Muralha da China

A Muralha da China, também chamada de Grande Muralha da China, é uma das sete maravilhas do mundo moderno e uma das edificações mais famosas de toda a história.

Por Jair Messias Ferreira Junior

Trecho da Muralha da China fotografado em 2023.
Trecho da Muralha da China fotografado em 2023.
Crédito da Imagem: Shutterstock.com
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A Muralha da China é a mais extensa obra edificada pelo ser humano em toda a sua história. Atualmente ela é uma das Sete Maravilhas do Mundo Moderno e é reconhecida pela Unesco como Patrimônio Mundial, atraindo a visita de milhões de turistas de todo o mundo.

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Resumo sobre a Muralha da China

  • A Muralha da China é a forma pela qual é chamado um conjunto de muralhas que foi edificado no país ao longo de mais de dois mil anos.
  • Os primeiros trechos da Muralha da China foram edificados durante o Período dos Reinos Combatentes, nos quais diversos reinos chineses lutavam pelo poder.
  • Foi durante a dinastia Ming que os mais imponentes trechos da Muralha da China foram construídos. São os trechos da muralha visitados pela maioria dos turistas na atualidade.
  • A construção da muralha durou mais de dois milênios.
  • Diversos grupos sociais trabalharam na construção da muralha.
  • Os mongóis conseguiram ultrapassar a Muralha da China e conquistar a China.
  • A Muralha da China é a mais extensa obra edificada pelo ser humano.
  • Em 2007 a Muralha da China foi eleita uma das Sete Maravilhas do Mundo Moderno.

História da Muralha da China

A Muralha da China é, na verdade, um conjunto de diversas muralhas que foram construídas em um período de quase dois mil anos. Os primeiros trechos da muralha foram construídos a partir do século VII a.C., quando a China estava dividida em diversos estados, cada um deles construindo sua muralha e fortificações para proteção contra os nômades do Norte e outros reinos chineses.

No século III a.C., Qin Shi Huang unificou a China e se tornou seu primeiro imperador, realizando obras com o objetivo de conectar diversas muralhas existentes no país, edificando uma grande muralha, que se estendia por mais de cinco mil quilômetros, do Mar Amarelo até a atual província de Xinjian. Após a morte de Qin Shi Huang, outros imperadores continuaram a ampliar as muralhas e fortificá-las.

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Apesar de sua grandeza, a Muralha da China não conseguiu conter o avanço mongol. Em 1205, Gengis Khan iniciou sua campanha na China, que terminou uma década depois, quando a capital chinesa, Pequim, foi tomada e a dinastia Jin foi deposta. O neto de Gengis Khan, Kublai Khan, tomou as últimas províncias chinesas, tornando-se o primeiro imperador mongol do país, iniciando a dinastia Yuan.

Em 1368, a dinastia mongol foi derrubada e a China passa a ser governada pela dinastia Ming, que retomou a construção da grande muralha, construindo seus trechos mais imponentes e que ainda permanecem de pé.

Em 1644, novamente a Muralha da China foi transposta, dessa vez pelas tropas manchus, que derrubaram a dinastia Ming e fundaram a dinastia Qing. Na conquista, os manchus utilizaram armas de fogo, como canhões, que tornaram obsoleta a Muralha da China.

Após a conquista, ela deixou de ser ampliada e restaurada. Pedras e outros materiais passaram a ser retirados da muralha e foram utilizados na construção de outras edificações. Nesse processo a maior parte da muralha foi destruída.

No século XX, a Muralha da China voltou a ter importância militar. Em 1933, tropas do Império do Japão invadiram a China, e a muralha e alguns de seus quartéis foram usados na resistência contra o invasor. Em 1933 ocorreu a batalha conhecida como Defesa da Grande Muralha, na qual os chineses enfrentaram os japoneses.

Passagem de Shanhai, um dos principais portões da Muralha da China.[1]
Passagem de Shanhai, um dos principais portões da Muralha da China.[1]

No século XX, a Muralha da China passou a receber turistas. Em 1987, a Unesco reconheceu a muralha como Patrimônio Mundial. Atualmente ela é uma das atrações mais visitadas de todo o mundo, atraindo cerca de 10 milhões de pessoas por ano.

Mapa da Muralha da China

Mapa da Grande Muralha da China na atualidade. Este trecho da muralha foi construído, em sua maior parte, durante a dinastia Ming.

Construção da Muralha da China

Não sobraram muitos registros sobre os trabalhadores que, ao longo de mais de dois mil anos, construíram a Muralha da China, mas os pesquisadores acreditam que foram dezenas de milhões. Ao longo da história, diversos grupos sociais participaram da construção da muralha, como prisioneiros, soldados, escravos e camponeses, estes muitas vezes forçados ao trabalho. Os relatos apontam que esses trabalhadores cumpriam longas jornadas, em condições insalubres e mal alimentados, cenário que provocou grande mortandade entre os trabalhadores.

Ao longo dos mais dois mil anos de construção, diversos materiais e técnicas foram utilizados na construção da Muralha da China. No início da construção, no século VII a.C., as diversas muralhas chinesas foram construídas com um sistema de fossos, montes de terra e paliçadas de madeira. No período poucas muralhas foram edificadas em pedra e tijolos cerâmicos. Uma argamassa feita à base de arroz unia blocos e tijolos.

