Movimento sufragista

O movimento sufragista foi uma luta organizada pela conquista do direito ao voto para as mulheres
Mulheres sufragistas em uma manifestação em fevereiro de 1913.
Mulheres sufragistas em uma manifestação em fevereiro de 1913.
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O movimento sufragista foi uma campanha organizada por mulheres em busca da igualdade de direitos, principalmente o direito ao voto e à participação política. Ele emergiu em um contexto de mudanças sociais e políticas, influenciado pela Revolução Industrial e pelos ideais iluministas, que excluíam as mulheres dos direitos de cidadania.

As sufragistas utilizaram tanto estratégias pacíficas, como comícios e petições, quanto táticas radicais, como desobediência civil, para pressionar as autoridades. Suas reivindicações incluíam, além do voto, igualdade salarial, acesso à educação, direito ao trabalho digno, direitos civis e plena participação política.

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Resumo sobre o movimento sufragista

  • O movimento sufragista foi uma campanha organizada por mulheres que, no final do século XIX e início do século XX, lutaram pela igualdade de direitos entre os gêneros, com foco principal na conquista do direito ao voto e participação política.
  • O movimento sufragista surgiu em um contexto de intensas transformações sociais e políticas, marcado pela Revolução Industrial e pelos ideais iluministas, que excluíam as mulheres dos direitos de cidadania.
  • As sufragistas atuavam por meio de estratégias pacíficas e legais mas também adotavam táticas radicais para pressionar as autoridades a concederem o direito ao voto.
  • Além do direito ao voto, elas reivindicavam igualdade salarial, acesso à educação, direito ao trabalho em condições dignas, direitos civis e legais, e plena participação política.
  • O movimento sufragista teve impacto global, com vitórias significativas no século XX e uma luta prolongada em outras regiões.
  • No Brasil, o movimento ganhou força na década de 1920, sendo liderado por figuras como Bertha Lutz, e culminou na conquista do direito ao voto feminino em 1932.
  • O movimento sufragista foi crucial para a conquista de direitos políticos e civis das mulheres, abrindo caminho para o feminismo contemporâneo.

Videoaula sobre o movimento sufragista

O que foi o movimento sufragista?

O movimento sufragista foi uma luta organizada pela conquista do direito ao voto para as mulheres. Surgiu no final do século XIX e início do século XX, em um contexto de intensas mudanças sociais e políticas. As sufragistas, como eram conhecidas as ativistas desse movimento, buscavam a igualdade de direitos entre homens e mulheres, especialmente o direito ao sufrágio, ou seja, o direito de votarem e de serem eleitas para cargos públicos.

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O movimento foi marcado por uma ampla gama de estratégias, desde manifestações pacíficas e discursos públicos até ações mais radicais, como greves de fome e atos de desobediência civil. A luta das sufragistas não se limitou apenas ao voto; elas também batalhavam por direitos como a igualdade salarial, o acesso à educação e melhores condições de trabalho. O movimento sufragista foi um dos primeiros grandes passos rumo à igualdade de gênero, estabelecendo as bases para o feminismo moderno.

Exemplo de manifestação sufragista do início do século XX.
Exemplo de manifestação sufragista do início do século XX.

Contexto histórico do movimento sufragista

O movimento sufragista emergiu em um período de grandes transformações sociais, políticas e econômicas. O século XIX foi marcado pela Revolução Industrial, que alterou profundamente as estruturas de trabalho e a vida nas cidades. As mulheres, antes vistas predominantemente como responsáveis pelo lar e pela família, começaram a ingressar no mercado de trabalho, especialmente nas fábricas, embora em condições extremamente precárias.

Paralelamente, o iluminismo e as revoluções liberais do século XVIII, como a Revolução Francesa e a Independência dos Estados Unidos, propagaram ideias de igualdade e direitos individuais. No entanto, essas ideias eram aplicadas quase exclusivamente aos homens, deixando as mulheres à margem das novas estruturas de cidadania que se formavam.

