Zoroastrismo

O zoroastrismo é uma religião que surgiu no planalto iraniano entre 1500 a.C. e 1000 a.C. Essa religião foi criada por Zoroastro, considerado profeta dessa religião.

Por Daniel Neves Silva

Símbolo do zoroastrismo na fachada de templo.
Símbolo do zoroastrismo na fachada de templo. Essa religião foi muito popular na Pérsia durante o período da Dinastia Aquemênida.
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O zoroastrismo é uma religião que surgiu no planalto iraniano por volta de 1500 a.C. a 1000 a.C. Os historiadores atribuem o surgimento dessa religião a uma visão que Zoroastro teria tido de Ahura Mazda, o ser divino supremo dessa religião. Essa religião foi extremamente popular na Pérsia durante o período da Dinastia Aquemênida.

O zoroastrismo ficou marcado por ser uma religião monoteísta, que sustenta sua fé em Ahura Mazda. Possui um ser do mal, entendido como uma energia negativa chamada Arimã, que será derrotado no final dos tempos. Essa religião também acreditava no julgamento das pessoas após a morte e em paraíso e inferno.

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Resumo sobre zoroastrismo

  • O zoroastrismo é uma religião monoteísta que surgiu no planalto iraniano entre 1500 a.C. e 1000 a.C.

  • Tornou-se muito popular na região, sendo a principal religião da Pérsia durante a Dinastia Aquemênida.

  • O profeta dessa religião era Zoroastro, que iniciou suas pregações após ter uma visão de Ahura Mazda.

  • É uma religião dualista com bem, representado por Ahura Mazda, lutando contra o mal, representado por Arimã.

  • Essa religião perdeu força na Pérsia com a islamização da região no século VII.

O que é o zoroastrismo?

O zoroastrismo é uma religião monoteísta que surgiu na região da Pérsia por volta do segundo milênio a.C. Os pesquisadores acreditam que o surgimento dessa religião tenha acontecido por volta de 1500 a.C. a 1000 a.C., a partir das pregações do profeta Zoroastro, também conhecido como Zaratustra.

O zoroastrismo se popularizou na Pérsia por volta do século VII a.C., mais ou menos no período de ascensão da Dinastia Aquemênida naquela região. É uma religião considerada monoteísta porque sustenta sua crença em uma figura divina chamada Ahura Mazda. É também considerada uma religião dualista, pois sustenta a crença em uma luta do bem contra o mal.

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O zoroastrismo sustenta que, além de Ahura Mazda, manifestação suprema do bem, existe um ser sobrenatural chamado Arimã. Este representa o mal, sendo um espírito maligno que lutará contra Ahura Mazda no fim dos tempos, mas será derrotado. O zoroastrismo afirma que as pessoas podem escolher o bem ou o mal livremente, mas sofrerão as consequências dessa escolha.

O zoroastrismo é marcado por ter sido a religião que inaugurou uma série de características que são comuns a outras religiões monoteístas, como o cristianismo e o islamismo. Entre essas características estão essa crença em um ser supremo, a luta contra o mal, o julgamento após a morte, a condenação ao inferno ou ida ao paraíso no pós-morte, a crença em um livro sagrado, etc.

Essa religião se consolidou de maneira muito forte na Pérsia a partir do século VII a.C., mas perdeu força no século VII d.C., quando a região da Pérsia começou a ser islamizada.

Representação de Zoroastro na famosa pintura renascentista “A Escola de Atenas”, de Rafael Sanzio.
Representação de Zoroastro na famosa pintura renascentista “A Escola de Atenas”, de Rafael Sanzio.

Características do Zoroastrismo

  • Rituais

A prática religiosa no zoroastrismo conta com alguns rituais, como o navjote, um ritual de iniciação que é realizado com as crianças entre 7 e 15 anos de idade. Para os funerais, os zoroastristas construíam as chamadas dakhma, isto é, torres do silêncio, construções nas quais eram depositados os corpos dos mortos para que seus corpos fossem devorados pelas aves de rapina. O zoroastrismo não permite que os mortos sejam enterrados porque considera a terra sagrada e os corpos dos mortos são vistos como impuros.

As orações também eram consideradas um importante ritual no zoroastrismo. Os fiéis são orientados a fazer cinco orações por dia.

  • Livro sagrado

O livro sagrado do zoroastrismo é o Avestá, um livro que reúne diversos textos sagrados, dos quais se destacam os Gatas (ou Gathas), poemas/hinos que são atribuídos ao próprio Zoroastro e são considerados textos rituais. São textos muito antigos e que são parte do Iasna, textos rituais presentes no Avestá.

Outros textos importantes da religião do zoroastrismo são Dinkard, Bundahishn, Bahman Yasht, entre outros. A importância do Avestá no zoroastrismo é atestada pelos historiadores, mas, atualmente, conhecemos apenas um fragmento do total dos textos que compõem esse livro, pois os historiadores acreditam que o Avestá original se perdeu com a invasão da Pérsia pelos macedônicos.

  • Festas

A tradição religiosa do zoroastrismo é marcada por diferentes festivais religiosas que podem ser celebrados em momentos diferentes, de acordo com o calendário litúrgico que cada fiel seguir. Os fiéis do zoroastrismo podem exercer sua fé a partir de três tipos diferentes de calendários: o fasli, qadimi e shahanshahi.

