Margaret Thatcher

Margaret Thatcher foi a primeira mulher a ser primeira-ministra da Inglaterra e exerceu o cargo por três mandatos.
Foto oficial de Margaret Thatcher como primeira-ministra.
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Margaret Thatcher foi a primeira e única primeira-ministra britânica até hoje. Filha de comerciantes, conservadora, vinda de uma região de reduto eleitoral com essa mesma característica, ela se formou em Química e estudou Direito tributário, mas fez carreira na política.

Seus governos dividiram opiniões: de um lado, grandes capitalistas lucraram com suas privatizações; de outro, o desemprego assumiu posições recordistas, aumentando as desigualdades sociais. Ela era parceira política do presidente estadunidense Ronald Reagan, e profundamente antissocialista, posição essa que foi fundamental durante seus mandatos, em plena Guerra Fria. Ficou famosa também pelo seu posicionamento firme, que lhe rendeu o apelido de Dama de Ferro.

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Resumo sobre Margaret Thatcher

  • Margaret Thatcher foi filha de comerciantes, elegeu-se com votos de conservadores e exerceu três mandatos como primeira-ministra. Antes, graduou-se em Química e Direito. Teve dois filhos e faleceu vítima de um AVC.
  • Seus governos foram caracterizados por seu caráter conservador e austeridade.
  • Ela era chamada de Dama de Ferro devido a uma manchete em um jornal da URSS, em 1976. O apelido pegou e passou a ser usado, inclusive, por ela mesma.
  • É reconhecida, historicamente, como uma das maiores propagadoras do neoliberalismo no mundo.

Videoaula sobre Margaret Thatcher

Biografia de Margaret Thatcher

No dia 13 de outubro de 1925, no condado de Lincolnshire, cidade de Grantham, nascia Margaret Hilda Roberts, depois conhecida como Margaret Thatcher ou Dama de Ferro, primeira mulher a ocupar — e permanecer por três mandatos — o cargo de primeira-ministra da Grã-Bretanha.

Criada sob os preceitos metodistas, sua mãe, Beatrice Ethel, e seu pai, Alfred Roberts, eram comerciantes. Ele foi vereador e prefeito da cidade por um breve período e membro do conselho local por quase duas décadas.

Seus estudos primários foram realizados em escola pública, até que conseguiu bolsa em uma particular. Já nos estudos universitários, dedicou-se à graduação em Química, na Universidade de Oxford, onde ingressou em 1943 e teve suas primeiras experiências políticas, tornando-se, em 1946, presidente da Oxford Union. Depois de formada, trabalhou pouco tempo em sua área.

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Formou-se também em Direito e especializou-se em Direito tributário. Nessa segunda graduação, ingressou em 1950, um ano antes de se casar com um comerciante chamado Denis Thatcher, com quem teve dois filhos, gêmeos, uma menina e um menino, chamados Carol e Mark.

Sua carreira política institucional começou, de fato, em 1959, quando foi eleita parlamentar para Câmara dos Comuns, com votos advindos do nicho eleitoral conservador da região de Finchley. Com isso, depois, acumulou outros cargos, na sequência, como: subsecretária parlamentar no Ministério da Previdência e Seguro Nacional (1961), secretária do Departamento de Educação e Ciências (1970) e líder do Partido Conservador (1975), até que, em 1979, seu partido saiu vitorioso das eleições daquele ano e ela se tornou primeira-ministra (cargo que ocupou até 1990, ou seja, três mandatos).

Ao longo do tempo, Thatcher sofreu vários pequenos derrames. Em dado momento, em 2002, os médicos tiveram que lhe recomendar que não mais falasse em público e diminuísse suas atividades. Assim o fez, um ano antes da morte do marido, que faleceu em decorrência de um câncer no pâncreas, em 2003.

