Tutancâmon

Tutancâmon foi faraó por nove anos apenas, mas deixou um legado enorme para pesquisas.
Túmulo e sarcófago do rei Tut (referência coloquial a faraó) na exposição de Tutancâmon em 2014, na Eslováquia.[1]

Tutancâmon foi um faraó coroado aos nove anos de idade, e morreu aos 19. Pertenceu à 18ª dinastia do período Novo Reino (ou Novo Período do Império). É, certamente, o mais famoso dos monarcas egípcios. Isso porque sua tumba foi encontrada já no século XX, no ano de 1922, e, depois de 3000 anos, estava praticamente intacta, o que possibilitou novos caminhos de pesquisas sobre Egito.

Tamanha fama também lhe rendeu mitos e lendas, como a de que há uma maldição em sua tumba. Além disso, documentários e até séries de ficção foram feitos com base em sua icônica história. Os objetos encontrados em sua tumba já fizeram turnês em vários lugares do mundo, reunindo milhões para vê-los.

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Resumo sobre Tutancâmon

  • Tutancâmon era filho de Akhenaton e uma tia ou irmã. Casou-se com Anquesenamom, sua meia-irmã, e tiveram duas filhas. Ambas morreram. Uma nasceu morta e a outra não sobreviveu à infância.

  • Seu reinado foi marcado pela retomada ao politeísmo, pois, no reinado anterior, de seu pai, houve tentativas de que as crenças no Egito passassem a ser monoteístas.

  • Tutancâmon morreu, provavelmente, de uma doença degenerativa causada pelos sucessivos filhos entre irmãos, algo comum na civilização egípcia, especialmente entre faraós e nobres. Mas existem outras hipóteses. Uma delas envolve até mesmo assassinato.

  • Sua tumba foi descoberta recentemente, em 1922. Estava tudo praticamente intacto.

  • Criou-se a “maldição” de Tutancâmon, que envolve a morte misteriosa de pessoas que estiveram em sua tumba.

  • Seu legado foi maior morto do que em vida, pois a descoberta tardia de sua tumba, isolada da de outros faraós, fez com que fossem desenvolvidas diversas novas pesquisas sobre Egito.

História de Tutancâmon

Tutancâmon viveu pouco tempo, apenas 19 anos. Em vida, não teve tempo de realizar grandes feitos, mas, depois de morto, revolucionou os estudos sobre o Egito.

  • Vida de Tutancâmon

Tutancâmon era filho do faraó Akhenaton IV. Pesquisas genéticas indicam que ele pode ter sido gerado por uma tia ou, até mesmo, por uma irmã do pai. Casou-se com Anquesenamom, filha de Akhenaton e Nefertiti, ou seja, sua meia-irmã por parte de pai. Eles tiveram duas filhas, uma natimorta e outra que não sobreviveu aos primeiros anos de vida.

  • Reinado de Tutancâmon

Em seu rápido governo (nove anos), Tutancâmon buscou refazer cultos a antigos deuses. Isso porque, antes, no reinado de seu pai, houve uma tentativa importante para a Antiguidade de instauração do monoteísmo (os egípcios eram politeístas). Os sacerdotes desaprovaram tal situação, pois perderiam privilégios. Tampouco a população, já acostumada a cultuar várias divindades, aprovou a tentativa de mudança. Assim, o rei Tut tomou medidas de retomada ao politeísmo. Além disso, também transformou Tebas em, novamente, capital do reino, pois seu pai a havia transferido para Amarna. (Por todas essas questões, o nome do pai de Tutancâmon, Akhenaton, foi apagado da lista de faraós, pois foi considerado um herege.)

Sua gestão sofreu forte influência de Ay, funcionário público de alto escalão que já havia atuado em reinados de outros faraós e que controlava até mesmo quem entrava no palácio. Há indícios e conjecturas de alguns pesquisadores de que ele pode ter, inclusive, matado o rei Tut. Ay casou-se com a viúva de Tutancâmon para conseguir alçar-se ao poder, e considera-se que a morte dela pode ter sido também provocada por ele.

  • Morte de Tutancâmon

Seu reinado foi breve, pois ele morreu jovem. Além da possibilidade de assassinato, também se especula que ele tenha tido uma doença degenerativa que pode ser manifestada em pessoas nascidas de relações entre irmãos ou parentescos muito próximos, como era o seu caso.

