Sedentarização

A sedentarização foi o processo de fixação das comunidades de seres humanos em uma localidade. Esse processo se deu a partir da descoberta da agricultura.
Ruínas de Göbekli Tepe, uma das primeiras cidades que surgiram com a sedentarização do ser humano.
Ruínas de Göbekli Tepe, uma das primeiras cidades que surgiram com a sedentarização do ser humano.
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A sedentarização foi o processo de fixação em uma localidade ao qual os seres humanos deram início a partir de 12 mil anos atrás durante o Período Neolítico. Com essa sedentarização, as comunidades de seres humanos foram gradativamente abandonando o nomadismo. A sedentarização contribuiu para o aumento populacional e o surgimento das cidades.

Os historiadores apontam que a sedentarização foi consequência da descoberta da agricultura e foi um processo complexo e difícil. As primeiras comunidades sedentárias tinham uma dieta mais pobre que das comunidades de caçadores-coletores e sofriam com doenças. Muitas comunidades retornavam ao nomadismo quando as condições de sobrevivência ficavam muito ruins.

Leia também: Período Neolítico — detalhes sobre a última fase da Pré-História

Resumo sobre sedentarização

  • A sedentarização foi o processo de fixação em um local pelo qual a humanidade passou a partir do Neolítico.

  • Iniciou cerca de 12 mil anos atrás, quando a agricultura foi descoberta.

  • Os historiadores apontam que foi um processo complexo e muito difícil.

  • As primeiras comunidades sedentárias tinham uma dieta mais pobre que das comunidades de caçadores-coletores.

  • Entre as consequências estão o surgimento das cidades, aumento das doenças, aumento populacional, desigualdade social, guerras, etc.

O que é a sedentarização?

A sedentarização foi o processo que os seres humanos iniciaram no Período Neolítico, por volta de 12 mil anos atrás, de fixação em um local específico. Com a sedentarização, os seres humanos abandonaram gradativamente o nomadismo e tornaram-se sedentários, isto é, estabeleceram-se em um local e passaram a produzir tudo que era necessário para sua sobrevivência.

O sedentarismo, nesse sentido, se refere, portanto, ao costume de morar de maneira fixa em um local por um longo período de tempo. O sedentarismo permitiu que a humanidade pudesse desenvolver cidades, o que acarretou mudanças significativas no modo de viver. A sedentarização contribuiu para o crescimento da população humana, da formação de uma aristocracia, da divisão de tarefas, etc.

Acredita-se que a sedentarização tenha se iniciado na região do Crescente Fértil por volta de 12 mil anos atrás, mas muitos historiadores sugerem que ela aconteceu simultaneamente em outras regiões do planeta, como o Leste Asiático e o continente americano.

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Causas da sedentarização

A sedentarização da humanidade é considerada um dos eventos mais significativos da trajetória humana pelos historiadores. Desse modo, entende-se que a sedentarização só foi possível por causa da Revolução Neolítica, isto é, o domínio da agricultura e da pecuária pelos seres humanos.

A produção de alimentos por meio da agricultura e a criação animal foram os responsáveis pela mudança no estilo de vida de grupos humanos, permitindo que eles progressivamente abandonassem o estilo de vida caçador-coletor para adotar o sedentarismo.

Como foi o processo de sedentarização dos seres humanos?

A migração do nomadismo para o sedentarismo é entendido pelos historiadores como um dos grandes conflitos que a humanidade enfrentou na história. A mudança do nomadismo para o sedentarismo foi um processo de grande complexidade. Apesar de a ideia de produzir a própria comida sem depender da coleta e caça parecer um modo de vida mais simples, a prática era, na verdade, mais complexa.

Isso é demonstrado pelos estudos conduzidos por historiadores e arqueólogos, apontando que a dieta dos seres humanos que seguiram o caminho da sedentarização era mais pobre do que dos grupos que decidiram permanecer na coleta e caça, o que significa que a dificuldade de se adaptar à agricultura durante o Neolítico era tão grande que a alimentação das comunidades sedentarizadas era mais pobre que a alimentação das comunidades nômades.

O trabalho agrícola era difícil de ser realizado, necessitava de tempo para trazer seus frutos, era difícil de ser aprendido e, muitas vezes, poderia dar resultados insuficientes. Os historiadores não sabem o que motivou essa mudança, mas acredita-se que ela deve ter causado um grande choque de ideias no período.

Os problemas na nutrição dos primeiros grupos de agricultores também resultou em maior número de doenças. Os problemas na nutrição não são os únicos fatores que explicam essas enfermidades, mas também o fato de os humanos viverem em comunidades maiores e mais concentradas, além de dividirem espaço com os animais.

O historiador Paul Kriwaczek também aponta que a mudança para o sedentarismo contribuiu para a destruição de costumes. Ele explica que essa mudança foi a maior destruidora de habilidades, culturas e línguas, e destaca que uma mudança de hábitos tão profunda como a mudança do nomadismo para a sedentarização deve ter acontecido pelo surgimento de uma nova fé ou uma nova ideologia muito poderosa. |1|

Mudanças causadas pelo processo de sedentarização dos seres humanos

A sedentarização causou uma série de transformações e é entendida pelos historiadores como o início do desenvolvimento do padrão civilizacional que possuímos atualmente. Primeiro, é importante entender que a sedentarização é resultado de uma grande revolução que estava acontecendo por volta de 12 mil anos atrás.