No Reino Unido e nos Estados Unidos, os primeiros grupos organizados de mulheres começaram a se formar no início do século XIX, inspirados pelo movimento abolicionista e pela luta por direitos civis.

A Convenção de Seneca Falls, realizada em 1848 nos Estados Unidos, é frequentemente citada como um marco inicial do movimento sufragista. Nesse evento, foi apresentada a Declaração de Sentimentos, um documento que denunciava as injustiças sofridas pelas mulheres e reivindicava direitos iguais, incluindo o direito ao voto.

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Como as sufragistas atuavam?

As sufragistas atuavam de diversas maneiras para promover sua causa. A estratégia inicial foi o uso de meios pacíficos e legais, como a organização de comícios, a publicação de artigos e panfletos, e a coleta de assinaturas em petições. Essas ações tinham como objetivo sensibilizar a opinião pública e pressionar os governos a concederem o direito de voto às mulheres.

No entanto, diante da resistência e da lentidão das reformas, algumas sufragistas optaram por táticas mais radicais. Grupos como a Women’s Social and Political Union (WSPU), fundada por Emmeline Pankhurst no Reino Unido, adotaram o lema “Deeds, not words” (Ações, não palavras) e passaram a realizar atos de desobediência civil. Esses atos incluíam a interrupção de reuniões políticas, a quebra de vitrines e até ataques incendiários a propriedades do governo.

Muitas sufragistas foram presas por suas atividades, e algumas delas, ao serem detidas, iniciaram greves de fome como forma de protesto. A reação das autoridades foi brutal; as grevistas eram frequentemente alimentadas à força, um procedimento doloroso e arriscado. Essas ações, apesar de controversas, conseguiram chamar a atenção da mídia e da opinião pública para a causa sufragista.

Reivindicações do movimento sufragista

Embora o direito ao voto fosse a principal bandeira do movimento sufragista, as reivindicações das ativistas iam além. As sufragistas também lutavam por direitos como:

  • Igualdade salarial: as mulheres recebiam salários significativamente mais baixos do que os homens, mesmo quando realizavam o mesmo trabalho. O movimento sufragista demandava remuneração justa e igualitária.
  • Direito à educação: o acesso à educação de qualidade era limitado para as mulheres. As sufragistas defendiam o direito das mulheres a uma educação completa, que lhes permitisse competir em pé de igualdade no mercado de trabalho.
  • Direito ao trabalho: as mulheres enfrentavam discriminação no acesso a empregos, sendo muitas vezes confinadas a funções consideradas “femininas” e de baixa remuneração. As sufragistas lutavam pelo direito de trabalhar em qualquer área e em condições dignas.
  • Direitos civis e legais: as mulheres tinham poucos direitos legais, especialmente em questões de propriedade e família. O movimento sufragista também abordava questões como o direito à herança, ao divórcio e à guarda dos filhos.
  • Participação política: além do direito ao voto, as sufragistas exigiam o direito de se candidatarem a cargos públicos e de participarem plenamente da vida política.

Movimento sufragista de 1920

O ano de 1920 foi um marco importante na história do movimento sufragista, especialmente nos Estados Unidos, onde, após décadas de luta, as mulheres finalmente conquistaram o direito ao voto com a ratificação da 19ª Emenda à Constituição dos EUA. Essa vitória foi o resultado de uma campanha incansável liderada por figuras como Susan B. Anthony, Elizabeth Cady Stanton e muitas outras.

No Reino Unido, embora as mulheres tenham conquistado o direito ao voto em 1918, foi apenas em 1928 que elas alcançaram a igualdade plena em relação aos homens, podendo votar nas mesmas condições. O movimento sufragista de 1920 é, portanto, um símbolo da persistência e da determinação das mulheres em conquistar seus direitos.

Esse período também viu o movimento sufragista expandir-se para outros países, influenciando as lutas por direitos das mulheres em várias partes do mundo. Embora, em muitos lugares, a luta ainda estivesse apenas começando, a década de 1920 marcou um avanço significativo na questão do voto feminino.