Em 2005, sua filha, Carol, revelou que a mãe estava com problemas de memória e demência. Em fevereiro de 2007, tornou-se a primeira pessoa a ser homenageada em vida com uma estátua no Palácio de Westminster. A estátua de bronze fica em frente à de Winston Churchill, que era uma referência para ela.

A saúde já frágil de Thatcher começou a piorar a partir de 2008, quando, visivelmente, começou a passar mal em público nas poucas atividades que ainda exercia. Por isso, em 2011, seu escritório, na Câmara dos Lordes, foi definitivamente fechado. Ela chegou a se mudar para um hotel em 2012, pois não mais conseguia subir as escadas de sua casa.

Morreu em oito de abril de 2013, aos 87 anos, após um AVC. Os detalhes de seu funeral haviam sido previamente planejados por ela mesma.

Governo de Margaret Thatcher

Margaret Thatcher foi primeira-ministra, vencendo as eleições de 1979, 1983 e 1987, e seus governos tiveram várias fases. Importante lembrar que, durante todo esse período, o mundo vivia sob a Guerra Fria, o que influenciou bastante sua política.

O foco de sua governança era a aplicação do liberalismo com vistas à recuperação econômica. Para tal, realizou diversas privatizações de empresas públicas e estatais de transporte, telecomunicações e energia.

Thatcher reprimiu bastante os sindicatos fortíssimos da Inglaterra. Durante um de seus governos, foi realizada uma greve de mineiros de carvão que durou um ano e três meses.

Em relação aos conflitos étnico-territoriais no Reino Unido, não tolerava o nacionalismo irlandês e o atacou, ao mesmo tempo em que se posicionava contra a União Europeia, quando esta estava surgindo, na década de 1990. Um de seus famosos discursos foi na Câmara dos Comuns, em recusa aos poderes da Comissão Europeia em detrimento dos parlamentos dos países.

Ela era fortemente antissocialista. Sua ação contrária aos sindicatos fez com que vários deles fossem extintos. Também amparou países da Cortina de Ferro, como a Polônia, que almejavam sair do socialismo. Seu apelido mais famoso, Dama de Ferro, veio desse posicionamento. Assim, quando Mikhail Gorbachev iniciou as medidas de abertura da URSS, como a Glasnot e a Perestroika, ela o apoiou.

Um de seus maiores aliados era Ronald Reagan, ex-presidente dos EUA (1981 a 1989), pois ambos priorizavam o combate ao socialismo (em plena Guerra Fria, lembrando), o enfraquecimento do Estado e a promoção da livre economia (ou seja, liberalismo ou neoliberalismo). Essa parceria repercutiu na Guerra das Malvinas, como veremos a seguir.

Durante um dos mandatos/governo de Margaret Thatcher, ocorreu o conflito entre a Grã-Bretanha e a Argentina, em 1982, a Guerra das Malvinas, uma disputa pelas ilhas Falklands, durante dois meses. Reagan, enquanto presidente do EUA, numa disputa que se dava na América, não interviu e, ainda, deu suporte a sua fiel companheira de ideias e medidas, Thatcher. Tal parceria foi fundamental para a vitória inglesa.

Internacionalmente, a Dama de Ferro foi muito recriminada, porque esse foi, depois de séculos, o primeiro confronto entre um país da Europa e outro das Américas. A força do ataque contra os argentinos também foi alvo de críticas, já que muitos morreram no conflito. Entretanto, foi com essa guerra que a primeira-ministra garantiu sua reeleição naquele período, pois o nacionalismo britânico não a condenou; pelo contrário, a reelegeu e subiu sua popularidade.

Foto oficial de Margaret Thatcher como primeira-ministra.
Foto oficial de Margaret Thatcher como primeira-ministra.

Por que Margaret Thatcher era chamada de Dama de Ferro?

Margaret Thatcher foi chamada de Dama de Ferro pela primeira vez no dia 24 de janeiro de 1976, em manchete (“Dança de Ferro profere ameaças”) do jornal soviético Estrela Vermelha, após ter proferido forte discurso contra o comunismo. Na época, ela ainda não era primeira-ministra, mas, pelo seu estilo de governar, o apelido acabou pegando em todo o mundo.

