Religião Viking

Os povos chamados de Vikings possuíam uma cosmogonia própria e, apesar de não serem muito religiosos, possuíam uma série de deuses que adoravam no seu cotidiano.
Representação de Odin em selo sueco. Repare os dois corvos (Hugin e Munin) nos ombros de Odin e o cavalo de oito patas (Sleipnir) *
Representação de Odin em selo sueco. Repare os dois corvos (Hugin e Munin) nos ombros de Odin e o cavalo de oito patas (Sleipnir) *
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Os povos Vikings, que habitaram a Escandinávia (atual Noruega, Suécia e Finlândia), no Norte da Europa, possuíam crenças religiosas pagãs, ou seja, não cristãs. Os mitos religiosos desses povos são conhecidos hoje como mitologia nórdica.

Os Vikings não eram extremamente religiosos, sendo o culto aos deuses realizado em épocas específicas ou em ocasiões individuais, isto é, quando uma pessoa procurava o favor divino. Um exemplo de festival religioso dos nórdicos era o Jól (também conhecido como Yule), que era realizado no inverno e que foi depois apropriado pelos cristãos e transformado na comemoração do nascimento de Cristo, o Natal. Outro exemplo de festival religioso é o Álfablót, que é visto de acordo com as fontes originais como festival de cura ou de celebração dos ancestrais. Já o culto individual estava relacionado com pedidos aos deuses e normalmente apresentava pequenos sacrifícios ou pequenos rituais de magia.

Apesar de não possuírem uma classe de sacerdotes dedicada à religião, essa função, principalmente nos rituais e festivais, era realizada pelos reis ou nobres em espaços sagrados ou templos construídos para finalidades religiosas, como o Templo de Uppsala, na Suécia. Os vikings acreditavam em seres míticos, como elfos (Álfar) e anões (Dvergar), além de gigantes (Jötunn) e dragões. Um ser mítico importante na religião viking era as Nornas, que eram seres divinos que regiam o destino dos homens. A visão de universo dos nórdicos estava centralizada na Yggdrasil, um freixo que interligava os nove mundos existentes.

Possuíam como principal deus Odin, considerado o deus mais poderoso da religião nórdica e chamado de “pai dos deuses”. Conforme Johnni Langer:

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“Odin era uma deidade assustadora, furiosa, violenta, cruel, cínica, enganadora, mas ao mesmo tempo também era inspirador das poesias e da magia. Era ele quem presidia as batalhas, e do alto do seu trono (Hlidskjálf) observava tudo o que acontecia no universo. Possuía dois corvos, Huginn (pensamento) e Munnin (memória), que informavam sobre os acontecimentos do mundo […]. Odin cavalgava em um cavalo de oito patas (Sleipnir) e portava uma lança mágica (Gungnir). Na batalha final (Ragnarök) foi devorado pelo monstruoso lobo Fenrir”|1|.

Outros deuses importantes eram Thor, Freyja, Balder, Týr, Loki etc. O fim do mundo para os nórdicos aconteceria no chamado Crepúsculo dos deuses (Ragnarök), no qual os deuses seriam destruídos, assim como parte do universo, após uma batalha final. Entretanto, estudos recentes defendem a influência do cristianismo no Ragnarök, e outros apontam que o mito do fim do universo possuía pouca influência na religiosidade viking |2|. Os vikings foram gradativamente sendo cristianizados a partir do século X, com a religiosidade tradicional vinda do paganismo ficando restrita ao ambiente privado e presente no folclore popular nórdico.

|1| LANGER, Johnni. Deuses, monstros e heróis: ensaios de mitologia e religião viking. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 2009, p. 184.

|2| LANGER, Johnni. Ragnarök. In.: LANGER, Johnni (org.) Dicionário de mitologia nórdica: símbolos, mitos e ritos. São Paulo: Hidra, 2015, p. 391-394.

* Crédito da imagem: rook76 / Shutterstock.com


Por Daniel Neves
Graduado em História

Por Daniel Neves Silva