Império Otomano

O Império Otomano foi um dos maiores e mais poderosos domínios da história, passando pela Idade Média, pela Idade Moderna e pela Idade Contemporânea.
Mapa mostrando a extensão máxima do Império Otomano. [1]
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O Império Otomano foi um dos maiores e mais influentes domínios da história, atravessando os períodos Medieval, Moderno e Contemporâneo. Surgiu em 1299, na atual Turquia, após a fragmentação do Império Seljúcida, e rapidamente se expandiu ao conquistar o Império Bizantino, culminando na tomada de Constantinopla em 1453, que marcou o fim da Idade Média. Os otomanos foram alguns dos pioneiros no uso de armas de fogo em batalhas, o que lhes permitiu dominar vastas áreas da Ásia, Europa e África. No entanto, a partir do século XVI, enfrentou sua primeira grande derrota na Batalha de Lepanto, o que iniciou um período de declínio gradual. O controle territorial tornou-se cada vez mais difícil devido a conflitos com potências cristãs e a perda de territórios. No século XX, o Império Otomano tentou manter sua hegemonia ao se aliar à Alemanha na Primeira Guerra Mundial, algo que resultou em sua derrota e dissolução 1923, dando origem à República da Turquia.

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Resumo sobre o Império Otomano

  • O Império Otomano foi um dos maiores e mais influentes domínios da história.
  • Surgiu no ano de 1299 na forma de um principado do dissolvido Império Seljúcida, que, por sua vez, foi derrotado pelas invasões mongóis.
  • Durante os séculos XIV e XV, os otomanos combateram o decadente Império Bizantino até tomarem sua capital, Constantinopla, em 1453, consolidando assim o término da Idade Média e o início da Idade Moderna.
  • Os exércitos otomanos foram os primeiros a utilizarem armas de fogo em grande escala para submeter seus inimigos, obtendo assim uma rápida conquista sobre o Egito e o Irã.
  • Apesar de praticarem o islamismo sunita, os otomanos eram reconhecidos por respeitarem as demais religiões durante a modernidade.
  • As ambições expansionistas dos sultões otomanos lhes valeram abrangentes conquistas territoriais, tendo conquistado em seu auge grande parte da Ásia, da Europa e da África.
  • A primeira grande derrota otomana, seguida de uma gradual e lenta queda, ocorreu no século XVI com a Batalha de Lepanto, quando seus navios foram dizimados pelos cristãos da Liga Santa.
  • O controle do abrangente território passou a ser ineficiente, ao passo que os otomanos passaram a combater os cristãos ocidentais, os russos e as nações balcânicas, optando por ceder seus domínios até recuar de volta para a Constantinopla.
  • No século XX, o Império Otomano tentou pela última vez manter sua hegemonia na Eurásia ao se aliar à Tríplice Aliança.
  • Os otomanos foram autores dos primeiros projetos de campos de extermínio da história, onde realizaram o assassinato de milhões de pessoas de origem armênia até a queda do império.
  • A aliança realizada com a Alemanha levou à derrota dos otomanos na Primeira Guerra Mundial, dissolvendo-se o seu império e dando origem à República da Turquia em 1923.

O que foi o Império Otomano?

O Império Otomano foi uma das mais duradouras e poderosas civilizações da história, com uma trajetória de formação, expansão, auge e gradual declínio. Sua origem remonta ao século XIII, e sua ascensão ocorreu após o colapso do Império Seljúcida, consolidando-se sob a liderança de Osman I e seus sucessores.

O império tornou-se uma grande potência sob os governos de sultões como Mehmed II e Suleiman, o Magnífico, conquistando vastos territórios na Europa e na Ásia e estabelecendo um domínio multiétnico e multicultural, com significativa tolerância religiosa, embora oficialmente seu povo praticasse o islamismo sunita. No entanto, a partir do século XVI, o império enfrentou desafios crescentes, incluindo derrotas militares como a Batalha de Lepanto (1571) e acordos que indicavam concessões territoriais, como o Tratado de Sitvatorok.

A decadência do império acelerou-se nos séculos XVIII e XIX devido à ascensão de potências europeias, perdas territoriais significativas, crises internas e dificuldades em se adaptar às novas realidades políticas e tecnológicas. A Primeira Guerra Mundial (1914-1918) significou finalmente o seu término com a derrota dos otomanos e a subsequente dissolução do império, resultando no estabelecimento da República da Turquia sob a liderança de Mustafa Kemal Atatürk no ano seguinte.

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Localização do Império Otomano

As origens do Império Otomano são referentes à região da Anatólia, ou Ásia Menor, na porção a noroeste do Oriente Médio. Essa região é banhada pelo Mar Negro ao norte, pelo Mar Mediterrâneo ao sul e se situa a oeste da Mesopotâmia e ao leste das ilhas gregas de Rodes a Lemnos.

Em seu auge, no século XVI, o Império Otomano se estendeu até as porções europeias da Hungria, Moldávia e Crimeia (na Rússia), além de dominar os Bálcãs (o que incluía Macedônia, Bulgária, Albânia etc.). Na Ásia, dominou os atuais Irã, Iraque e Armênia até a região do Kuwait, bem como os arredores do Mar Vermelho ao sul; na África, conquistou o Egito e na Líbia.