Durante a dinastia Qin, quando a China foi unificada, a construção da muralha passou a ser centralizada. Doze províncias ficaram responsáveis cada uma delas pela edificação de uma seção da muralha, que acabaram se encontrando, formando uma única grande muralha.

Durante a dinastia Ming, foram construídas as seções mais elaboradas da Muralha da China e que atualmente são visitadas por milhões de turistas. Boa parte do seu traçado corria em paralelo à muralha da dinastia Qin e da Rota da Seda.

Durante a era Ming, dois grandes muros, com cerca de 7 metros de altura, eram edificados paralelamente um ao outro, com grandes blocos de pedra. Entre eles existia um espaço de, em média, 5 metros; em algumas partes, essa distância atingia 12 metros. O espaço entre os dois muros era preenchido com solo e entulho. O piso entre os dois muros era pavimentado, criando uma enorme passarela por onde as tropas e mensageiros podiam mover-se rapidamente.

Torres foram construídas por toda a muralha, cerca de 25 mil ao todo. No topo delas eram acesas fogueiras que serviam como meio de comunicação. Durante o dia, esterco era adicionado à fogueira, o que produzia uma enorme coluna de fumaça branca que podia ser avistada pelas torres vizinhas. Após receber a informação, a torre também acendia sua fogueira, fazendo com que a mensagem corresse rapidamente por toda a extensão da muralha. Uma espécie de correio também utilizava as passarelas da Grande Muralha como principal via.  

Torre na Muralha da China
As torres da Muralha da China eram importantes para a comunicação do império.

Ao longo da muralha, também foram construídos fortalezas e quartéis, onde as tropas eram alocadas, assim como cavalos e suprimentos. Em alguns locais da muralha, existiam reforçados portões que permitiam a passagem de pessoas, animais e carroças. Nas épocas de guerra, os portões eram fechados.

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Extensão da Muralha da China

A extensão máxima da Muralha da China sempre gerou debates entre os historiadores, uma vez que muitos trechos foram completamente destruídos por causa da ação do tempo. Acredita-se que, ao todo, mais de 21 mil quilômetros de muralhas foram construídos no norte da China ao longo de mais de 2 mil anos.

Em 2007, a Administração Estatal de Patrimônio Cultural e a Administração Estatal de Topografia e Cartografia da China iniciaram uma pesquisa com o objetivo de estabelecer o comprimento da muralha que ainda existe, construída em sua maior parte na dinastia Ming. Na pesquisa foram utilizados satélites, alguns deles equipados com um laser que penetra o solo e consegue captar ruínas da muralha que estão sob a areia do Deserto de Gobi.

Em 2009, o resultado da pesquisa foi divulgado pelo governo chinês, estabelecendo o comprimento total de 8850 quilômetros, sendo 6259 quilômetros de muralha, 359 quilômetros de trincheiras escavadas e 2232 quilômetros de barreiras naturais, compostas por rios e montanhas.

Para comparação, vale lembrar que a distância entre o Oiapoque e o Chuí, no Brasil, é de 4.180 quilômetros em linha reta.

Dá ver a Muralha da China do espaço?

Não é possível avistar, a olho nu, a Muralha da China do espaço, ao contrário da crença popular. Apesar dos seus mais de 8 mil quilômetros de comprimento, ela é relativamente estreita, o que torna impossível a sua observação a centenas de quilômetros de altitude sem a ajuda de algum equipamento.

Curiosidades sobre a Muralha da China

  • A Muralha da China é a mais extensa construção feita pelo ser humano. Ela também teve a obra que permaneceu por mais tempo em execução, mais de 2 mil anos.
  • Ao todo a Muralha da China possuía 15 portões por onde mensageiros, comerciantes e outras pessoas autorizadas podiam passar.
  • A Muralha da China, na verdade, não é uma única muralha, mas um conjunto de centenas de construções.
  • A argamassa de cal foi utilizada para assentar as pedras da muralha durante a dinastia Ming.
  • No Oriente, a Muralha da China se inicia dentro do mar. No Ocidente, ela se inicia no Deserto de Gobi.
  • Uma das histórias mais conhecidas do folclore chinês é a Senhora de Meng Jiang. Nessa história o marido da senhora é enviado para trabalhar na construção da pirâmide durante a dinastia Qin, falecendo durante os trabalhos e sendo sepultado no interior da muralha.
  • Muitos tijolos da muralha possuem o nome dos oleiros que os produziram, uma prática comum da dinastia Ming.
  • Em 2007, milhões de internautas de todo o mundo elegeram as Sete Maravilhas do Mundo Moderno. A Muralha da China foi uma das eleitas.
  • Arroz foi largamente utilizado na construção da Muralha da China. A argamassa de arroz glutinoso foi muitas vezes utilizada no lugar da cal.
  • Todos os anos cerca de 10 milhões de pessoas visitam a Muralha da China.
  • Em 1987 a Unesco declarou a Muralha da China Patrimônio Mundial.
  • Na China existem mais de 4 mil empresas registradas que possuem em seu nome “Grande Muralha”. Entre elas, a Great Wall Hotel e a Great Wall Motors.

Créditos da imagem

[1] 迟鹏 / Wikimedia Commons

Fontes

WOOD, Michael. História da China: retrato de uma civilização e de seu povo. Editora Crítica, Campinas, 2022.

HARRISON-HALL, Jessica. China: uma história em objetos. Edições SESC, São Paulo, 2018.

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