Tal revolução foi o desenvolvimento da agricultura e da pecuária. Essa mudança se iniciou em um contexto pelo qual a Terra estava passando, de aquecimento. Aqueles que adotaram a agricultura foram abandonando gradualmente o modo de vida de caçadores-coletores. Embora os historiadores mencionem que durante aproximadamente 5.000 anos essa mudança foi marcada por altos e baixos, com povos que adotaram a agricultura e o sedentarismo, retornando ao nomadismo caso suas condições de vida se tornasse muito ruins.

Além disso, a sedentarização permitiu que os grupos humanos pudessem se tornar mais populosos, pois estar fixo em um local auxilia na reprodução. Além disso, a sedentarização resultou no surgimento e crescimento das cidades, à medida que as comunidades humanas aumentavam seu tamanho.

Outros avanços significativos aconteceram por conta da sedentarização. Entre eles estão o domínio dos metais como forma de melhorar ferramentas e produzir armas. Com o crescimento das comunidades, uma aristocracia se estabeleceu, detendo poder e riqueza. Surgia a desigualdade social.

A sedentarização também trouxe mudanças na natureza, fazendo com que o desmatamento se transformasse um problema. Muitas vezes, a degradação causada pelo homem resultava em processos de desertificação, esgotamento do solo, poluição da água, entre outros. A aglomeração de seres humanos e animais contribuiu para a proliferação de doenças.

Consequências da sedentarização dos seres humanos

Entre as consequências da sedentarização dos seres humanos, destacam-se:

  • formação de núcleos urbanos;

  • crescimento populacional;

  • formação de uma aristocracia;

  • surgimento da desigualdade social;

  • desequilíbrio ambiental;

  • proliferação de doenças;

  • nutrição pobre (comparando-se com os coletores-caçadores no início da sedentarização);

  • guerras;

  • diminuição na altura média dos seres humanos.

Diferenças entre sedentarização e nomadismo

  • Sedentarização: é o processo de fixação dos seres humanos em uma localidade por meio do desenvolvimento da agricultura e do pastoreio de animais. As comunidades agrícolas-pecuárias desenvolviam grande parte dos alimentos de que necessitavam, apesar dos percalços da agricultura. Isso, no entanto, não significa que eles deixaram hábitos como a caça. Inicialmente, muitas comunidades sedentárias retornavam ao nomadismo caso as condições de vidas sedentarizadas se tornassem muito ruins.

  • Nomadismo: refere-se às comunidades migrantes e que viviam como caçadoras e coletoras. As comunidades nômades se estabeleciam em uma localidade por um período determinado de tempo, explorando os recursos que esse local poderia oferecer. Se as condições climáticas ou de alimento se tornassem inadequadas, eles partiam à procura de outro local.

Para saber mais sobre o nomadismo, clique aqui.

Exercícios resolvidos sobre sedentarização

Questão 1

A sedentarização dos seres humanos tem relação com qual acontecimento?

A) invenção da escrita

B) surgimento da moeda

C) invenção da roda

D) descoberta do fogo

E) desenvolvimento da agricultura

Resolução:

Alternativa E.

O desenvolvimento da agricultura foi o elemento fundamental para a sedentarização das comunidades humanas, pois permitiu a produção alimentícia, garantindo alimentação aos humanos.

Questão 2

A respeito da sedentarização dos seres humanos, selecione a alternativa falsa:

A) os grupos humanos que se sedentarizaram no Neolítico tinham uma dieta mais pobre em relação à dos grupos de caçadores-coletores

B) a sedentarização contribuiu para o surgimento de cidades

C) o crescimento populacional foi uma das consequências mais evidentes da sedentarização

D) as comunidades que se sedentarizaram não retornaram jamais a serem nômades

E) os historiadores acreditam que a sedentarização foi um processo complexo que marcou um choque de duas visões de mundo distintas

Resolução:

Alternativa D.

Os historiadores apontam que até cerca de 5.000 a.C. muitas comunidades sedentárias retornaram ao nomadismo para superar condições de sobrevivência adversas.

Notas

|1| KRIWACZEK, Paul. Babilônia: a Mesopotâmia e o nascimento da civilização. Rio de Janeiro: Zahar, 2018, pp. 36-37.

Fontes

ALTARES, Guillermo. A autêntica revolução foi no período Neolítico. Disponível em: https://brasil.elpais.com/brasil/2018/04/20/ciencia/1524219983_369281.html.

GHIDINI, Rafael. MORMUL, Najla Mehanna. Revolução agrícola neolítica e o surgimento do Estado classista: breve construção histórica. Disponível em: https://periodicos.ufmg.br/index.php/revice/article/view/e19725.

KRIWACZEK, Paul. Babilônia: a Mesopotâmia e o nascimento da civilização. Rio de Janeiro: Zahar, 2018.

Por Daniel Neves Silva