Elizabeth I

Elizabeth I foi rainha da Inglaterra e da Irlanda entre 1558 e 1603, sendo a última monarca da Dinastia Tudor. Seu reinado ficou marcado pela vitória contra a Invencível Armada.

Por Daniel Neves Silva

Elizabeth I, rainha da Inglaterra e da Irlanda entre 1558 e 1603.
Elizabeth I foi rainha da Inglaterra e da Irlanda entre 1558 e 1603.
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Elizabeth I foi uma monarca inglesa, sendo rainha da Inglaterra e da Irlanda entre 1558 e 1603. Ela foi a última monarca da Dinastia Tudor, tendo seu reinado marcado pelos fatos de nunca ter se casado ou não ter tido filhos. Os historiadores acreditam que Elizabeth I escolheu conscientemente não se casar para não impactar no seu poder.

Ela era filha de Henrique VIII e Ana Bolena (segunda esposa do monarca) e assumiu o trono em 1558 depois que sua irmã Maria I faleceu. O reinado dela foi marcado por eventos significativos, como o restabelecimento do Ato de Supremacia, consolidando a Igreja Anglicana. Ela também derrotou a Invencível Armada espanhola em 1588.

Leia também: Dinastia Tudor — a sucessão familiar que governou a Inglaterra entre 1485 e 1603

Resumo sobre Elizabeth I

  • Elizabeth I foi rainha da Inglaterra e da Irlanda entre 1558 e 1603.

  • Ela foi a última monarca da Dinastia Tudor.

  • Era filha de Henrique VIII e de Ana Bolena, assumindo depois que sua irmã Maria I faleceu.

  • Seu reinado ficou marcado por uma relativa tolerância, embora perseguisse católicos radicais.

  • Ficou conhecida como a Rainha Virgem por nunca ter se casado.

  • Derrotou a Invencível Armada espanhola, em 1588, em uma das principais vitórias da história militar inglesa.

Quem foi Elizabeth I?

Também conhecida como a Rainha Virgem, Elizabeth I foi rainha da Inglaterra e da Irlanda entre os anos de 1558 e de 1603, sendo a última monarca da dinastia Tudor que reinou na Inglaterra. Elizabeth I é reconhecida como uma das monarcas mais importantes da história inglesa, promovendo uma profunda transformação em seu reino.

Elizabeth I nasceu no Palácio de Placentia, em Greenwich, na Inglaterra no dia 7 de setembro de 1533. Ela era filha do Rei Henrique VIII com Ana Bolena (segunda esposa desse rei). Na época de seu nascimento, tinha uma irmã chamada Maria (oriunda do primeiro casamento do rei).

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Elizabeth I recebeu esse nome em homenagem a Elizabeth de York, mãe do rei Henrique VIII. A filha do rei recebeu uma ótima educação, possuindo uma série de tutores ao longo de sua juventude e adquirindo conhecimento em áreas como história, música, filosofia, retórica, além de saber se comunicar em diferentes idiomas além do inglês.

Durante a sua juventude, viu seus irmãos Eduardo e Maria tornarem-se rei, sendo Eduardo VI e Maria I, respectivamente. Durante ambos reinados, Elizabeth I assumiu posturas discretas, mas, durante o reinado de Maria I foi considerada suspeita de traição. A acusação de traição, somado ao fato que ela era protestante e sua irmã católica, fez com que Elizabeth I ficasse presa entre 1554 e 1555.

Quando assumiu, após a morte de sua irmã Maria I, Elizabeth I encontrou o seu reino dividindo pelas disputas religiosas, garantindo a pacificação da Inglaterra nessa questão, mas contribuindo para consolidar a Igreja Anglicana.

Além disso, o reinado de Elizabeth I foi o responsável por dar início ao processo de desenvolvimento comercial que fez da Inglaterra a maior potência comercial e marítima do mundo. O sucesso do seu reinado fez com que ele fosse definido posteriormente como uma espécie de Era de Ouro na história inglesa.

Ela também ficou conhecida por ter um grande conhecimento, sendo poliglota e a responsável direta pela promoção do Renascimento em seu país. Seu reinado também ficou marcado pelo fato de que ela nunca se casou e também não teve herdeiros. Os historiadores apontam que isso se deu por escolhas diretas da rainha inglesa.

Veja também: Elizabeth II — a monarca inglesa que teve o reinado mais longo do Reino Unido

Por que Elizabeth I não se casou?

O reinado de Elizabeth I sempre ficou marcado pelo fato de que ela não se casou e, por isso, recebeu o título de Rainha Virgem, uma alcunha que foi alimentada pela própria rainha para reforçar a ideia do seu compromisso com a Inglaterra, além de cultivar a ideia de que ela era casada apenas com a Inglaterra. Os historiadores sabem que a questão do casamento sempre foi um assunto importante no reinado de Elizabeth I.