Características do Império Otomano

→ Cultura do Império Otomano

A cultura presente nos séculos de existência do Império Otomano era profundamente caracterizada pelo cosmopolitismo. Por se situar em uma região que interligava a Ásia, a Europa e a África, especialmente após a tomada de Constantinopla, o centro do império significava um caminho de transição de diversos povos do mundo. Com isso, a cultura otomana foi beneficiada com características de povos árabes, bizantinos, persas, entre outros.

Desse hibridismo cultural, popularizou-se na culinária não apenas o kebab e o iogurte, mas sobretudo o café – a bebida era armazenada e transportada em grandes sacas pelo porto de Moccha, no Iêmen. A cultura da utilização de xícaras de cerâmica se popularizou com o governo de Suleiman, o Magnífico. De Constantinopla, a cultura do consumo de café se espalhou pelo Mediterrâneo e depois, pelo mundo. Também se deve à cultura otomana os sofás acolchoados, as toalhas de algodão e o cultivo de tulipas. Vale ressaltar, no entanto, que no decorrer do século XIX os turco-otomanos adaptaram muitos de seus hábitos, como a substituição do turbante pelo fez – pequeno chapéu vermelho de feltro –, assim como o uso de mesas e cadeiras no lugar dos tradicionais divãs.

→ Religião do Império Otomano

A religião otomana foi herdada do Império Seljúcida, ou seja, seu povo praticava o islamismo sunita. Apesar de constituir a principal religião do Estado otomano, os seus domínios durante a Idade Moderna significaram a prática da liberdade religiosa, algo que incentivou o seu hibridismo cultural. Até mesmo os seus soldados de elite, os janízaros, eram fundamentalmente compostos por cristãos convertidos ao islamismo.

→ Sociedade do Império Otomano

Interior do Grande Bazar em 1836, herança cultural do Império Otomano que conta atualmente com cerca de 4 mil lojas.
Interior do Grande Bazar em 1836, herança cultural do Império Otomano que conta atualmente com cerca de 4 mil lojas.

O ápice da pirâmide social otomana era formado por uma família real dinástica representada por um sultão que, a partir do século XVI, adotou o califado para exercer também a soberania religiosa. No âmbito geral, entretanto, a religião não ditava o status do cidadão otomano. Havia a nobreza, formada em grande parte pelos paxares, vizires e janízaros, e uma classe média em ascensão, oriunda das guildas comerciais, muito praticadas, inclusive, no notório Grande Bazar, mercado fundado no século XV em Constantinopla. Na base social otomana, encontrava-se a maior parte da população, formada pelo campesinato.

→ Política do Império Otomano

No período de ascensão do império, o Estado era diretamente governado pelo sultão. A partir do século XVI, os soberanos passaram a exercer também o califado, na qualidade de líderes religiosos do islamismo sunita. A titulação para a liderança dos sultanatos e califados era hereditária, mas os paxás, que exerceriam as funções de ministros e governantes de províncias, passaram a exercer maior influência política principalmente a partir do século XIX.

→ Arte do Império Otomano

Interior da Mesquita Azul, na Turquia, um exemplo da arquitetura do Império Otomano. [2]
Interior da Mesquita Azul, na Turquia, um exemplo da arquitetura do Império Otomano. [2]

A arte otomana se tornou única por significar um território essencial para o trânsito de pessoas vindas da Europa, da Ásia e da África. A influência da arte bizantina, a exemplo da Basílica de Santa Sofia – que, aliás, recebeu características otomanas como minaretes e adornos característicos –, serviu de inspiração para a arquitetura das cúpulas de mesquitas que eram ornadas interiormente com arabescos. Um dos resultados dessa influência pode ser visto na colossal Mesquita Azul, também em Istambul, constituída por seis minaretes e 20 mil azulejos de cerâmica. A exemplo da influência persa, os otomanos se inspiraram tanto na produção de delicadas pinturas em miniatura quanto na disseminação da poesia, exercitada por uma caligrafia arábica desenvolvida na cultura turco-otomana.

Acesse também: Como era a cultura bizantina?

→ Ciência do Império Otomano

Observatório de Ulugh Beg, em Samarcanda, um dos observatórios astronômicos que teve grande destaque no Império Otomano. [3]
Observatório de Ulugh Beg, em Samarcanda, um dos observatórios astronômicos que teve grande destaque no Império Otomano. [3]

Os otomanos foram autores de diversas descobertas cientificas e tecnológicas que não apenas se disseminaram pela Ásia, mas também pelo mundo todo. Seus conhecimentos abrangem, entre muitos outros, contribuições nas áreas da Astronomia, Matemática, Geografia e Medicina.

Desde o século IX, a cultura islâmica financiou a construção de observatórios astronômicos, como os erigidos em Bagdá e Damasco. No Império Otomano, destacaram-se o Observatório de Samarcanda, construído em 1420, e o Observatório de Tophane, fundado por Murad III em Constantinopla no ano de 1577. Dos estudos realizados pelos astrônomos, criaram-se os calendários anuais, utilizados principalmente para ministrar as práticas religiosas como o Ramadan. Desses estudos, também foram inventados diversos instrumentos para estudar os céus, como a sextante, difundida também no Ocidente para medir a distância das estrelas e auxiliar na orientação de navegadores.