Tradicionalmente existem seis celebrações religiosas muito importantes, chamadas de gahanbars ou gaambares. Essas celebrações estavam ligadas a seres divinos que emanaram de Ahura Mazda e que possuem relação direta com a criação. Esses seis festivais eram:

  • Maidyozarem: celebrado no meio da primavera;

  • Maidyoshahem: celebrado durante o solstício de verão;

  • Paitishahem: celebrado durante o período da colheita;

  • Maidyarem: celebrado durante o solstício de inverno;

  • Hamaspathmaidyem: celebração de todas as almas, ocorrendo atualmente no mês de março;

  • Ayathrem: celebrado durante o outono,

A tradição religiosa do zoroastrismo também conta com outras festividades, como o Noruz (passagem de ano no calendário do zoroastrismo); Frawardigan (celebra a alma dos mortos por dez dias); o Sadeh (festival que ocorre no meio do inverno), entre outros.

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O que prega o Zoroastrismo?

O zoroastrismo é uma religião monoteísta que possuía uma visão dualista do Universo, pregando a existência de um ser supremo e bom, chamado Ahura Mazda, e de um ser maligno, que não é considerada uma divindade, mas uma energia negativa e ruim chamada Arimã. Essas duas forças lutam entre si, até que Ahura Mazda vencerá uma batalha final, triunfando sobre o mal.

A importância de Ahura Mazda no zoroastrismo fez com que essa religião também fosse conhecida como mazdeísmo. O zoroastrismo prega que cada pessoa tem livre arbítrio para escolher a qual lado servir, sendo que aqueles que servirem o mal serão julgados e condenados a um inferno, enquanto os que servirem Ahura Mazda irão para um paraíso.

Origem do Zoroastrismo

Os historiadores afirmam que o zoroastrismo surgiu na região da Pérsia (atual Irã) em algum momento do segundo milênio a.C., muito provavelmente entre o período de 1500 a.C. a 1000 a.C., período provável em que Zoroastro, profeta dessa religião, viveu. Os historiadores apontam que Zoroastro habitava uma região na fronteira do Irã com o Afeganistão.

Na época de Zoroastro, a Pérsia possuía uma religião de origem indo-ariana que era bastante semelhante à religião praticada na região da civilização védica, marcada pela crença em diversas divindades, pelo consumo de uma bebida ritual chamada haoma e pelo uso de sacrifícios de animais.

Ele era adepto do culto masdeísta, isto é, o culto que adora a divindade de Ahura Mazda, que já existia na religião antiga da Pérsia. Ele possuía um pequeno rebanho, mas se tornou sacerdote de Ahura Mazda a partir dos seus 20 anos de idade. A tradição zoroastrista afirma que ele recebeu uma revelação de Ahura Mazda quando possuía cerca de 30 anos de idade.

Ele tinha ido a um rio para se purificar, tendo uma visão de Ahura Mazda. Nessa visão, Ahura Mazda teria feito revelações sobre o futuro para Zoroastro, fazendo com que ele se tornasse profeta, pregando a conversão da religião local para que ela se transformasse em uma religião monoteísta, com culto unicamente para Ahura Mazda.

As pregações de Zoroastro não foram muito bem recebidas por outros sacerdotes, mas Zoroastro conseguiu converter um rei local chamado Vishtaspa, que contribuiu para expansão do zoroastrismo pelo planalto iraniano. No período do Império Aquemênida, os historiadores já acreditam que o zoroastrismo era uma religião que estava difundida por toda a região.

Relação do zoroastrismo com o cristianismo

Muitos historiadores apontam que o zoroastrismo foi uma religião que teve grande influência na formação do cristianismo, pois foi a religião que estabeleceu elementos e conceitos que são basilares na organização religiosa do cristianismo. Entre os conceitos basilares do zoroastrismo e que estão presentes no cristianismo estão: monoteísmo, crença no céu e inferno, o dia de julgamento das ações da pessoas, uma luta do bem contra o mal, a crença na existência de um ser maléfico (como Satanás no cristianismo e Arimã no zoroastrismo), etc.

Zoroastrismo ainda existe?

Sim, o zoroastrismo ainda existe, embora seja uma religião bem menor do que já foi um dia. A islamização da Pérsia contribuiu para o enfraquecimento dessa religião, quase levando ao seu desaparecimento.

Zoroastrismo na atualidade

O zoroastrismo ainda existe e estima-se que o número de fiéis dessa religião varie de 100 mil a 200 mil pessoas, que estão espalhadas em diferentes partes do planeta. Os locais que reúnem o maior número de zoroastristas do planeta são a Índia, o Irã, os Estados Unidos, o Canadá e o Uzbequistão. Outros locais com significativa população zoroastrista são a Austrália, Paquistão e Azerbaijão.

Fontes

SOARES, Dionísio Oliveira. A apocalíptica no zoroastrismo, judaísmo e cristianismo. Disponível em: https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/56491/56491_4.PDF

HENRIQUES, Ana Cândida Vieira. Zoroastrismo da Pérsia e catolicismo romano: um estudo comparado entre concepções escatológicas. Disponível em: https://repositorio.ufpb.br/jspui/bitstream/123456789/19037/1/AnaC%c3%a2ndidaVieiraHenriques_Tese.pdf

MARK, Joshua J. Zoroastrianism. Disponível em: https://www.worldhistory.org/zoroastrianism/

MARK, Joshua J. Ancient persian religion. Disponível em: https://www.worldhistory.org/Ancient_Persian_Religion/

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