Bloqueio Continental

O Bloqueio Continental foi uma imposição de Napoleão Bonaparte que proibia o comércio europeu com a Inglaterra.
Ilustração traz rosto de Napoleão Bonaparte ligado à definição do que foi o Bloqueio Continental.
Napoleão Bonaparte pretendia prejudicar o Reino Unido com a implantação do Bloqueio Continental.[1]
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O Bloqueio Continental foi uma imposição de Napoleão Bonaparte que proibia o comércio europeu com a Inglaterra, visando enfraquecer economicamente o Reino Unido. Seus principais objetivos eram isolar a Grã-Bretanha, asfixiar suas finanças e consolidar o domínio francês na Europa.

O bloqueio foi estabelecido por meio do Tratado de Berlim, de 1806, e contou com a adesão voluntária ou forçada de diversas nações europeias, incluindo Espanha, Holanda, Bélgica, Suíça, Prússia e Áustria. A transferência da Corte portuguesa para o Brasil ocorreu devido à pressão napoleônica, fortalecendo os laços entre Portugal e sua colônia brasileira.

A Rússia, por sua vez, se recusou a aderir plenamente ao bloqueio, levando à invasão francesa da Rússia em 1812 e contribuindo para a queda de Napoleão. O Bloqueio Continental terminou com a derrota de Napoleão em 1815, após a Batalha de Waterloo, marcando o fim do Império Napoleônico e trazendo diversas consequências, como o isolamento da Grã-Bretanha e a reconfiguração política na Europa.

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Resumo sobre o Bloqueio Continental

  • O Bloqueio Continental foi uma imposição de Napoleão que proibia o comércio entre nações europeias e a Grã-Bretanha, visando enfraquecer a economia britânica.
  • Seus antecedentes históricos incluíram tensões europeias e as Guerras Napoleônicas.
  • Sua criação se deu pelo Tratado de Berlim, de 1806, que envolveu a Prússia e marcou o início dessa política.
  • Vários países europeus aderiram a ele voluntariamente ou sob pressão, incluindo Espanha, Holanda, Bélgica, Suíça, Prússia, Áustria, entre outros.
  • Dom João VI transferiu a Corte portuguesa para o Brasil em 1808 devido à pressão napoleônica, fortalecendo os laços entre Portugal e sua colônia.
  • A Rússia se recusou a aderir completamente ao bloqueio, levando à invasão francesa em 1812 e contribuindo para a queda de Napoleão.
  • O bloqueio terminou com a queda de Napoleão em 1815, após a derrota em Waterloo.
  • Embora tenha sido um componente importante da estratégia napoleônica, ele foi encerrado com a derrota de Napoleão e a restauração da estabilidade política na Europa.
  • Entre suas consequências, estiveram o isolamento da Grã-Bretanha, a transferência da Corte portuguesa para o Brasil, a invasão da Rússia e, finalmente, a derrota de Napoleão, dando fim ao Império Napoleônico.

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Antecedentes históricos do Bloqueio Continental

Os antecedentes históricos do Bloqueio Continental envolveram diversas relações políticas, econômicas e militares entre o Império Francês e as demais nações da Europa. Entre essas relações, pode-se enumerar como mais importantes:

  • Tratado de Amiens (1802): tratado entre França e Inglaterra assinado em 1802, encerrando oficialmente os conflitos anteriores. No entanto, esse período de paz foi efêmero, uma vez que a animosidade entre as nações continuou e o tratado foi rompido em 1803.
  • Batalha de Trafalgar (1805): travada em 21 de outubro de 1805, foi uma das mais importantes batalhas navais das Guerras Napoleônicas. Ocorreu perto da costa sudoeste da Espanha, onde a Marinha Real Britânica, sob o comando do almirante Horatio Nelson, enfrentou a frota combinada francesa e espanhola, liderada pelo almirante francês Pierre-Charles Villeneuve. A vitória britânica foi decisiva, resultando na destruição de grande parte da frota franco-espanhola e na morte de Nelson. Essa batalha enfraqueceu significativamente a capacidade naval de Napoleão e minou seus planos de invadir a Grã-Bretanha, tornando-o mais inclinado a recorrer a medidas econômicas, como o Bloqueio Continental, para prejudicar o comércio britânico.
  • Guerras Napoleônicas (1803-1815): iniciadas após a quebra do Tratado de Amiens, foram marcadas por conflitos contínuos entre Napoleão Bonaparte e várias nações europeias, incluindo a Grã-Bretanha. Essas guerras desempenharam um papel importante na criação das tensões que levaram ao Bloqueio Continental, uma vez que a Grã-Bretanha era um dos principais oponentes de Napoleão.
Quadro Napoleão em Berlim (Meyner, 1810), ilustrando as Guerras Napoleônicas.
Quadro Napoleão em Berlim (Meyner, 1810), ilustrando as Guerras Napoleônicas.

O que foi o Bloqueio Continental?