No âmbito da Geografia, em 1513, Piri Reis fez o primeiro mapa-múndi otomano a incluir uma representação da costa leste americana, identificando porções do Brasil e Caribe. Os otomanos também atentavam aos estudos da Medicina, e o primeiro hospital foi fundado em 1488 na cidade de Edirne. Nesse século, o estudioso Aq Shams al-Din já teorizava a existência de microrganismos e atentava aos cuidados da saúde psicológica. Deve-se também aos otomanos a autoria do primeiro motor a vapor e a criação das máquinas de bombeamento de água, inventadas por Taqi al-Din al-Shami.

→ Economia do Império Otomano

Assim como as demais potências da Modernidade, os otomanos possuíam profundas relações com o campesinato, o controle de matérias-primas, as tributações e os produtos manufaturados. Porém, sua principal atividade econômica era baseada na intensa prática comercial exercida nos centros urbanos. Entre os bens comercializados, destacavam-se os derivados da indústria têxtil, especialmente a seda natural e as tapeçarias.

Batalhas do Império Otomano

Soldados no último grande conflito do Império Otomano: a Primeira Guerra Mundial.
Soldados no último grande conflito do Império Otomano: a Primeira Guerra Mundial.

Por se tratar de uma cultura militarista e expansionista, não era incomum que os otomanos tenham participado de inúmeras batalhas contra diversos inimigos em sua história. No entanto, podem-se destacar algumas entre várias que envolveram o império com maior intensidade, antes que começasse a perder diversos territórios até a sua extinção na década de 1920.

  • Cerco de Constantinopla (1453): consistiu na tomada otomana do centro do mundo medieval, Constantinopla, capital do Império Bizantino. Após séculos de combates contra os bizantinos, os herdeiros turcos dos seljúcidas cercaram e bombardearam a cidade por meio de mais de uma centena de navios e suas temíveis peças de artilharia de 12 toneladas, que abriram caminho para uma invasão de cerca de 120 mil soldados otomanos contra meros 10 mil defensores.
  • ­Batalha de Chaldiran (1514): subjugou o Império Safávida governado pelo persas-curdos a noroeste do atual Irã. Os números de ambas as forças são bastante imprecisos, mas se estima que os otomanos chegavam a compor o dobro dos exércitos iranianos – cerca de 100 mil –, além dos primeiros usos com canhões em um front de batalha.
  • Batalha de Mohács (1526): por meio dessa batalha, os otomanos conseguiram exterminar os húngaros e expandir seus avanços sobre a Europa Central. Mais ou menos 100 mil turco-otomanos, com canhões e armas de fogo, eliminaram sem dificuldades os cerca de 25 mil soldados com tecnologia bélica ultrapassada do Reino da Hungria.
  • Batalha de Lepanto (1571): significou a primeira grande perda do Império Otomano, quando se deparou com frotas marítimas europeias, compostas pela Santa Liga, dispostas no litoral grego. Os navios espanhóis significavam, naquele contexto, a maior potência naval do mundo, alcançando o naufrágio de 180 galeões otomanos contra apenas 12 de suas unidades destruídas.
  • Cerco de Viena (1683): segunda tentativa após 1529 de subjugar a cidade de Viena, na atual Áustria, então sob posse do Sacro Império Romano-Germânico. Após cerca de dois meses de bombardeio, efetuado por quase 300 canhões, os otomanos perderam cerca de 20 mil soldados de um total de quase 90 mil homens enviados ao front. A derrota no cerco significou a última tentativa otomana em expandir o islamismo na Europa.
  • Batalha de Megido (1918): foi selecionada para esta lista para registrar a última grande participação do Império Turco-Otomano em uma batalha de grandes proporções. A Batalha de Megido ocorreu no Deserto do Sinai, na Palestina, assinalando um dos últimos confrontos da Primeira Guerra Mundial. Os 35 mil soldados otomanos, já enfraquecidos e com o moral baixo, foram facilmente derrotados pelo dobro desse número de combatentes britânicos.

Países que fazem parte do Império Otomano

Levando em consideração os atuais recortes geopolíticos do mundo, instaurados na Ásia, Europa e África, o Império Otomano abrangeu total ou parcialmente os seguintes países e Estados:

  • Turquia;
  • Egito;
  • Líbia;
  • Tunísia;
  • Argélia;
  • Sudão;
  • Iraque;
  • Irã;
  • Grécia;
  • Bulgária;
  • Romênia;
  • Bósnia e Herzegovina;
  • Hungria;
  • Croácia;
  • Jordânia;
  • Síria;
  • Líbano;
  • Israel;
  • Palestina;
  • Macedônia do Norte;
  • Albânia;
  • Sérvia;
  • Chipre;
  • Iêmen;
  • Omã;
  • Kuwait;
  • Kosovo;
  • Arábia Saudita;
  • Emirados Árabes Unidos.

