante o governo do czar Nicolau II — tendo em vista os privilégios do clero, de proprietários de terras e de oficiais enquanto a maior parte da população vivia em situação de intensa desigualdade no campo —, a manutenção do governo czarista começou a ser questionada de modo mais intenso. Além disso, boa parte da burguesia não concordava com as posturas despóticas do czar, que acabavam dificultando o processo desenvolvimento econômico de favorecer a burguesia industrial e mercantil.
A situação dos operários de baixos salários e péssimas condições de trabalho, associada a jornadas excessivas e ambientes insalubres, aumentava a insatisfação popular. Além disso, as ideias socialistas de construção de um estado socialista forte contra a burguesia que se mantinha no poder se espalhavam entre a população.
Desde o final do século XIX, o grupo social-democrata russo Emancipação e Trabalho, organizado pelo escritor Georgi Plekhanov, divulgava as ideias de Karl Marx e Friederich Engels. Ademais, em 1898, havia sido fundado na Rússia o Partido Social-Democrata, que tinha entre os seus líderes Vladimir Ulianov (Lenin). As ideias marxistas presentes no partido, de defesa de uma revolução democrático-burguesa que criasse condições para uma revolução do proletariado, eram divulgadas clandestinamente por meio do jornal “A Centelha”.
Somado a essa situação, no início do século XX a Rússia havia participado da Guerra Russo-Japonesa (1904-1905). Disputando a região da Manchúria e da Coreia contra o Japão e após grandes investimentos e baixa de soldados, perdeu o conflito. A população passava fome, o índice de desemprego aumentava, mas o governo russo acabava de se envolver em um conflito e havia perdido. A população se sentia humilhada diante da derrota, e os protestos contra o czar se fortaleceram.
Além desse fato, no dia 22 de janeiro de 1905, em São Petersburgo, a manifestação pacífica da população que pedia melhorias nas condições de trabalho e mais abertura política foi fortemente reprimida pelo czar. A violência utilizada e o número de mortes causadas fizeram com que a repressão ficasse conhecida como Domingo Sangrento. No mesmo ano havia ocorrido a Revolta do Encouraçado de Potemkin, que também questionava a postura do czar e as péssimas condições de trabalho.
Tentando acalmar os ânimos, o czar Nicolau II promulgou o Manifesto de Outubro, prometendo a instalação de uma monarquia constitucional e parlamentar por meio da instauração da Duma. Em contrapartida, os soldados, camponeses e operários russos criaram os sovietes (conselho de trabalhadores). Entretanto, a Duma não durou muito tempo, e em 1911 o czar Nicolau II voltou a centralizar o seu poder e a estabelecer forte censura.
Nesse contexto de insatisfação política e social, e crescente impopularidade do czar, somado ao início da Primeira Guerra Mundial, as Revoluções de 1917 — Revolução de Fevereiro e Revolução de Outubro — eclodiram na Rússia promovendo a queda de Nicolau II.
Quais são causas da Revolução de Outubro?
Dentre as causas da Revolução de Outubro de 1917, podemos citar:
- os privilégios do clero, de proprietários de terras e de oficiais enquanto a maior parte da população vivia em situação de intensa desigualdade e fome no campo;
- a situação dos operários de baixos salários, péssimas condições de trabalho associadas às jornadas excessivas, aos ambientes insalubres e alto índice de desemprego;
- a derrota na Guerra Russo-Japonesa;
- as repressões violentas do Domingo Sangrento e da Revolta do Encouraçado de Potemkin;
- a continuidade da Rússia na Primeira Guerra Mundial;
- a difusão das ideias socialistas de construção de um Estado socialista forte contra a burguesia que se mantinha no poder.
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Características da Revolução de Outubro
A Revolução de Outubro de 1917 caracterizou-se pela defesa de uma revolução democrático-burguesa que criasse condições para uma revolução do proletariado. Também houve divulgação e luta pela concretização das Teses de Abril de Vladimir Ulianov (Lenin), que propunham a nacionalização dos bancos, controle das fábricas pelos operários, paz, terras para os camponeses e todo o poder aos sovietes.
Líderes da Revolução de Outubro
Realizada pelos bolcheviques, a Revolução de Outubro de 1917 teve como líderes: Lev Davidovich Bronstein, conhecido como Leon Trotski, e Vladimir Ilyich Ulianov, conhecido como Lenin.
Como ocorreu a Revolução de Outubro
Diante do contexto de insatisfação política e social e crescente impopularidade do czar Nicolau II, as Revoluções de 1917 — Revolução de Fevereiro e Revolução de Outubro — eclodiram na Rússia promovendo a queda do regime absolutista, culminando na instauração de um governo socialista.