Tumba da Tutancâmon

A tumba de Tutancâmon foi descoberta em 1922 e estava praticamente intacta, o que chamou bastante atenção do mundo todo. Pesquisadores investiram seus estudos nela, afinal, ela resistira ao tempo e a saques. Essa resistência se deu porque ela estava isolada de demais tumbas. Com essas pesquisas, historiadores especialistas na história do Egito puderam obter novas informações sobre a civilização, o que mudou os rumos da egiptologia.

Lá foram achados desde carruagem de ouro a estátuas (do deus Anúbis e de sentinelas), santuários, jarras (provavelmente de vinho, já que os egípcios acreditavam que, depois de mortos, continuavam a viver junto aos deuses e precisavam levar oferendas, como bebidas, comida e tecido), objetos pessoais, réplicas de embarcações e mais dois caixões (de suas filhas).

Múmia de Tutancâmon em seu túmulo, localizado no Vale dos Reis, Luxor, Egito.[2]

Maldição de Tutancâmon

Como mencionado, a tumba de Tutancâmon foi encontrada em 1922 e estava quase intacta. O responsável pela expedição que a descobriu foi o pesquisador arqueólogo e egiptólogo inglês Howard Carter. Ele tinha uma ave de estimação que o acompanhava havia anos em suas viagens e que, assim que realizou a descoberta, morreu picada por uma cobra.

Depois, em apenas cinco meses, o próprio financiador de Carter, Lord Carnavon, que foi ao Egito logo após a descoberta, morreu de causas misteriosas. Curiosamente, o faraó tinha um sinal na bochecha, e o nobre, quando faleceu, também apresentava a mesma marca.

Em 1929, mais 10 pessoas que tiveram contato com a tumba também morreram sem motivo manifesto anteriormente. Com isso, criou-se a lenda de que essas mortes teriam ocorrido por uma espécie de maldição de Tutancâmon, que assolaria todos que o incomodassem em seu descanso eterno.

Saiba mais: A maldição de Tutancâmon — mitos e verdades em torno da tumba do faraó

Legado de Tutancâmon

Estudiosos afirmam que Tutancâmon, em vida, foi um dos menos prestigiados faraós e, depois de morto, tornou-se um dos mais famosos. Isso devido à descoberta de sua tumba com tantos objetos intactos.

Esses artefatos, depois de encontrados, percorreram diversos países em exposições, que reuniram muita gente. Somente na dos EUA, no Museu Metropolitano de Arte, por exemplo, foram oito milhões de pessoas presenciar tais relíquias, que já fizeram verdadeiras turnês.

Seu legado é, principalmente, o que foi possível (e é até hoje) de ser pesquisado após a descoberta de sua tumba.

Curiosidades sobre Tutancâmon

Máscara de Tutancâmon no Museu Egípcio do Cairo. É o principal objeto de atração do museu. Foi liberada para ser fotografada recentemente, em 2006.[3]
  • Tutancâmon foi coroado com apenas nove anos de idade e morreu aos 19.

  • Pode ter sido fruto de um incesto.

  • Além das hipóteses de assassinato ou doença degenerativa, no início dos anos 2000, pesquisadores levantaram outras, como: malária e até mesmo uma lesão na perna, que teria sido quebrada e depois infeccionou-se.

  • Em seu túmulo, foram encontradas adagas feitas de níquel em uma quantidade somente observada em meteoritos. Isso fez com que mais uma lenda começasse a ser contada sobre sua tumba: a de que tais objetos haviam sido feitos com materiais extraterrestres, pois o metal era raro e de difícil acesso.

  • Pesquisas são realizadas até hoje em sua tumba. Em uma delas, pesquisadores levantaram a hipótese de existirem outros corpos escondidos em câmaras ainda ocultas. Uma deles seria o de Nefertiti.

  • Entre essas pesquisas, está uma que realizou cerca de 2000 tomografias e uma autópsia virtual do corpo de Tutancâmon. Por meio dessas técnicas, concluiu-se que o faraó tinha o pé esquerdo torto, os quadris largos e os dentes salientes.

  • Sua máscara é um dos principais símbolos do Egito e foi danificada em 2015, durante uma simples limpeza.

  • Parte de uma de suas esculturas foi leiloada em 2019, apesar de protestos de pesquisadores e de egípcios.

  • Existem muitas obras documentais e até ficcionais a seu respeito. Uma delas é a série de ficção Rei Tut, dirigida pelo mesmo diretor de C.S.I. e Vampire Diaries.

Créditos da imagem

[1] Jaroslav Moravcik / Shutterstock

[2] LukeandKarla.Travel / Shutterstock

[3] Orhan Cam / Shutterstock

Por Mariana de Oliveira Lopes Barbosa