Queda do Império Otomano

A queda do Império Otomano foi um processo gradual e marcado por crises internas e externas. Quando Suleiman, o Magnífico, conquistou a Hungria, foi confrontado pela Liga Santa, que desencadeou um longo período de declínio. A primeira derrota significativa ocorreu em 1571, na Batalha de Lepanto, onde a frota otomana foi derrotada pela Liga Santa. No início do século XVII, o Tratado de Sitvatorok simbolizou a perda de influência otomana ao aceitar concessões territoriais com os Habsburgos; derrotas subsequentes, como as assinaturas dos tratados de Passarowitz (1718) e Küçük Kaynarca (1774), demonstraram o declínio da força otomana.

Internamente, a aristocracia janízara, que se tornara uma classe isolada, foi dissolvida por Mahmud II em 1826. No século XIX, o império sofreu com a independência grega (1830) e a invasão da Argélia pelos franceses. A Guerra da Crimeia (1853-1856), apesar da aliança com potências europeias, trouxe apenas avanços limitados e maiores concessões territoriais.

O final do século XIX e início do XX testemunharam novas perdas, com a França tomando a Tunísia (1881), a Inglaterra o Egito (1882), e a Itália a Trípoli (1911). As Guerras dos Bálcãs (1912-1913) culminaram na perda de 83% dos territórios europeus, enfraquecendo ainda mais o império. Em uma tentativa desesperada de se manter soberano, o Império Otomano aliou-se à Alemanha na Primeira Guerra Mundial, mas ao final do conflito viu-se diante do domínio das potências vencedoras e de uma guerra de independência turca.

Fim do Império Otomano

A atual bandeira da Turquia entre ruínas do Império Otomano.
A atual bandeira da Turquia entre ruínas otomanas.

O fim do Império Otomano foi precipitado por diversos fatores, culminando em significativas perdas durante a Primeira Guerra Mundial. Com cerca de 2,5 milhões de soldados mortos, o império sofreu com inflação descontrolada e escassez de alimentos, levando à assinatura do Armistício de Mudros em 30 de outubro de 1918. Esse acordo resultou na divisão do império entre os países vitoriosos, com grande parte dos territórios sob domínio britânico, em cooperação com os otomanos derrotados.

A situação na Turquia mudou com a liderança do coronel Mustafa Kemal Atatürk, herói veterano em Galípoli. Ele liderou a Guerra da Independência Turca contra os britânicos, franceses e gregos, recebendo apoio da Itália e do governo bolchevique na Rússia. Em 1920, os revolucionários ocuparam Constantinopla, dissolveram o Parlamento otomano e estabeleceram um novo governo em Ankara. Com o apoio de cerca de 200 mil soldados, Atatürk derrotou as forças ocidentais e garantiu a independência turca em 1923, oficializada pelo Tratado de Lausanne. Assim, o Império Otomano foi completamente dissolvido, dando lugar à atual República da Turquia.

→ Origem e ascensão do Império Otomano

A origem do Império Otomano remonta ao século XIII e teve sua formação na região da Anatólia, ou Ásia Menor, que compreende o maior território da atual Turquia, entre os mares Mediterrâneo, Negro e Egeu. Sua ascensão foi resultado do desmantelamento do Império Seljúcida, formado por islâmicos sunitas de origens persa e turca na primeira metade do século XI.

Após a queda dos seljúcidas, oriunda das invasões mongóis, a Anatólia foi fragmentada em beyliks, que na época equivaliam a principados de um sultanato – nesse contexto, o Sultanato de Rum. Um desses beyliks, situado na região da Bitínia, destacou-se sob o governo de Osman I. Após proclamar independência do sultanato em 1299, invadiu os beyliks fronteiriços, adicionando-os ao território original. Originava-se, aí, o Império Otomano.

Ainda no início dos anos 1300, combateu com sucesso os bizantinos remanescentes das guerras contra os seljúcidas. O território dos “romanos orientais” (bizantinos) fazia fronteira com os territórios otomanos a leste do Estreito de Bósforo – passagem entre os mares Negro e de Mármara que também delimita os continentes da Europa e da Ásia. A maior porção da capital do Império Bizantino, Constantinopla, encontrava-se à margem esquerda do estreito.

Por isso, os otomanos não se limitaram a apenas dominar os territórios turcos adjacentes. A cultura expansionista se manteve após a morte de Osman I em 1326, agregando ao Império Otomano, ainda na primeira metade do século 1300, as cidades bizantinas de Bursa (1326) e Niceia (1331). Visando adentrar a Europa na segunda metade do século, aceitaram se aliar aos genoveses para combater os venezianos em troca de apoio financeiro. Em 1354, cruzaram os Dardanelos e adentraram a Europa, conquistando Galípoli e Adrianopla. Doravante, combateram os sérvios e os búlgaros nas bem-sucedidas batalhas de Maritza (1371) e Kosovo (1389), conquistando a maior parte da Península Balcânica.