A Revolução de Fevereiro colocou os mencheviques no poder sob um governo provisório representado pelo general Alexander Kerensk, líder do Partido Social Revolucionário, e presidido pelo príncipe Lvov, com o apoio da burguesia, revelando uma postura mais conservadora.
Os mencheviques (minoria no Congresso), que defendiam o desenvolvimento do capitalismo para depois começar a revolução conduzida pela burguesia e apoiada pelos proletários e camponeses, haviam prometido retirar a Rússia da Primeira Guerra Mundial, realizar a reforma agrária no país e acabar com a fome. Entretanto, devido aos interesses burgueses, não deram início às promessas e não permitiram a participação dos sovietes nas decisões políticas, fato que acirrou os ânimos.
Enquanto isso, com a ajuda da Alemanha, que tinha interesse de que a Rússia saísse da Primeira Guerra Mundial, Vladimir Ulianov Lenin voltou do exílio da Suíça para a Rússia lançando as Teses de Abril, que propunham a nacionalização dos bancos, controle das fábricas pelos operários, paz, terras para os camponeses e todo o poder aos sovietes. Lenin era do Partido Bolchevista, que defendia a revolução imediata conduzida por um partido operário com o apoio dos camponeses.
Diante do contexto de crise, muitos soldados desertando, falta de apoio popular, fome e desemprego, em julho de 1917 o príncipe Lvov se demitiu e Alexander Kerensky assumiu, adotando uma postura de perseguição aos bolcheviques. Diante da perseguição, Leon Trotski, que era bolchevique e defendia a ideia de Revolução Permanente, por meio de uma ação incessante e global, recrutou em Petrogrado a milícia revolucionária, também conhecida como Guarda Vermelha, para a tomada do Palácio de Inverno.
No dia 24 de outubro de 1917 (6 de novembro, no calendário gregoriano), com a promessa de retirar a Rússia da guerra, promover a geração de empregos, acabar com a fome e realizar a reforma agrária, sob os slogans: “todo o poder aos sovietes” e “paz, terra e pão”, os bolcheviques ocuparam pontos estratégicos de Petrogrado, causando uma insurreição organizada pelo seu Comitê Militar Revolucionário ao tomar o Palácio de Inverno, sede do governo.
No dia seguinte, ocorreu a reunião do Congresso Pan-Russo dos Sovietes, reunindo os membros bolcheviques, constituindo o Conselho dos Comissários do Povo, presidido por Lenin, e consolidando a Revolução de Outubro de 1917, conhecida também como Revolução Bolchevique.
Com Lenin no poder, a Rússia foi retirada da Primeira Guerra Mundial por meio da assinatura do Tratado de Brest-Litovisk em 1918. Os bancos e indústrias foram nacionalizados, e as gestões das terras foram entregues aos comitês de camponeses.
Já entre 1918 e 1921 iniciou-se uma guerra civil. De um lado os bolcheviques, liderados por Trotski, com o Exército Vermelho; do outro, o Exército Brando, dos liberais e contrarrevolucionários, com o apoio dos países capitalistas: França, Estados Unidos, Alemanha, Inglaterra e Japão. Em meio à crise, Lenin ordenou a execução do czar Nicolau II e sua família e adotou a Nova Política Econômica (NEP). Apesar de os bolcheviques terem vencido, o conflito deixou um saldo de fome, desemprego e insatisfação popular.
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Principais acontecimentos da Revolução de Outubro
Dentre os principais acontecimentos da Revolução de Outubro, podemos citar o recrutamento em Petrogrado da Guarda Vermelha, para a tomada do Palácio de Inverno; a realização da reunião do Congresso Pan-Russo dos Sovietes, reunindo os membros bolcheviques e constituindo o Conselho dos Comissários do Povo; a retirada da Primeira Guerra Mundial, por meio da assinatura do Tratado de Brest-Litovisk em 1918; a nacionalização dos bancos e indústrias; a entrega da gestão das terras aos comitês de camponeses; a execução do czar Nicolau II e sua família; e a adoção da Nova Política Econômica (NEP).
Qual a importância da Revolução de Outubro?
A Revolução de Outubro é o primeiro exemplo histórico de tomada de poder que instituiu um governo socialista. A sua realização mudou e redefiniu o cenário político e social do século XX, através da disputa que se consolidaria no contexto do pós-Segunda Guerra Mundial.
Quais são as consequências da Revolução de Outubro?
A Revolução de Outubro possibilitou a instauração de um governo socialista, promoveu uma mobilização popular e a tomada de poder pelos operários, servindo como exemplo para outras manifestações e reinvindicações ao longo da História. Na Rússia, ela possibilitou a retirada do país da Primeira Guerra Mundial, morte de Nicolau II e de sua família, e formação da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) em 30 de dezembro de 1922.
