Bertha Lutz
Bertha Lutz foi uma cientista, política, diplomata e ativista feminista brasileira que defendeu os direitos das mulheres, como o direito de voto e a igualdade salarial.
Por Daniel Neves Silva
Bertha Lutz foi uma cientista, diplomata, política e ativista feminista brasileira que marcou a história do nosso país no século XX. Foi uma defensora da ideologia feminista que atuou de maneira ativa durante toda a sua vida pela equiparação dos direitos entre homens e mulheres.
Além de um extenso trabalho científico, Bertha Lutz também defendeu o direito de voto das mulheres, a equiparação salarial entre homens e mulheres, a redução da jornada de trabalho, a concessão de direitos trabalhistas para as mulheres grávidas, entre outros. Chegou a ser deputada federal entre julho de 1936 e novembro de 1937.
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Resumo sobre Bertha Lutz
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Bertha Lutz foi uma cientista, política e diplomata brasileira.
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Bertha Lutz também ficou marcada por ser uma das grandes ativistas feministas da história brasileira.
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Ela atuou de maneira ativa na década de 1920 pelo direito das mulheres de poder votar.
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Além disso, na década de 1930, ela ingressou na política, tornando-se deputada federal.
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Ao longo de sua vida, Bertha Lutz defendeu a equiparação de direitos, ampliação da licença-maternidade para as mulheres, etc.
Biografia de Bertha Lutz
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Nascimento
Bertha Maria Júliz Lutz nasceu na cidade de São Paulo, em 2 de agosto de 1894. Ela era filha de Adolfo Lutz, um médico e cientista que trabalhava com medicina tropical e zoologia médica, além de ter sido diretor do Instituto Bacteriológico de São Paulo. A mãe de Bertha era inglesa e se chamava Amy Fowler Lutz. Bertha teve um irmão chamado Guálter.
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Infância
Os primeiros anos da vida de Bertha Lutz foram vividos em São Paulo, mas logo ela se mudou para o Rio de Janeiro, porque se pai foi nomeado para trabalhar no Instituto Oswaldo Cruz. Pouco tempo depois, ela e parte de sua família se mudaram para Paris, e Bertha Lutz passou o resto de sua infância e parte de sua juventude no continente europeu. Lá na Europa, Bertha Lutz finalizou os seus estudos.
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Casamento
Ao longo de sua vida, Bertha Lutz não se casou.
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Filhos
Bertha Lutz também não teve filhos.
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Morte
Bertha Lutz faleceu na cidade do Rio de Janeiro, em 16 de setembro de 1976. Ela tinha 82 anos na ocasião.
Carreira de Bertha Lutz
Bertha Lutz formou-se em Ciências Naturais pela Universidade de Paris, no ano de 1918. Depois de finalizar o seu curso na Europa, retornou ao Brasil, pois havia conquistado um emprego como tradutora no Instituto Oswaldo Cruz. Em 1919, foi aprovada em um concurso público, assumindo posição como secretária do Museu Nacional.
A trajetória de Bertha Lutz no Museu Nacional foi longa e ela chegou a ser promovida a chefe do departamento de Botânica do museu. Ela permaneceu nessa posição até o ano de 1964, quando então se aposentou. Ao longo de sua carreira como bióloga, ela também realizou diversas expedições para estudar os anfíbios no Brasil.
Essas expedições, inclusive, foram parte importante da trajetória de Bertha Lutz como bióloga, pois ela conciliou seu trabalho no Museu Nacional com essas expedições para estudar anfíbios. Ela esteve em diversos locais do Brasil, como o Mato Groso, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Paraná, entre outros estados.
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Qual a ideologia de Bertha Lutz?
Ao longo de sua vida, Bertha Lutz foi uma grande defensora dos direitos das mulheres, lutando pela igualdade de gênero e pelo direito das mulheres de poderem votar. Ela era adepta da ideologia feminista e, por isso, foi uma grande defensora dos direitos políticos e trabalhistas das mulheres no Brasil. Ao longo de sua vida, foi defensora do feminismo, da educação como meio de transformação social e defendeu direitos aos trabalhadores e trabalhadoras.
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Relação de Bertha Lutz com o feminismo
Bertha Lutz ficou marcada durante a sua vida por ser uma grande defensora do feminismo, tendo contato com essa ideologia na Europa, especificamente com a vertente inglesa. Aqui no Brasil, sua atuação enquanto ativista feminista se iniciou tão logo ela chegou ao Brasil. Em 1919, ela fundou a Liga para a Emancipação Intelectual da Mulher, passando a atuar fortemente em defesa do direito de voto às mulheres.
Sua defesa pela causa sufragista fez com que ela fosse aos Estados Unidos, em 1922, como representante brasileira para a Liga das Mulheres Eleitoras. Ao retornar desse evento, fundou a Federação Brasileira para o Progresso Feminino, permanecendo na liderança desse grupo até o ano de 1942.