A expansão otomana se viu diante de uma crise quando o quarto sultão da dinastia, Bayezid I, avançou sobre a cidade turco-mongol de Ancara (atual capital da Turquia). Lá, confrontou-se com “Timur, o Coxo”, que venceu as forças do sultão e o fez cativo. Humilhado, Bayezid I cometeu suicídio no cativeiro, e as posses adquiridas durante seu sultanato foram perdidas. Indiretamente, o refreamento dos otomanos significava que Constantinopla se manteria sob posse dos bizantinos por mais meio século.

→ Queda de Constantinopla

Os sucessores de Bayezid se esforçaram para restaurar a grandiosidade do Império Otomano. Murad II, durante a primeira metade do século XV, combateu com eficiência os gregos, os sérvios, os húngaros e os templários. As antigas conquistas de Bayezid foram retomadas, e Murad II impôs uma política de investimento na identidade cultural dos otomanos, incentivando sobretudo a literatura turca. Também foi reconhecido pela criação dos devshirme, grupos militares de cristãos convertidos ao islamismo que passaram a lutar pelos turco-otomanos sob seu reinado.

Esses soldados passaram a compor a maioria da elite do exército otomano, os janízaros, que constituíram um papel importante no cerco a Constantinopla, agora um dos últimos bastiões do outrora poderoso Império Bizantino. Liderados pelo filho de Murad II, Mehmed II, os turco-otomanos conquistaram a capital bizantina em 1453 após intenso bombardeio com seus poderosos canhões e bombardas. Para a história mundial, a queda de Constantinopla para os turco-otomanos significou o término da Idade Média. A partir de então, a cidade de Bursa deu lugar a Constantinopla na qualidade de capital do Império Turco-Otomano.

Uma das colossais peças de artilharia utilizadas pelo Império Otomano no cerco que culminou na Queda de Constantinopla. [5]
Uma das colossais peças de artilharia utilizadas pelo Império Otomano no cerco que culminou na Queda de Constantinopla. [5]

Apesar das diferenças religiosas, os otomanos ficaram conhecidos por seu alto grau de tolerância religiosa, principalmente em relação aos cristãos e judeus. Por isso, sob posse otomana, Constantinopla significou um polo de intenso fluxo cultural e religioso, além de passar a ser chamada pelos islamitas de Istambul – renomeação que, no entanto, só se oficializaria no ano de 1930.

Para os europeus, a conquista do império islâmico sobre Constantinopla, e consequentemente a maior parte do Mar Mediterrâneo, dificultou as transações comerciais realizadas com a Ásia. De forma indireta, essa dificuldade acabaria ocasionando a chegada dos europeus à América, ao procurarem por rotas alternativas que alcançassem o Oriente. Para saber mais sobre a Queda de Constantinopla, clique aqui.

→ Auge do Império Otomano

Após a queda do Império Bizantino – e, consequentemente, o início da história moderna –, as incursões militares de Mehmed II prosseguiram Europa e Ásia adentro. Ao mesmo tempo, no entanto, a relação amigável entre os turco-otomanos e o sultanato mameluco, que governava Egito e Síria, tornou-se hostil – possivelmente devido às ambições imperialistas de Mehmed II. A princípio, os otomanos foram derrotados ao adentrar o território egípcio, mas em novas incursões utilizaram uma nova tecnologia que não demorou a subjugar os mamelucos – a pólvora. Entre 1516 e 1517, sob liderança de Salim I, os otomanos conquistam a Síria e o Egito, extinguindo o sultanato mameluco.

A primeira metade do século XVI também significou, para os otomanos, a vitória sobre os iranianos do Império Safávida, povo mesopotâmico de origens persas e curdas que surgiu após as invasões de “Timur, o Coxo”. O Irã significava um inimigo ainda mais formidável que os mamelucos, já que seu governo era composto por xiitas radicais. Naquele mesmo século, Salim I havia se autoproclamado califa (título político-religioso supremo) do Império Otomano e reconhecia que milhões de sunitas se encontravam em território iraniano, assim como grande parte da população otomana era formada por xiitas. A fim de conter possíveis conspirações, ordenou a deportação dos xiitas da Anatólia para a Grécia; levantes contra os sunitas passaram a se tornar uma ameaça real contra o califado otomano. Em 1514, no entanto, Salim I obteve a vitória sobre a capital iraniana, Tabriz. Doravante, conforme aponta Bernard Lewis, “com os persas dominados e os mamelucos derrotados, os otomanos estavam nesse momento preparados para reiniciar a principal tarefa, a guerra na Europa”. |1|

A guerra santa entre muçulmanos e cristãos foi retomada. Em 1526, a extensão do Império Otomano chegou ao seu auge sob a liderança de Suleiman, o Magnífico, quando dominaram o reino da Hungria. A fim de refrear os otomanos, os europeus decretaram a Liga Santa, aliança entre Estados cristãos formada principalmente pelos Estados Papais, Espanha, as repúblicas de Veneza e Gênova e diversos ducados. Graças a essa aliança, os turco-otomanos confrontaram um inimigo que os colocou, pela primeira vez em sua história, em um demorado e abrangente processo de decadência.