O Bloqueio Continental foi uma imposição do imperador francês Napoleão Bonaparte em 1806, durante as Guerras Napoleônicas, com o objetivo de enfraquecer economicamente a Grã-Bretanha. Essa medida consistia na proibição dos países europeus sob o controle ou influência francesa de negociar com a Grã-Bretanha, visando isolar economicamente o Reino Unido e, assim, enfraquecer sua capacidade de resistência militar.

Embora tenha causado sérios impactos econômicos em algumas nações europeias, o bloqueio não foi totalmente eficaz e, eventualmente, contribuiu para a queda de Napoleão, uma vez que provocou retaliações britânicas e descontentamento entre as nações afetadas, enfraquecendo a coesão do sistema continental imposto por ele.

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Principais objetivos do Bloqueio Continental

Entre os principais objetivos do Bloqueio Continental, estavam:

  1. Enfraquecer a Grã-Bretanha: o bloqueio tinha como objetivo primordial enfraquecer a Grã-Bretanha, que representava uma ameaça naval e comercial à hegemonia francesa, visando minar sua capacidade de resistência militar.
  2. Asfixiar as finanças britânicas: outro objetivo era prejudicar as finanças britânicas ao proibir o comércio entre os países europeus sob controle francês e a Grã-Bretanha, causando impactos econômicos significativos no Reino Unido.
  3. Consolidar o domínio napoleônico: o bloqueio buscava consolidar o domínio de Napoleão sobre o continente europeu, forçando outras nações a aderirem a essa política e alinharem-se com os interesses franceses, promovendo assim a autossuficiência econômica e enfraquecendo a influência britânica no continente.

Criação do Bloqueio Continental

O Bloqueio Continental foi instituído por meio do Tratado de Berlim, assinado em 21 de novembro de 1806, entre Napoleão Bonaparte e o rei da Prússia, Frederico Guilherme III. O tratado foi negociado na cidade de Berlim, na Prússia, e estabeleceu as bases para o bloqueio.

Os pontos mais importantes do tratado incluíram a adesão da Prússia ao bloqueio comercial contra a Grã-Bretanha, a proibição do comércio com os britânicos e a garantia de proteção dos territórios prussianos sob controle francês. Esse acordo exemplificou a estratégia de Napoleão de pressionar as nações europeias a aderirem ao bloqueio, estendendo gradualmente a política para outros países do continente.

Quais países aderiram ao Bloqueio Continental?

Com a decretação do Bloqueio Continental, vários países aderiram voluntariamente às políticas de Napoleão Bonaparte, incluindo Espanha, Holanda, Bélgica, Suíça e os estados alemães da Confederação do Reno. Por outro lado, outros países foram forçados à adesão, como Prússia, Áustria e o Reino da Dinamarca-Noruega, com pressão militar ou ameaças de invasão por parte das forças francesas.

Por fim, outros países, como Portugal, Rússia e Suécia, foram afetados indiretamente pelo bloqueio, já que, embora não tenham aderido a ele formalmente, enfrentaram consequências econômicas e políticas devido à pressão de Napoleão para aderirem ou pela participação em conflitos relacionados às Guerras Napoleônicas.

Transferência da Corte portuguesa para o Brasil

O Bloqueio Continental teve uma relação direta com a transferência da Corte portuguesa para o Brasil em 1808. Como parte das medidas de Napoleão para isolar economicamente a Grã-Bretanha, Portugal, aliado tradicional dos britânicos, foi forçado a aderir ao bloqueio.

Essa pressão econômica e a ocupação francesa na Península Ibérica levaram à decisão da família real portuguesa, liderada pelo príncipe regente Dom João, de fugir para o Brasil, uma colônia portuguesa, em busca de segurança e proteção de uma possível invasão francesa.

A chegada da Corte portuguesa ao Rio de Janeiro, em 1808, teve profundas consequências na história do Brasil, incluindo a abertura dos portos brasileiros ao comércio internacional. Isso acabou por impulsionar a economia e fortalecer os laços entre Portugal e sua colônia, marcando um passo crucial na trajetória do Brasil em direção à independência. Para saber mais sobre a vinda da família real para o Brasil, clique aqui.

A Rússia e o Bloqueio Continental

A Rússia não aderiu plenamente ao Bloqueio Continental, apesar das fortes pressões francesas. A principal razão para a recusa russa foi a sua economia, baseada na exportação de matérias-primas, especialmente grãos, que encontravam um mercado crucial na Grã-Bretanha.

A adesão ao bloqueio teria causado sérios prejuízos econômicos à Rússia, afetando sua capacidade de arrecadar divisas e prejudicando sua economia agrária. Além disso, as relações entre a Rússia e a França eram delicadas, e a Rússia não estava disposta a comprometer sua soberania e sua independência econômica em favor de Napoleão.

A consequência mais significativa da recusa da Rússia em aderir ao Bloqueio Continental foi a invasão do país pelas tropas napoleônicas em 1812, na chamada Campanha da Rússia. A invasão resultou em um desastre para as forças francesas, devido ao vasto território e à tática de terra arrasada aplicada pelos russos.