Esse grupo teve um papel fundamental na defesa da causa sufragista aqui no Brasil. Nas décadas de 1920 e 1930, esteve presente na Conferência Internacional da Mulher, em Roma e Berlim, e na Conferência Pan-Americana da Mulher, em Washington e Montevidéu. Ela também deu apoio ao governo do Rio Grande do Norte, o primeiro estado a permitir o voto feminino no Brasil.
Bertha Lutz na política
A luta de Bertha Lutz e outras feministas pela causa sufragista permitiu que as mulheres conquistassem o direito ao voto no Brasil em 1932. Isso permitiu que ela se candidatasse para a posição de deputada federal pelo Partido Autonomista do Distrito Federal, ligado ao movimento feminista.
Ele se elegeu como suplente, mas assumiu a vaga depois que o deputado Cândido Pessoa faleceu. Bertha Lutz assumiu posição como deputada em julho de 1936, propondo uma série de iniciativas, como:
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defendeu melhorias na regulamentação do trabalho da mulher e dos menores de idade;
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defendeu o fim do trabalho infantil;
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propôs a igualdade salarial entre homens e mulheres;
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propôs licença-maternidade para as mulheres, sem que eles tivessem reduções salariais, por três meses;
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propôs a redução da jornada de trabalho;
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propôs a criação do Ministério da Mulher;
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criou projetos para intensificar o combate à lepra e à malária no Rio de Janeiro, etc.
Sua atuação como deputada, no entanto, foi curta, pois o golpe do Estado Novo, em novembro de 1937, resultou no fechamento do Congresso Nacional, fazendo com que todos os deputados tivessem os seus mandatos cassados. O início da ditadura estadonovista também resultou no fechamento da Federação Brasileira pelo Progresso Feminino.
Na década de 1940, Bertha Lutz conciliou o seu trabalho científico com um trabalho político e diplomático. Em 1944, ela foi a representante do Brasil na Conferência da Organização Internacional do Trabalho e, no ano seguinte, participou da Conferência de São Francisco como membro da delegação brasileira.
Essa conferência foi responsável por lançar as bases da Organização das Nações Unidas. Ainda sobre a ONU, ela foi uma das responsáveis por garantir a inclusão dos direitos das mulheres e a luta por igualdade como um dos objetivos da Carta da ONU. O último evento de sua vida também teve relação com a ONU, a Conferência do Ano Internacional da Mulher, evento organizado pela ONU, em 1975.
Conquistas de Bertha Lutz
Entre os grandes feitos conquistados por Bertha Lutz e por outras pessoas que lutaram ao seu lado estão:
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Direito feminino ao voto: essa foi uma das pautas pelas quais Bertha Lutz militou fortemente durante a década de 1920.
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Participação feminina na política: Bertha Lutz foi a segunda mulher a ser eleita para um cargo político no Brasil.
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Consolidação da militância feminista: Bertha Lutz foi uma das militantes feministas mais importantes do começo do século XX e sua atuação, junto de outras mulheres e organizações, foi fundamental para garantir o fortalecimento do movimento feminista no Brasil.
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Debate sobre igualdade salarial e sobre os direitos trabalhistas: sabemos que há um longo caminho a se traçar nesse campo, mas Bertha Lutz foi uma das que inauguraram esses debates na política e sociedade brasileira.
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Defensora da educação e ciência: Bertha Lutz foi uma forte defensora da educação, vendo nela um meio pelo qual as mulheres poderiam ocupar seu espaço e conquistar oportunidades. Além disso, ela foi uma importante promotora da ciência no Brasil e da importância de dar espaços para as mulheres brasileiras na ciência.
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Qual a importância de Bertha Lutz?
Bertha Lutz é uma figura muito importante na história brasileira, na ciência, na diplomacia, na política e em nossa sociedade. Sua militância em defesa dos direitos das mulheres no Brasil foi muito importante para que as mulheres conquistassem importantes direitos em nosso país no curto e no longo prazo.
A importância de Bertha Lutz pode ser estabelecida a partir de várias ações e fatos como:
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foi uma das pioneiras na luta pelo direito de voto das mulheres;
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foi uma das pioneiras na luta por diversos direitos trabalhistas para as mulheres;
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defendeu o espaço das mulheres na educação, na política e ciência;
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fortaleceu o feminismo no Brasil;
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foi uma importante cientista brasileira;
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representou o Brasil internacionalmente em eventos de diversas pautas e magnitudes, etc.
Fontes
REDAÇÃO. Berta Lutz. Disponível em: https://cpdoc.fgv.br/sites/default/files/verbetes/primeira-republica/LUTZ,%20Berta.pdf
SILVA, Estevam. 130 anos de Bertha Lutz: a cientista que lutou pela emancipação das mulheres. Disponível em: https://operamundi.uol.com.br/pensar-a-historia/130-anos-de-bertha-lutz-a-cientista-que-lutou-pela-emancipacao-das-mulheres/
PAIXÃO, Mayara. 125 anos de Bertha Lutz, cientista pioneira na luta pela educação feminina no Brasil. Disponível em: https://www.brasildefato.com.br/2019/08/01/125-anos-de-bertha-lutz-cientista-pioneira-na-luta-pela-educacao-feminina-no-brasil/