Mapa mostrando a extensão do Império Otomano.
As extensões do Império Otomano alcançaram grande parte da Ásia, da Europa e da África. [6]

→ Crises irreparáveis no Império Otomano

A queda do Império Otomano não ocorreu de maneira rápida. Na verdade, por séculos ele ainda se estabeleceu como uma considerável potência, mas deixou de se tornar um império irredutível. As influências externas, principalmente oriundas do fortalecimento de Estados europeus, fez com que os otomanos se adaptassem à Modernidade a fim de garantir a influência na Eurásia, sobretudo no Oriente Médio. A questão de domínio sobre o “Mundo Velho” foi substituída por um apreço à sua própria existência, ao passo que procurava se reconfigurar aos novos conceitos impostos pela hegemonia europeia, como o mercantilismo e, posteriormente, a industrialização.

A primeira derrota significativa do império ocorreu em 1571, sob liderança do sultão Salim II, quando foi subjugado na costa grega pela Liga Santa durante a Batalha de Lepanto. Embora já tivessem dominado a tecnologia bélica naval e conquistado com ela grande parte do Mediterrâneo, os turcos não foram páreos para os navios europeus. Estima-se que Salim II tenha perdido 180 galeões e 25 mil soldados, ao passo que os europeus perderam apenas 12 navios e tiveram 7 mil baixas, além de libertarem 12 mil escravos cristãos das embarcações. No início do século XVII, a contragosto, o sultão Ahmed I aceitou um acordo de concessão territorial com os Habsburgo por meio do Tratado de Sitvatorok, assegurando uma paz que não dizia respeito a suas ambições. Essa era a primeira vez, ao menos de forma significativa, que um sultão otomano entrava em acordo de igual para igual com o inimigo, em vez de simplesmente impor suas reivindicações a um Estado derrotado.

As incursões em direção ao norte e noroeste também demonstraram o enfraquecimento das tropas otomanas. Seus insucessos levaram o sultão a assinar os tratados de Passarowitz (1718) e Küçük Naynarca (1774), respectivamente com os austríacos e os russos. Nem mesmo os janízaros conseguiram refrear o avanço francês de Napoleão Bonaparte quando ele marchou sobre a Síria e o Egito, em 1798 (embora as tropas britânicas tenham rapidamente “empurrado” os franceses de volta e a região tenha sido reestabelecida pelos otomanos). Na verdade, a antiga elite do exército otomano passou a significar cada vez mais uma classe social isolada da influência do Estado, transformada em uma aristocracia que gerou atrito entre os sultões. Foi Mahmud II que deu fim à classe janízara, dissolvendo seu corpo militar e ordenando a execução de seus líderes em 1826.

A crise do império, no decorrer do século XIX, parecia inevitável. Em 1830, a Grécia havia se tornado independente dos otomanos após uma guerra de nove anos; os franceses tomaram a Argélia naquele mesmo ano.

Na década de 1850, o Império Otomano se aliou a potências europeias ocidentais – pela primeira vez na história – para combater mais uma vez a Rússia, que pressionou os turcos ao invadirem a península dos Bálcãs na chamada Guerra da Crimeia. O conflito foi finalizado em 1856 com o Tratado de Paris, que estipulava concessões territoriais para os otomanos e, ao mesmo tempo, permitia a livre passagem econômica das alianças europeias para a Ásia. As frotas do Império Russo, entretanto, foram proibidas de transitar pelo Mar Negro.

Aproveitando-se da “distração” europeia com a Guerra Franco-Prussiana, em 1877, os russos apoiaram os sérvios em uma nova guerra contra o Império Otomano. No ano seguinte, auxiliados principalmente pela Inglaterra, os turcos garantiram uma nova paz por meio do Tratado de Berlim, do qual surgiram novos reinos, ainda que a princípio se submetessem ao Império Otomano, a exemplo da Romênia, da Bulgária e da Sérvia. Nesse acordo, estipulou-se também a ocupação da Bósnia e Herzegovina pela Áustria-Hungria. O tratado significou um dos motivos que levariam à eclosão da Primeira Guerra Mundial, em 1914.

Ainda nesse contexto temporal, o cenário mundial era tomado por invasões imperialistas oriundas das potências europeias, tanto na Ásia quanto na África, significando a perda de territórios turco-otomanos. Em 1881, a França ocupou a Tunísia; em 1882, a Inglaterra invadiu o Egito; em 1911, a Itália tomou Trípoli. De 1912 a 1913, os otomanos lutaram contra Grécia, Sérvia, Bulgária e Montenegro nas Guerras dos Bálcãs, em que perderam 83% de seus territórios europeus e, com isso, uma fonte imprescindível de impostos e produção de alimentos. Geograficamente, as perdas otomanas significaram um recuo territorial até Constantinopla.

Receoso por ser derrotado completamente, o Império Otomano teve de se associar a uma das grandes alianças imperialistas estipuladas entre o término do século anterior e o início do século XX. A principal ameaça vinha de antigos rivais, como a Rússia, a França e a Inglaterra; nisso, os otomanos viram uma oportunidade de se reerguerem por meio de uma aliança com a Alemanha e sua Tríplice Aliança.