Ao longo de sua vida, seus conselheiros a pressionaram para que ela se casasse o mais rápido que fosse possível. Não faltaram pretendentes para se casar com a rainha Elizabeth I, mas ela optou por não se casar, e os historiadores debatem que isso se deu por vários fatores. Politicamente, o casamento poderia trazer uma grande limitação aos seus poderes enquanto rainha, o que ela não desejava.

Além disso, os historiadores apontam que o casamento com um monarca estrangeiro era visto por Elizabeth I como uma ameaça aos interesses da Inglaterra por temer que poderia sujeitar o país a sofrer interferências estrangeiras. No caso dos nobres ingleses, ela temia que se casar com um deles poderia gerar inimizade com outros nobres interessados.

Por fim, há em consideração o fato de que a ideia de casamento sempre foi algo ruim para a rainha Elizabeth I, pois ela cresceu com a informação de que sua mãe, Ana Bolena, foi abandonada pelo seu pai e executada a mando dele, além de ter visto tragédias se repetirem em outros casamentos reais.

Apesar de não ter se casado e da alcunha de Rainha Virgem, os historiadores sabem que Elizabeth I não morreu virgem, uma vez que teve diversos casos amorosos ao longo de sua vida, sendo que um dos mais significativos foi com um nobre inglês chamado Robert Dudley.

Pintura retratando Robert Dudley, um nobre inglês que teve um caso com Elizabeth I.
Robert Dudley foi um nobre inglês que teve um caso com Elizabeth I.

Por que Elizabeth I não teve filhos?

A Rainha Elizabeth I ter filhos tem relação direta com sua escolha de não se casar. Os historiadores entendem que Elizabeth I não quis ter filhos por uma questão de autonomia, para garantir que ela pudesse se dedicar integralmente ao seu reinado. Acredita-se que ela não desejava ter seus poderes limitados pela maternidade, mas alguns historiadores sugerem que ela poderia ter um temor em relação à maternidade, uma vez que os riscos envolvidos ao ato de dar à luz eram elevados.

Como Elizabeth I virou rainha?

Elizabeth I era filha do rei Henrique VIII com Ana Bolena, segunda esposa desse rei. Ela, portanto, era herdeira do trono inglês, mas perdeu essa posição depois que sua mãe, Ana Bolena, foi condenada à morte por traição. Essa acusação fez com que Henrique VIII tornasse sua filha bastarda, retirando-a da linha de sucessão.

Em 1544, no entanto, ela foi reintroduzida na linha de sucessão por meio do Terceiro Ato de Sucessão. Esse ato, estabelecido durante o reinado de Henrique VIII, determinava que os sucessores ao trono inglês seriam, na ordem, Eduardo, Maria e Elizabeth, todos filhos do rei Henrique VIII. Esse rei faleceu em 1547, sendo sucedido por Eduardo VI, que esteve no trono entre 1547 e 1553.

Ele foi sucedido por Maria I, católica, que promoveu uma grande perseguição aos protestantes ingleses, além de ter se casado com Filipe II da Espanha, fazendo dela uma rainha bem impopular. Mari I acusou sua irmã de traição, aprisionando-a por um ano. Maria I, por sua vez, faleceu de câncer, em 17 de novembro de 1558. Elizabeth I assumiu o trono a partir do falecimento de sua irmã (que não tinha herdeiros), sendo coroada em 15 de janeiro de 1559.

Reinado de Elizabeth I

Pintura retratando a coroação de Elizabeth I.
Pintura retratando a coroação de Elizabeth I.

Quando assumiu o trono, Elizabeth I tinha apenas 25 anos, encontrando a Inglaterra em uma situação extremamente delicada. O país estava dividido por conta das disputas religiosas, além de estar enfraquecido militar e economicamente. Parte da nobreza também nutria uma certa desconfiança com relação a Elizabeth I.

Inicialmente, Elizabeth I cercou-se de conselheiros de confiança, com destaque para sir Francis Walsingham, que tinha uma extensa rede de espiões que monitoravam todo o país. Elizabeth I mostrou-se prudente financeiramente, sendo bastante ponderada nos gastos da coroa, além de não nutrir ambições de expansão territorial.

Durante o seu reinado, o protestantismo foi reabilitado, e o Ato de Supremacia, que estabelecia o monarca inglês como chefe da Igreja da Inglaterra, foi colocado novamente em vigor (havia sido derrubado por Maria I, católica). Na Inglaterra, ela garantiu maior tolerância religiosa, permitindo que católicos e protestantes praticassem sua fé.

No entanto, ela tentou impor o protestantismo na Irlanda, que também era seu domínio, mas não teve sucesso. Além disso, ela incentivou grupos de protestantes em outros países europeus, como a França e os Países Baixos.

Ela também teve de lidar com uma questão delicada envolvendo sua prima, Maria Stuart. Também conhecida como rainha dos escoceses, Maria Stuart foi figura responsável por manter os católicos em rebelião durante um período do reinado de Elizabeth I. Durante muito tempo, ela residiu na França, mas, em 1568, ela retornou para a Inglaterra, o que representava uma grande ameaça a Elizabeth I, pois, se a rainha falecesse, Maria Stuart poderia assumir o trono.