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Movimento sufragista no mundo

O movimento sufragista teve repercussões globais, embora a conquista do direito ao voto para as mulheres tenha ocorrido em momentos diferentes em cada país. Nos Estados Unidos e no Reino Unido, o movimento começou no século XIX e culminou em vitórias importantes no início do século XX.

Na Nova Zelândia, as mulheres foram as primeiras no mundo a conquistarem o direito ao voto, em 1893, seguido pela Austrália em 1902 (embora com restrições para mulheres indígenas). Na Europa, os países nórdicos, como Finlândia (1906) e Noruega (1913), também se destacaram na concessão de direitos eleitorais às mulheres.

No entanto, em muitas partes do mundo, a luta foi mais longa e árdua. Na Suíça, por exemplo, as mulheres só conquistaram o direito ao voto em 1971. Na Arábia Saudita, o direito ao voto feminino só foi garantido em 2011, evidenciando as profundas diferenças culturais e políticas que influenciam a luta pelos direitos das mulheres.

Em muitos países da América Latina, o movimento sufragista ganhou força na primeira metade do século XX, com as mulheres argentinas conquistando o direito ao voto em 1947; as brasileiras, em 1932; e as chilenas, em 1949. Cada movimento teve suas peculiaridades, influenciadas pelas condições sociais, políticas e culturais de cada nação.

Movimento sufragista no Brasil

No Brasil, o movimento sufragista começou a ganhar força no início do século XX, em um contexto de transformação social e política. As primeiras manifestações pela ampliação dos direitos das mulheres no país surgiram no final do século XIX, mas foi na década de 1920 que o movimento ganhou maior visibilidade e organização.

A Liga pela Emancipação Intelectual da Mulher, fundada em 1919, e a Federação Brasileira pelo Progresso Feminino, criada em 1922 por Bertha Lutz, foram duas das principais organizações que lideraram a luta pelo direito ao voto feminino no Brasil. Bertha Lutz, em particular, se destacou como uma das principais lideranças do movimento sufragista no país, articulando a mobilização de mulheres em várias regiões brasileiras.

Em 1932, durante o governo de Getúlio Vargas, o Código Eleitoral foi reformado, e as mulheres brasileiras conquistaram o direito ao voto, embora com algumas restrições iniciais. Esse foi um marco importante na história dos direitos das mulheres no Brasil, abrindo caminho para uma participação mais ativa das mulheres na política e na vida pública.

As primeiras eleitoras do Brasil, em Natal, RN, em 1928.
As primeiras eleitoras do Brasil, em Natal, RN, em 1928.

Importância do movimento sufragista

O movimento sufragista foi fundamental para a conquista de direitos políticos e civis pelas mulheres, estabelecendo as bases para o feminismo contemporâneo. A luta das sufragistas demonstrou a capacidade das mulheres de se organizarem e lutarem por seus direitos, desafiando as estruturas de poder dominadas pelos homens.

Além de conquistar o direito ao voto, o movimento sufragista trouxe à tona a discussão sobre a igualdade de gênero, influenciando uma ampla gama de reformas sociais e legais que beneficiaram as mulheres em todo o mundo. As conquistas das sufragistas abriram portas para outras lutas por direitos, como o movimento pelos direitos reprodutivos, a igualdade no trabalho, e o combate à violência de gênero.

Fontes

JARDIM, Duda (Org.). Mulheres: luta, liberdade, igualdade e sororidade. 1. ed. São Paulo: Buzz Editora, 2019

ZAMPELLI, Gustavo. A reforma sufragista: igualdade e direitos das mulheres. 1. ed. [S.l.]: Independente, 2020. E-book. Disponível em: https://www.amazon.com.br/Reforma-Sufragista-igualdade-direitos-mulheres-ebook/dp/B085N4NG59.

Por Tiago Soares Campos