→ Primeira Guerra Mundial e a dissolução do Império Turco-Otomano

Em 2 de agosto de 1914, o Império Otomano aderiu à Tríplice Aliança firmando um pacto com os alemães, mesmo sob protestos da Rússia e Inglaterra por sua posição na iminente guerra entre as potências imperialistas. Em outubro, os otomanos abriram fogo às embarcações e bases litorâneas inglesas e russas dispostas no Mar Negro, culminando na declaração oficial de guerra por parte dos membros da Tríplice Entente.

Os interesses turco-otomanos na guerra estavam voltados principalmente para a reconquista de territórios perdidos nas Guerras dos Bálcãs, como a Macedônia, a Trácia, a Anatólia Oriental, o Egito e o Chipre, além de libertar os povos turcos do Cáucaso e Ásia Central das influências russa e armênia. O sultão, com isso, estimava também reforçar sua imagem como califa dos muçulmanos sunitas.

A participação otomana na Primeira Guerra Mundial significou a última tentativa dos sultões e dos paxás em manter os alicerces do império. Seus primeiros movimentos ofensivos foram otimistas: em outubro de 1914, bombardearam portos russos instalados no Mar Negro; reivindicaram Kars, na Anatólia, que estava sob possessão russa desde 1878; ocuparam Tabriz, no Irã, que estava sob domínio russo, apesar da proclamação de neutralidade de seu xá (rei). Em 1915, os otomanos atravessaram o deserto do Sinai e atacaram o Canal de Suez, no Egito dominado pelos britânicos.

Mas esse foi o ápice das incursões turco-otomanas, já que ao leste os russos reagiram com grande força, apoiados pelos britânicos. As cidades à margem dos rios Tigre e Eufrates foram dominadas pelos ingleses, que marcharam em direção a Bagdá, capital iraquiana. A Grã-Bretanha também dominou rapidamente os Dardanelos com seus navios; em Galípoli, seus soldados desembarcaram com a ajuda dos australianos. Embora os otomanos tenham conseguido repelir as forças da Entente entre 1915 e 1916, e tendo sido beneficiados com a renúncia dos russos à guerra em decorrência da Revolução Russa em 1917, a força instaurada pelos britânicos ao sul parecia irrefreável.

As perdas de soldados otomanos eram imensas, até em comparação às demais nações envolvidas: cerca de 2,5 milhões deles pereceram em combate, quase um terço das baixas britânicas. O disparo da inflação e a escassez de alimentos os obrigou a assinar o Armistício de Mudros em 30 de outubro de 1918. O império foi dividido entre os vitoriosos, cuja maior parte dos territórios passou a ser dominada pelos ingleses em cooperação dos otomanos derrotados.

Na região da Turquia, entretanto, tanto o domínio ocidental quanto a submissão ao derrotado império não foram tolerados. O veterano da guerra em Galípoli, coronel Mustafa Kemal Atatürk¸ liderou a Guerra da Independência da Turquia contra britânicos, franceses e gregos. Ele recorreu à ajuda do novo governo russo, liderado por Vladimir Lenin, e à Itália, que ocupara o Sul da Anatólia após a guerra. Em 1920, os revoltosos ocuparam Constantinopla, dissolveram o Parlamento e estabeleceram na cidade de Ankara um novo governo liderado por Atatürk. Sob apoio de mais de 200 mil soldados, o líder dos revoltosos combateu o domínio ocidental e conquistou a independência da Turquia em 1923, com o Tratado de Lausanne. Paralelamente, a criação da nova república significou, enfim, a dissolução do Império Otomano.

  • Genocídio Armênio

Vítimas do Genocídio Armênio, realizado pelo Império Turco-Otomano, em foto publicada em 1918. Imagem forte
Vítimas do Genocídio Armênio em foto publicada em 1918.

Até 1923, os turco-otomanos exerceram o “Genocídio Armênio”, e estima-se que o povo da Armênia tenha sido um dos mais molestados pelos turco-otomanos. Entre 1894 e 1896, os turco-otomanos exterminaram entre 80 e 200 mil pessoas da etnia. Novamente em 1909, uma perseguição resultou entre 15 e 20 mil baixas armênias. Mas a partir de 1915, esse extermínio passou a ser sistemático quando os armênios ameaçaram a soberania do império ao procurar se libertar do império por meio da intervenção russa. Nesse contexto, o império era dominado pelo grupo dos Jovens Turcos, que perpetraram uma limpeza étnica que serviria, mais tarde, de inspiração para o Holocausto na Alemanha Nazista.

No decorrer dos governos de Mehmed V e Mehmed VI, homens, mulheres e crianças foram torturados, queimados vivos, afogados ou envenenados em campos de extermínio. Estima-se que entre 600 mil e mais de um milhão de pessoas – algumas fontes indicam que o número beira os dois milhões – tenham sido assassinadas pelos otomanos apenas nesse período, que se estendeu até após o término do conflito mundial e a dissolução do império.

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Exercícios resolvidos sobre Império Otomano

(FPP - Adaptada) A expansão do Império Otomano, do século XIV ao século XVII, teve grandes consequências para a organização social, política e econômica da Europa. Em relação a esse império, assinale a alternativa correta.