Ademais, ela favoreceu a disseminação das ideias socialistas e comunistas pelo mundo. No Brasil, ela influenciou a formação do Partido Comunista Brasileiro, em 1922, e do Partido Comunista do Brasil, em 1962. Assim, mostrou que as suas influências e consequências são permanentes e a longo prazo.
Exercícios resolvidos sobre a Revolução de Outubro
Questão 1
(Unioeste 2018) Para muitos, ela foi (e continua sendo) reconhecida como a maior revolução ocorrida desde o século XX; outros, porém, associam-na a um regime extremista que pregou o medo e a repressão; e, para outros tantos (talvez a maioria), as marcas de sua existência (caso explícito do “comunismo”) ainda rondam a memória individual e coletiva de homens e mulheres por todo o planeta, independentemente de suas colorações políticas e ideológicas.
Neste ano de 2017, lembramos dos cem anos da chamada “Revolução Russa” ou “Revolução Bolchevique” (outubro de 1917), um dos eventos históricos mais importantes do século XX — cujos debates ainda são acalorados — à medida que, durante várias décadas, passou a disputar a hegemonia mundial com o capitalismo.
Sobre a Revolução Russa e seus desdobramentos históricos, é CORRETO afirmar:
a) A participação da Rússia na Primeira Guerra Mundial (1914-1918) foi um dos grandes elementos desencadeadores de uma série de greves e revoltas populares pelo país que culminaram com a derrubada do regime czarista de Nicolau II.
b) Uma das memórias mais vivas em nosso tempo presente acerca da chamada “Revolução Russa” — conhecida pela internet e em livros didáticos — e a imagem de Leon Trotski discursando para os trabalhadores na Praça Vermelha em maio de 1919.
c) A consolidação da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), em 1922, depois de uma guerra civil de quase cinco anos, teve como seu grande líder Josef Stalin, um liberal democrata que defendia a necessidade de implantar uma reforma socialista.
d) Na Rússia do século XXI, em pleno ano do centenário da “Revolução Russa”, o governo de Vladimir Putin decidiu construir uma estátua em homenagem a Josef Stalin, o grande líder daquele evento histórico.
e) Os bolcheviques, liderados por Plekhanov e Tolstói e que representavam a ala mais conservadora dos revolucionários russos, foram derrotados pelos mencheviques nas jornadas de outubro de 1917.
Resposta: Letra A. A participação da Rússia na Primeira Guerra Mundial agravou a insatisfação popular diante da grave crise econômica que o país vivenciava, com alto índice de desemprego, fome e miséria.
Questão 2
(UEG 2019) Leia o texto a seguir.
A revolução permanente é uma utopia: a guerra permanente é uma realidade. 1914-1985: Primeira Guerra Mundial, Guerra do Rif, Guerra Civil Espanhola, Segunda Guerra Mundial, guerras da Indochina, da Coréia, do Vietnã, da Argélia, a chamada “Guerra Fria”.
VICENT, G; PROST, A. História da Vida Privada. São Paulo: Cia. das Letras, 1992. p. 201. v. 5.
Após a morte de Lenin houve um racha entre os líderes da Revolução Russa. Como contraposição à tese da “revolução em um só país”, a concepção de Revolução Permanente, uma proposta que pretendia transformar o processo revolucionário em ação incessante e global, foi defendida por
a) Stalin, sucessor de Lenin.
b) Trotski, líder do exército vermelho.
c) Nicolau II, último czar da Rússia.
d) Gorbatchov, criador da Perestroika.
e) Marx, principal teórico do comunismo.
Resposta: Letra B. Com a morte de Lenin, o termo de Revolução Permanente esteve mais presente nas falas de Trotski.
Fontes:
ARRUDA, José Jobson de A. e PILETTI, Nelson. Toda a História. 4 ed. São Paulo: Ática, 1996.
BOULOS JÚNIOR, Alfredo. História, sociedade e cidadania. 3ª ed. São Paulo: FTD, 2015.
DEURSEN, Felipe. Como a Alemanha ajudou a Revolução Russa a acontecer. Disponível em: https://super.abril.com.br/coluna/contaoutra/como-a-alemanha-ajudou-a-revolucao-russa-a-acontecer.
RODRIGUES, Leôncio Martins. Lenin: o partido, o Estado e a burocracia. Lua Nova: Revista de Cultura e Política, p. 82-104, 1988.
SEGRILLO, Angelo. Historiografia da Revolução Russa: antigas e novas abordagens. Projeto História: Revista do Programa de Estudos Pós-Graduados de História, v. 41, 2010.
VIANNA, M. (2017). A importância da Revolução Socialista de Outubro para o PCB. Projeto História: Revista Do Programa De Estudos Pós-Graduados De História, 60.
