Landell de Moura, o inventor do rádio

Teria o rádio sido inventado por um simples clérigo brasileiro?
Landell de Moura foi o primeiro a desenvolver uma tecnologia sem fio para a transmissão de voz
Landell de Moura foi o primeiro a desenvolver uma tecnologia sem fio para a transmissão de voz
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No século XIX, o desenvolvimento e a difusão da Segunda Revolução Industrial já mostravam para o homem que tempo é dinheiro. Talvez por esse motivo, essa época não foi marcada somente pela invenção de novas máquinas de fabricação, mas também por vários outros inventos que encurtavam o envio de informações e dinamizavam a realização das transações comerciais. Foi daí que os meios de comunicação ganharam importância na expansão do capital.

Foi nessa justa época que diversos estudiosos investigavam uma maneira de aprimorar as ferramentas de comunicação combinando o uso do telégrafo elétrico, a radiação eletromagnética e o telefone com fio. A combinação dessas três tecnologias seriam as grandes responsáveis pela invenção do rádio, que fora patenteado no ano de 1901, pelo físico italiano Guillermo Marconi. Dada a importância do feito, esse cientista acabou sendo agraciado com o prêmio Nobel de Física.

Contrariando esse registro oficial, temos um grupo de entusiastas gaúchos que atribuem a invenção do rádio a um padre católico chamado Roberto Landell de Moura. Segundo relatos, no dia 3 de junho de 1900, esse padre reuniu figuras da imprensa, políticos e outras personalidades para a demonstração de seu invento em plena Avenida Paulista. Sem utilizar fios, o padre conseguiu transmitir a voz humana e sinais telegráficos à incrível distância de oito quilômetros.

Sendo morador de um país ainda essencialmente agrário, Landell acabou não conseguindo a projeção e o patrocínio necessários para fabricar comercialmente o seu invento. Desanimado com o resultado de seu esforço intelectual, acabou indo para os Estados Unidos a fim de patentear seus inventos transmissores de informação e voz. Em outubro de 1902, o jornal norte-americano “The New York Herald” falou de seus inventos e realizou uma entrevista com o clérigo brasileiro.

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No depoimento de Landell, podemos perceber as dificuldades que enfrentou na época para prosseguir com suas pesquisas. Além de salientar que sua intenção era mostrar que a Igreja não era inimiga da ciência, Landell de Moura fez questão de relatar que, enquanto esteve no Brasil, foi perseguido por pessoas que acreditavam que ele tinha algum tipo de pacto diabólico. A perseguição chegou ao ponto de um bando de fanáticos invadirem suas instalações e destruírem suas ferramentas de trabalho.

Nos últimos anos, livros sobre a vida do padre e campanhas de internet procuram meios de divulgar a importância de Landell de Moura para a ciência brasileira e corrigir o erro histórico referente à descoberta do rádio. Independente do resultado dessa “cruzada histórica”, podemos ver que a história desse engenhoso padre nos mostra as limitações de um tempo em que a tecnologia e a educação eram preocupações relegadas ao esquecimento.

Por Rainer Gonçalves Sousa