Valentina Tereshkova

Valentina Tereshkova, uma cosmonauta soviética, foi reconhecida como a primeira mulher a fazer uma viagem ao espaço. Ela permaneceu por 71 horas no espaço.
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Valentina Tereshkova foi uma cosmonauta soviética reconhecida internacionalmente como a primeira mulher a fazer uma viagem ao espaço. Tereshkova tripulou a Vostok 6, permanecendo no espaço por quase 71 horas e realizando 48 voltas na Terra. Por conta disso, tornou-se uma heroína em seu país.

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Origem

Valentina Tereshkova nasceu em Bolshoye Maslennikovo, na União Soviética, no dia 6 de março de 1937. Tinha origem humilde, sendo que seu pai, Vladimir Tereshkov, trabalhava como motorista de tratores. Ele morreu quando Valentina ainda era uma criança, pois havia sido convocado para lutar na Guerra de Inverno, e faleceu em combate na região da Carélia.

Valentina Tereshkova ficou marcada como a primeira mulher a ir ao espaço.[1]
Valentina Tereshkova ficou marcada como a primeira mulher a ir ao espaço.[1]

Depois da morte de seu pai, sua mãe, Elena Tereshkova, decidiu mudar-se para Yaroslavl, e lá trabalhou em uma fábrica têxtil e cuidou de seus três filhos. Valentina teve acesso à educação durante sua infância e adolescência, e, aos 18 anos, começou a trabalhar como operária.

Caminho para ser cosmonauta

Durante as décadas de 1950 e 1960, a União Soviética travava com os Estados Unidos o que ficou conhecido como corrida espacial. Esse evento ficou marcado como a disputa tecnológica travada entre as duas nações com o objetivo de determinar quem realizaria os maiores avanços na exploração do espaço.

Os soviéticos, por exemplo, foram os primeiros a lançar um satélite para o espaço e os primeiros a enviar um ser vivo e um homem ao espaço. Nos primeiros anos da década de 1960, decidiu-se que era a hora de um novo marco: enviar a primeira mulher ao espaço. Isso abriu uma grande oportunidade para Valentina Tereshkova.

Até então, ela seguia sua vida como operária, realizava saltos como paraquedista amadora e envolvia-se com as ações do Partido Comunista para a juventude soviética. Então Tereshkova se inscreveu no programa soviético para enviar uma cosmonauta ao espaço. O termo cosmonauta é a forma como os soviéticos se referiam aos astronautas.

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Esse programa contou com cerca de cinco mil inscrições, e uma grande seleção foi feita para que o número de participantes fosse gradativamente reduzido. Inicialmente 400 mulheres foram selecionadas, e esse número foi reduzido até que cinco mulheres ficassem. Além de Valentina Tereshkova, estavam entre elas: Valentina Ponomaryova, Tatyana Kuznetsova, Zhanna Yorkina e Irina Solovyova.

Tereshkova cumpria os requisitos básicos, que eram: ter menos de 30 anos, menos de 1,70 metro de altura e menos de 70 quilos. Além disso, ela se mostrou bastante capaz para a missão após uma série de testes rigorosos feitos na seleção. A seleção e os treinamentos pelos quais ela passou incluíram:

  • Testes de isolamento

  • Testes de descompressão

  • Teste em centrífugas

  • Lições para pilotar uma aeronave

  • Testes para oscilações de temperatura

Todo o processo de decisão determinou que Valentina Tereshkova e Valentina Ponomaryova fariam missões no Vostok 5 e Vostok 6, respectivamente. Entretanto, Ponomaryova foi substituída por um cosmonauta, e Tereshkova foi remanejada para o Vostok 6. Acredita-se que Ponomaryova foi preterida por suas posições feministas.

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Viagem na Vostok 6

A escolha por Valentina Tereshkova partiu do próprio primeiro-secretário do Partido Comunista da União Soviética e governante do país Nikita Kruschev. Ele a escolheu porque, além de ter tido resultados satisfatórios durante os testes, Tereshokova era vista como a mulher soviética ideal, pois era de origem humilde, filha de camponeses, trabalhava na fábrica e era engajada no partido.

A Vostok 5 foi tripulada por Valery Bykovsky, partindo no dia 14 de junho de 1963. A Vostok 6 partiu dois dias depois, sendo lançada em 16 de junho de 1963. Tereshkova foi chamada pelo codinome de “gaivota” e deu 48 voltas na órbita terrestre, em uma missão que se estendeu por quase 71 horas.

No retorno, Tereshkova se ejetou da cápsula na altura de seis mil metros de altitude e completou a descida de paraquedas (lembrando que ela tinha boa experiência com paraquedismo). Ao longo desse período, a cosmonauta passou por momentos difíceis, sofrendo com náuseas e com dores na cabeça pela pressão no capacete.

Além disso, ela teve de lidar com um problema no programa da espaçonave, que começou a se afastar da órbita terrestre, realizando alterações manuais no programa para conseguir retornar à Terra. Além disso, ela teve problemas com os ventos quando estava de paraquedas e quase pousou em um lago.

Seu pouso aconteceu em território do atual Cazaquistão, sendo auxiliada por camponeses que moravam próximo. Tereshkova foi convidada para jantar com moradores da região, e isso posteriormente lhe rendeu uma advertência, pois ela deveria ter feito exames médicos primeiro, como parte do protocolo.

Depois disso, Tereshkova foi convertida em heroína nacional e seu nome circulou o mundo. Ela foi convidada a visitar diversos países, como Cuba e Reino Unido, e recebeu as duas honrarias mais importantes do governo soviético — a Herói da União Soviética e a Ordem de Lenin.

Pós-viagem espacial

Valentina Tereshkova em imagem de 2016, quando já era política.
Valentina Tereshkova em imagem de 2016, quando já era política.

Após a viagem espacial, Valentina Tereshkova foi proibida de retornar ao espaço. Isso aconteceu sobretudo pela morte de Yuri Gagarin, outro cosmonauta soviético. Ela se manteve envolvida com o programa espacial, mas, em 1969, o governo soviético deixou de enviar novas cosmonautas ao espaço.

A URSS só enviou novamente uma mulher ao espaço em 1982, quando a Svetlana Savitskaya foi transportada até a estação espacial Salyut 7 pela Soyuz T-7. Os Estados Unidos, por sua vez, enviaram a primeira mulher ao espaço em 1983, quando Sally Ride tripulou a Challenger.

Valentina Tereshkova permaneceu como personalidade influente, assumindo posições importantes no interior do Partido Comunista. Com o desmembramento da União Soviética, ela procurou seguir a carreira política, até que conseguiu ser eleita, em 2011, para a Duma Federal (órgão que corresponde à câmara baixa do Legislativo russo).

Vida pessoal

Em 1963, Tereshkova casou-se com Adrian Nokilayev, também cosmonauta. Desse casamento nasceu Elena, a primeira criança filha de um casal de cosmonautas. O matrimônio se encerrou em 1982, mesmo ano em que ela se uniu com Yuli Shaposhnikov, um cirurgião. Manteve-se casada com ele até o falecimento do marido, em 1999.

Créditos das imagens

[1] Timofeeff e Shutterstock

[2] URRaL e Shutterstock

Por Daniel Neves Silva