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Legado de Margaret Thatcher

O legado de Margaret Thatcher pode ser percebido em relação à participação feminina na política, já que ela foi a primeira e única primeira-ministra britânica até hoje. Na economia, foi responsável por políticas de privatização de estatais.

Sempre dividiu opiniões, porque enfrentou os sindicatos, considerados pelos liberais de seus três mandatos (eleições de 1979, 1983 e 1987) como muito “poderosos”. Thatcher deixou seu legado ambíguo não só para os ingleses, na medida em que também esteve à frente do Estado durante a Guerra das Malvinas, afetando argentinos e toda a política latino-americana. Ações das empresas recém-privatizadas por ela foram compradas por alguns cidadãos comuns (que não grandes empresários já no ramo), sobretudo nas áreas de telecomunicações e energia.

Por sua implacável decisão, em aliança com o Partido Conservador, de reduzir o papel do Estado na economia, foi — e ainda é — considerada uma das maiores propagadoras do neoliberalismo no mundo. Outras medidas que lhe garantiram tal lembrança foram os cortes substanciais em impostos e em gastos com programas sociais por parte do governo.

Essas medidas, para os incentivadores do livre mercado, como ela, fizeram com que Londres se tornasse um centro financeiro dinâmico, ao mesmo tempo que — em números recordistas, só antes vistos durante a Crise de 1929 — mais de três milhões de pessoas ficaram desempregadas; ou seja, as desigualdades sociais aumentaram. Outro fato marcante entre seus mandatos foi a taxa de aprovação de apenas 25%, em 1981, a mais baixa já registrada até então para um primeiro-ministro.

Manifestantes na Praça Trafalgar para comemorar a morte de Margaret Thatcher. Homem segura cartaz: “Thatcher apodrece no inferno”.[1]
Manifestantes na Praça Trafalgar para comemorar a morte de Margaret Thatcher. Homem segura cartaz: “Thatcher apodrece no inferno”.[1]

Frases de Margaret Thatcher

  • “A Dama de Ferro do mundo ocidental? Uma combatente da Guerra Fria? Concordo, se é assim que interpretam minha defesa dos valores e liberdades fundamentais.” (1976)
  • “Na política, se você quer que algo seja falado, peça a um homem. Se quer que algo seja feito, peça a uma mulher.” (1982)
  • “Gosto de estar no centro das coisas.” (1984)
  • “Acredito que, historicamente, o termo ‘thatcherismo’ será visto como um elogio.” (1985)
  • “O retorno da múmia.” (Brincando depois que cartazes trabalhistas advertiram para um possível retorno ao poder da Dama de Ferro antes das eleições de 2001, citando o título de um filme de terror.)
Margaret Thatcher e a rainha da Inglaterra Elisabeth II.[2]
Margaret Thatcher e a rainha da Inglaterra Elisabeth II.[2]

Curiosidades sobre a Margaret Thatcher

Algumas curiosidades sobre sua biografia:

  • Ela e a irmã, na infância, arrecadaram dinheiro para passagem e estadia de uma menina judia que sua família acolheu durante a Segunda Guerra Mundial.
  • Um ex-namorado dos tempos da faculdade já a descrevia como conservadora, observadora e séria, características provavelmente advindas de seu pai, nomeado como um sujeito austero.
  • Ela teve um emprego numa fábrica de plástico como química e recebeu uma rejeição da Imperial Chemical Industries, que a avaliou como teimosa e “dona da verdade”.
  • Suas pesquisas nessa área eram sobre cristalografia de raios X e sobre a estrutura da gramicidina, um antibiótico.

Créditos da imagem

[1] Elena Rostunova / Shuttertstock

[2] Wikimedia Commons

Por Mariana de Oliveira Lopes Barbosa