A) Os otomanos eram turcos muçulmanos que tomaram vários territórios cristãos, inclusive, em 1453, a capital do antigo Império Bizantino, Constantinopla. Com esse evento, as nações cristãs passaram a utilizar principalmente as rotas terrestres para terem acesso às Índias.

B) Com a expansão do Império Otomano, os territórios que envolviam o Mar Mediterrâneo foram completamente dominados pelos cristãos, pois os muçulmanos foram expulsos. Apesar de serem também nações cristãs, Portugal e Espanha disputavam o comércio com os turco-otomanos e por isso tiveram que começar a navegar pelo Atlântico.

C) O Império Otomano se expandiu gradativamente por territórios da Europa e da África, do século XIV ao século XVII, sendo que a sua principal intenção era desenvolver a agricultura autossustentável. Dessa forma, sua expansão não interferiu no comércio no Mar Mediterrâneo.

D) Com a expansão do Império Otomano, o Mar Mediterrâneo foi dominado pelos turcos muçulmanos, dificultando o acesso das nações cristãs às Índias para realização do comércio. Isso fez com que Portugal e Espanha investissem nas navegações pelo Atlântico, o que favoreceu a chegada dos europeus aos territórios americanos.

e) O principal objetivo dos turco-otomanos era conquistar os territórios africanos. Apesar de terem chegado até Argel, não conseguiram adentrar o continente africano, pois enfrentaram alta resistência dos europeus, que já se encontravam no seu interior.

Resolução:

Alternativa D.

Desde a Antiguidade, o Mar Mediterrâneo significava uma das principais rotas comerciais do mundo. A expansão turco-otomana nos arredores desse mar impedia que os navios europeus chegassem até o Oriente, algo que culminou em sucessivas guerras entre otomanos e Estados europeus.

Questão 2

A ascensão do Império Otomano remonta às tradições de qual império do Oriente Médio dissolvido por exércitos mongóis durante o século XIII?

A) Império Bizantino

B) Império Persa

C) Império Seljúcida

D) Império Egípcio

E) Império Safávida

Resolução:

Alternativa C.

Após a queda dos seljúcidas, oriunda das invasões mongóis, a Anatólia foi fragmentada em beyliks, que na época equivaliam a principados de um sultanato – nesse contexto, o Sultanato de Rum. Um desses beyliks se destacou sob o governo de Osman I. Após proclamar independência do sultanato em 1299, invadiu os beyliks fronteiriços, absorvendo-os e dando origem ao Império Otomano.

Questão 3

No ano de 1571, ocorreu a primeira grande perda do Império Otomano, quando os seus navios se depararam com frotas marítimas da Santa Liga no litoral grego. Os navios espanhóis significavam, naquele contexto, a maior potência naval do mundo, alcançando o naufrágio de 180 galeões otomanos contra apenas 12 de suas unidades destruídas. Essa batalha significativa para o declínio do Império Otomano foi:

A) Lepanto

B) Mohács

C) Cerco de Viena

D) Cerco de Constantinopla

E) Chaldiran

Resolução:

Alternativa A.

A Batalha de Lepanto abateu o moral dos otomanos ao serem massacrados pela Santa Liga. Embora os otomanos fossem excepcionais em terra, suas perdas marítimas ao redor da Grécia demonstraram que os navios europeus se tornariam uma força imbatível no decorrer da Idade Moderna.

Questão 4

Assinale a alternativa que corresponde corretamente à elite do exército otomano, dissolvida em 1826 por Mahmud II.

A) Sultões

B) Janízaros

C) Califas

D) Paxás

E) Xás

Resolução:

Alternativa B.

A antiga elite do exército otomano passou a significar cada vez mais uma classe social isolada da influência do Estado e menos em um corpo eficiente de combate, transformada em uma aristocracia que gerou atrito entre os sultões. Foi Mahmud II que deu fim à classe janízara, dissolvendo seu corpo militar e ordenando a execução de seus líderes em 1826.

Notas

|1| LEWIS, Bernard. O Oriente Médio: do advento do cristianismo aos dias de hoje. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., p.112, 1996.

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[6] André Koehne / Wikimedia Commons (reprodução)

Fontes

HISTÓRIA ISLÂMICA. Disponível em https://historiaislamica.com/pt/imperiootomano/.

JORGENSEN, Christier. Great Battles: Decisive conflicts that have shaped History. Bath: Parragon, 2007.

KERSHAW, Ian. De volta ao inferno: Europa, 1914-1949. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.

LEWIS, Bernard. O Oriente Médio: Do advento do cristianismo aos dias de hoje. Rio de Janeiro: Zahar, 1996.

O ISLAM. Disponível em https://www.oislam.org.

QUATAERT, Donald. O Império Otomano: Das origens ao século XX. Coimbra: Edições 70, 2008.

SOCHACZEWSKI, Monique. O Império Otomano e a Grande Guerra. Revista Brasileira de Estudos Estratégicos. Niterói: Instituto de Estados Estratégicos, v.1, n.5, 221-238, 2013.

TUCKER, Spencer C. Battles That Changed History: An Encyclopedia of World Conflict. Santa Barbara: ABC-CLIO, 2011.

Por Cassio Remus de Paula