No mesmo ano, Maria Stuart foi presa, o que causou revoltas católicas em algumas partes da Inglaterra, havendo a execução de quase 1000 católicos, em 1569. Por conta disso, no ano seguinte, Elizabeth I foi excomungada pelo Papa Pio V, incentivando os católicos a se rebelar contra Elizabeth I e a lutar pela coroação de Maria Stuart.

Muitos anos depois, em 1586, Elizabeth I foi convencida pelo Parlamento e pelos seus conselheiros a assinar a autorização de execução de Maria Stuart. Seu principal conselheiro e secretário de Estado, Sir Walsingham, conseguiu justificar a execução de Maria Stuart por crime de traição, apontando evidências de que a prima da rainha encorajava a coroa espanhola a atacar a Inglaterra.

Esse evento fez com que a relação entre Inglaterra e Espanha se agravasse mais ainda. A Espanha, governada por Filipe II, nutria uma forte inimizade com a Inglaterra sob o reinado de Elizabeth I. Essa inimizade era alimentada por diversos fatores:

  • Elizabeth I mantinha corsários para atacar as galés espanholas que saíam da América carregadas de metais preciosas;

  • Elizabeth I havia financiado grupos protestantes a se rebelar nos Países Baixos contra a Espanha;

  • Elizabeth I era protestante e rejeitava a autoridade do papa.

A decapitação de Maria Stuart ocorreu em 8 de fevereiro de 1587, e o ataque dos corsários ingleses ao porto de Cádiz foram fatores que desencadearam guerra entre as duas nações. Os espanhóis preparam uma grande armada, buscando realizar uma invasão do território inglês, em 1588. Essa armada, conhecida como Invencível Armada, era formada por 132 navios.

Os espanhóis foram derrotados nessa batalha por possuírem navios mais lentos, por erros de estratégia e por conta do mau tempo. Estima-se que a derrota da Invencível Armada resultou na morte de mais de 10 mil soldados espanhóis. Houve ainda duas outras tentativas de invasão da Inglaterra pela Espanha, em 1588. A vitória da Inglaterra contra os espanhóis, em 1588, é considerada até hoje uma das vitórias militares mais importantes da história da Inglaterra.

O reinado dela também foi marcado por um significativo investimento no desenvolvimento nas artes e cultura, permitindo, por exemplo, que importantes artistas, como William Shakespeare, pudessem se consolidar na cultura inglesa.

Os últimos anos do reinado de Elizabeth I foram considerados bastante difíceis pelos historiadores, uma vez que o país acumulou problemas na economia por conta dos altos gastos que o país teve nos conflitos contra a Espanha. Os gastos excessivos forçaram a rainha Elizabeth I a aumentar os impostos, o que aumentou o custo de vida, impactando severamente a vida dos pobres. Uma série de colheitas ruins também tornou as coisas mais difíceis, contribuindo para um aumento da pobreza nos últimos anos do reinado de Elizabeth I.

Confira também: Como foi a Era Vitoriana?

Morte de Elizabeth I

Elizabeth I faleceu em 24 de março de 1603, devido ao que se acredita ter sido uma bronquite e uma pneumonia. Ela foi sucedida por Jaime I, que possuía descendência com os Tudor. A ascensão dele ao trono deu início à Dinastia Stuart.

Qual a importância de Elizabeth I?

Elizabeth I é considerada uma das monarcas mais importantes da história da monarquia inglesa. Ela garantiu o fortalecimento da Igreja Anglicana, estabelecendo uma certa tolerância religiosa, mas perseguindo católicos radicais. Economicamente, contribui para a recuperação das finanças inglesas, embora as tenha deixado em situação delicada.

Além disso, contribuiu para fortalecer o comércio inglês, lançando a Inglaterra no comércio marítimo internacional e garantindo, também, o fortalecimento da marinha inglesa.

Não somente isso, como também conseguiu resistir aos ataques espanhóis, a maior potência da Europa no século XVI, e teve firmeza para se sustentar no poder e para se manter solteira e sem filhos pelo resto de sua vida.

Curiosidades sobre Elizabeth I

  • Elizabeth I tinha um grande interesse por poemas. Ela escreveu vários ao longo de sua vida.

  • Os historiadores apontam que, apesar de se apresentar como a Rainha Virgem, Elizabeth I teve vários relacionamentos amorosos secretos em sua vida.

  • Ela tinha uma grande preocupação com sua imagem, chegando a proibir retratos dela não oficiais.

Fontes

CARTWRIGHT, Mark. Elizabeth I of England. Disponível em: https://www.worldhistory.org/Elizabeth_I_of_England/.

ARMSTRONG, Neil. A 'rainha virgem': por que Elizabeth 1ª da Inglaterra nunca quis se casar. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/articles/c307e6dldgro.

VENTURA, Dalia. Elizabeth 1ª e Vitória: a vida das rainhas que marcaram época na história britânica. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/internacional-62955864.

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