O fracasso da campanha enfraqueceu seriamente o exército de Napoleão e abriu as portas para uma coalizão europeia liderada pela Rússia, o que eventualmente levou à queda de Napoleão e ao fim do seu domínio na Europa, marcando o início da queda de seu império.

Portanto, a recusa da Rússia em aderir ao Bloqueio Continental teve repercussões significativas tanto para o país quanto para a França, contribuindo de maneira crucial para o declínio de Napoleão e para a restauração da ordem europeia.

Pintura de Adolph Norten (1851) representando Napoleão se retirando da Rússia.
Pintura de Adolph Norten (1851) representando Napoleão se retirando da Rússia.

Fim do Bloqueio Continental

O fim do Bloqueio Continental ocorreu devido à série de eventos que marcaram a decadência de Napoleão Bonaparte e seu império. Após a desastrosa Campanha da Rússia em 1812 e a subsequente coalizão europeia liderada pela Rússia, as forças aliadas ganharam terreno contra Napoleão. A derrota final de Napoleão em Leipzig, na Batalha das Nações, em 1813, enfraqueceu ainda mais seu domínio na Europa.

Em 1814, Napoleão foi exilado na Ilha de Elba, e o Congresso de Viena reorganizou a Europa pós-napoleônica. O Bloqueio Continental, então, perdeu sua validade, uma vez que os países europeus começaram a retomar relações comerciais com a Grã-Bretanha e abandonaram as restrições econômicas impostas por Napoleão.

Quais foram as consequências do Bloqueio Continental?

Entre as consequências do Bloqueio Continental, as principais foram:

  • O isolamento da Grã-Bretanha: um dos principais objetivos do bloqueio, que buscava proibir o comércio entre a Inglaterra e os países europeus sob controle ou influência francesa. Apesar de impactar o comércio britânico, a política não conseguiu sufocar completamente a economia da Grã-Bretanha, pois o contrabando se tornou uma atividade disseminada.
  • A transferência da monarquia portuguesa para o Brasil:  ocorrida devido à ameaça das forças napoleônicas e à pressão para aderir ao Bloqueio Continental. Em 1808, Dom João estabeleceu o Rio de Janeiro como a nova sede da monarquia, fortalecendo os laços entre Portugal e sua colônia brasileira e contribuindo para a autonomia administrativa do Brasil, o que posteriormente levou à independência, em 1822.
  • A invasão da Rússia: ocorrida devido à recusa russa em aderir ao Bloqueio Continental. Napoleão lançou uma invasão em 1812, resultando em uma derrota catastrófica para suas forças devido ao vasto território russo, à tática de terra arrasada russa e ao rigoroso inverno, enfraquecendo substancialmente seu domínio na Europa.
  • A derrota de Napoleão: marcada por várias batalhas importantes, incluindo a Batalha das Nações em Leipzig, em 1813. Posteriormente, uma coalizão liderada pela Rússia levou à queda de Napoleão em 1814. Embora tenha voltado brevemente durante os Cem Dias, Napoleão sofreu sua derrota final na Batalha de Waterloo, em 1815. Após isso, abdicou pela segunda vez e se exilou finalmente na Ilha de Santa Helena, encerrando o Império Napoleônico e restaurando a monarquia na França sob Luís XVIII.

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Exercícios resolvidos sobre o Bloqueio Continental

1. O que caracterizou o Bloqueio Continental, uma política implementada por Napoleão Bonaparte no início do século XIX?

A) A aliança comercial entre França e Grã-Bretanha.

B) A abertura dos portos europeus ao comércio britânico.

C) A proibição do comércio entre a Grã-Bretanha e nações europeias controladas pela França.

D) A expansão das relações comerciais entre a França e os Estados Unidos.

E) A criação de uma zona de livre comércio na Europa.

Resposta: C)

O Bloqueio Continental foi caracterizado pela proibição do comércio entre a Grã-Bretanha e as nações europeias sob controle ou influência francesa, com o objetivo de enfraquecer a economia britânica.

2. No início do século XIX, a Europa enfrentava as consequências das Guerras Napoleônicas, e uma das respostas a essa turbulência foi a transferência da Corte portuguesa para o Brasil em 1808. Em meio a esse contexto, qual evento específico contribuiu diretamente para a transferência?

A) A Revolução Francesa.

B) A assinatura do Tratado de Tordesilhas.

C) A independência do Brasil.

D) A ameaça das forças napoleônicas à Península Ibérica.

E) A invasão britânica em Portugal.

Resposta: D)

A transferência da Corte portuguesa para o Brasil, em 1808, ocorreu devido à ameaça iminente das forças napoleônicas à Península Ibérica, levando Dom João VI a buscar segurança e proteção em sua colônia brasileira.

Créditos da imagem

[1] Vectorku Studio / Shutterstock

Fontes:

HOBSBAWN, Eric. A Era das Revoluções. São Paulo: Cia das Letras, 2009.

HORNE, Alastair. A Era de Napoleão. São Paulo: Objetiva, 2010.

Por Tiago Soares Campos